segunda-feira, 23 de setembro de 2024

A eleição de Epitácio Pessoa


Há pouco mais de 100 anos acontecia a nona eleição para a escolha do presidente da República do Brasil. Foi em 13 de abril de 1919, e o escolhido foi o paraibano Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa. Foi uma eleição inusitada. Epitácio Pessoa foi escolhido candidato à sua revelia quando abençoado por uma convenção em que não estava presente e foi eleito presidente quando estava fora do Brasil, em Paris, participando de uma reunião de cúpula dos países vencedores da I Guerra Mundial. Não votou em si próprio; não fez campanha nem um comício sequer e só chegou ao Brasil, em julho daquele ano, para tomar posse no cargo para o qual foi eleito. Epitácio, candidato pelo PRM, teve como concorrente o senador baiano Ruy Barbosa, que disputou pelo PRP.

A escolha do paraibano se deu pelo fato de o presidente eleito em 1918, Francisco Rodrigues Alves, haver sido acometido da Gripe Espanhola (pandemia similar à da Covid-19), e morrido antes de tomar posse no cargo. Assumiu, interinamente, o vice-presidente eleito, Delfim Moreira (um maluco) e, os próceres que comandavam a política nacional, sem conseguirem entrar num consenso quanto à escolha de um candidato para concorrer numa nova eleição (tanto São Paulo quanto Minas Gerais desejavam indicar o candidato que deveria ser ungido presidente da República), resolveram, optar por um tertius, recaindo, essa escolha, sobre o senador paraibano, Epitácio Pessoa.

Havida a eleição - o que à época era feito através de cartas marcadas - Epitácio foi eleito quando obteve 70,96% dos votos válidos, contra apenas 29,4% concedidos ao seu adversário, Ruy Barbosa. O paraibano, que governou o Brasil durante o período de 28 de julho de 1919 até 15 de novembro de 1922, em que pese nunca haver almejado ascender ao cargo mais importante da Nação, foi o único brasileiro a presidir os três poderes constitucionais da República. Epitácio foi presidente do STF; presidente do Congresso Nacional e presidente da República. Esse registro histórico se faz necessário para que conheçamos esse fato atípico da política nacional que alçou aos mais altos cargos da República, um paraibano.



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