segunda-feira, 10 de junho de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES



JOÃO PEREIRA DA LUZ, mais conhecido como “JOÃO PARAIBANO” nasceu no dia 07 de outubro de 1953, no Sítio Pica-Pau, em Princesa. Segundo o escritor e historiador princesense Paulo Mariano: “Cantador e repentista nato, dos melhores na difícil arte do improviso e na estruturação dos versos espontâneos”. Jamais frequentou a escola, porém, foi alfabetizado em casa por uma parenta próxima e, rapidamente aprendeu a ler. Muito inteligente, assimilou o suficiente para construir seus improvisos acompanhados de sua viola que, igual ao nosso artista maior: “Canhoto da Paraíba”, executava também com a mão esquerda. Ao longo do tempo, João  tornou-se um dos principais repentistas do País tendo participado de vários festivais pelo Brasil inteiro. Nessas ocasiões, sempre dizia ser filho de Princesa, levando assim, o nome da nossa Terra a todos os recantos nacionais. Em face de seu reconhecido talento, ficou famoso no resto do Brasil como “João Paraibano” e é, até hoje, considerado um dos maiores cantadores de repentes no braço da viola. Fazia-se gigante quando cantava temas relacionados ao Sertão Nordestino. Era especialista no assunto, mas cantava também versos que abrangiam a cultura popular de todo o País. “Paraibano” foi ganhador de vários festivais de violeiros, com três participações no programa dominical “Fantástico” da Rede Globo de Televisão, chegando a cantar no Palácio do Planalto, em 2010, quando fez, juntamente com o poeta Valdir Teles, uma homenagem de despedida do ex-presidente Lula. Em outras ocasiões, fez várias apresentações com diversos cantadores de viola, como por exemplo: Ivanildo Vilanova; Sebastião Dias; Sebastião da Silva; Severino Feitosa; Valdir Teles; Severino Ferreira; Moacir Laurentino; Geraldo Amâncio; Oliveira de Panelas; Nonato Costa; Geraldo Amâncio; Raimundo Nonato, dentre outros gênios do improviso. “João Paraibano” saiu de Princesa muito jovem e fixou residência na cidade pernambucana de Afogados da Ingazeira onde se casou e constituiu família.
     Certa vez, estava o poeta participando de uma festa quando se excedeu um pouco na bebida e, por conta de ciúmes, brigou com sua esposa, chegando a agredi-la. Detido pela polícia, na Delegacia, aos prantos, declamou de improviso os seguintes versos:
DOUTOR EU SEI QUE ERREI
POR DOIS FATOS: DAMA E PORRE
POR AMOR SE MATA E MORRE
EU NEM MORRI, NEM MATEI
APENAS PREJUDIQUEI
UM AMBIENTE DE CLASSE
DEPOIS DE APANHAR NA FACE
BATI NA FLOR DO MEU RAMO
ME PRENDERAM PORQUE AMO
QUANTO MAIS SE EU ODIASSE.

POETA MESMO OFENDIDO
SABE OFERECER AFETO
FAZ PENA DORMIR NO TETO
DA MORADA DE UM BANDIDO
SE HUMILHA, FAZ PEDIDO
NINGUÉM ESCUTA A VOZ SUA
NÃO VÊ O SOL NEM A LUA
DEIXAR O ESPAÇO ACESO
POR QUE UM POETA PRESO
COM TANTOS LADRÕES NA RUA?

DOUTOR, SEU EU PERDER MEU NOME
NÃO ACHO MAIS QUEM O EMPRESTE
A MINHA MULHER NÃO VESTE
MINHA FILHINHA NÃO COME
E A MINHA FAMA SE SOME
PARA NUNCA MAIS VOLTAR
NÃO QUERENDO LHE COMPRAR
MAS HUMILDEMENTE PEÇO:
SE PUDER, RASGUE O PROCESSO
E DEIXE O POETA CANTAR.

    No ano de 2014, uma fatalidade abateu o nosso poeta maior. Em 08 de agosto, “João Paraibano” foi vítima de um acidente automobilístico (atropelamento) que o fez passar 21 dias na UTI de um hospital na capital pernambucana, vindo a falecer no dia 1º de setembro de 2014 por causa de uma infecção contraída durante o tratamento de um coágulo na cabeça. O poeta que faleceu prestes a completar apenas 62 anos de idade, deixou esposa, três filhos e três netos. Seu corpo foi sepultado em Afogados da Ingazeira/PE.
     Na qualidade de princesense ilustre, João Pereira da Luz recebeu várias homenagens em Princesa, sua terra natal. Tem, inclusive, um conjunto habitacional que leva seu nome, obedecendo a propositura deste que escreve quando era ainda vereador. Com esta simples homenagem, está inscrito, nosso “João Paraibano”, no panteão dos nobres filhos de Princesa.

(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 10 DE JUNHO DE 2019)





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