sexta-feira, 24 de maio de 2019

PÉRFIL DOS PRINCESENSES ILUSTRES




MARIA ALICE MAIA nasceu em Princesa em 07 de junho de 1906, filha primogênita de Antônio de Oliveira Maia (mais conhecido como “Padre Maia”) e de dona Maria Florêncio de Medeiros Maia. Tinha mais uma irmã, chamada Joaquina Maria Maia (mais conhecida por “Quina”). Ambas não contraíram casamento e, por isso, eram alcunhadas de “Moças Velhas”. Alice, desde cedo se dedicou a estudar na forma chamada “autodidata”. Sempre demonstrou ser amante das letras e, por isso, tornou-se, ainda adolescente, professora leiga (não teve instrução formal). Era Alice Maia, membro de ramo familiar importante da então Vila de Princesa. Antes de instalar de forma definitiva sua escola particular – em face da carência de professores formais -, foi designada pelo governo do Estado, aos 19 anos, para lecionar no chamado “Distrito Industrial” de Princesa que se localizava na Vila de Patos de Irerê, pois, ali havia sido instalada uma fábrica de beneficiamento de algodão, outra para a produção de vinhos finos e alguns engenhos que produziam rapaduras e aguardente. A pequena Vila prosperava a olhos vistos, com população crescente e não dispunha de um professor para a alfabetização das crianças, assim sendo, Maria Alice ali funcionou como lecionadora das letras até o final da década de 1920. Retornando a Princesa, voltou a ensinar (principalmente alfabetização) em sua própria residência, dando aulas a alunos filhos de famílias pródigas em recursos financeiros ou reforço àqueles que recebiam educação formal no recém-inaugurado Grupo Escolar “Gama e Melo”. A conhecida e chamada “Escola de Dona Alice” funcionava num salão anexo à sua própria residência localizada na antiga “Rua Nova”, hoje, Rua “Coronel Florentino”, exatamente onde hoje reside a viúva de doutor Cícero Antas Cordeiro. Em sua casa, dona Alice recebia crianças de todas as idades para lhes ensinar as primeiras letras. O método era ainda aquele “cantado”: Bê-a-bá, Bê-e-bé, Bê-i-bi. Bê-o-bó, Bê-u-bú – bá, bé, bí, bó, bú. Nesse mister “Dona Alice” era muito rigorosa, pois, aos alunos desatentos ou relapsos ela dispensava tratamento muitas vezes violento (o que era uma praxe à época) quando lhes aplicava, a título de punição, “bolos” de palmatória, cocorotes, etc. que, no mais das vezes, eram executados por sua irmã Quina que funcionava como bedel da escola. Tudo isso com o conhecimento e a anuência dos pais uma vez que, nessa época, era esse o método adotado. Depois de algum tempo como professora particular dona Alice foi agraciada, pelo governo do Estado, com um contrato de professora leiga para lecionar na Escola Estadual “Bairro do Cruzeiro” (atual escola “Professora Iracema Marques”). Ali ensinou por alguns anos em concomitância com sua escola particular. Aposentada, continuou ensinando em casa o que o fez até completar 80 anos de idade quando se aposentou definitivamente. Faleceu, a velha professora, em 1992, serenamente em sua residência aos 86 anos de idade.
     A saga de dona Alice como professora pioneira de Princesa, reveste-se de importância quando constatamos que muitos dos princesense ilustres que contribuíram para a formação histórica, cultural, científica, etc. de Princesa, passaram pela sua escola e pela sua palmatória, a exemplo de doutor Zezito Sérgio; Paulo Mariano; João Mandú Neto; Antônio Eugênio Besêrra; Osvaldo Marques Lima; dentre outros. A velha mestra, além de sua dedicação à educação, foi também muito religiosa, pois, era membro do “Apostolado da Oração” como zeladora e da “Pia União das Filhas de Maria”. Está, portanto, dona Alice Maia, a merecer esta homenagem que resgata uma memória que, se não registrada logo, estaria relegando uma vida de dedicação ao eterno esquecimento.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO EM 24 DE MAIO DE 2019.

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