JOÃO PEREIRA DA LUZ, mais conhecido como “JOÃO
PARAIBANO” nasceu no dia 07 de outubro de 1953, no Sítio Pica-Pau, em Princesa.
Segundo o escritor e historiador princesense Paulo Mariano: “Cantador e repentista nato, dos melhores na
difícil arte do improviso e na estruturação dos versos espontâneos”. Jamais
frequentou a escola, porém, foi alfabetizado em casa por uma parenta próxima e,
rapidamente aprendeu a ler. Muito inteligente, assimilou o suficiente para
construir seus improvisos acompanhados de sua viola que, igual ao nosso artista
maior: “Canhoto da Paraíba”, executava também com a mão esquerda. Ao longo do tempo,
João tornou-se um dos principais repentistas
do País tendo participado de vários festivais pelo Brasil inteiro. Nessas
ocasiões, sempre dizia ser filho de Princesa, levando assim, o nome da nossa
Terra a todos os recantos nacionais. Em face de seu reconhecido talento, ficou
famoso no resto do Brasil como “João Paraibano” e é, até hoje, considerado um
dos maiores cantadores de repentes no braço da viola. Fazia-se gigante quando
cantava temas relacionados ao Sertão Nordestino. Era especialista no assunto,
mas cantava também versos que abrangiam a cultura popular de todo o País.
“Paraibano” foi ganhador de vários festivais de violeiros, com três
participações no programa dominical “Fantástico” da Rede Globo de Televisão,
chegando a cantar no Palácio do Planalto, em 2010, quando fez, juntamente com o
poeta Valdir Teles, uma homenagem de despedida do ex-presidente Lula. Em outras
ocasiões, fez várias apresentações com diversos cantadores de viola, como por
exemplo: Ivanildo Vilanova; Sebastião Dias; Sebastião da Silva; Severino
Feitosa; Valdir Teles; Severino Ferreira; Moacir Laurentino; Geraldo Amâncio;
Oliveira de Panelas; Nonato Costa; Geraldo Amâncio; Raimundo Nonato, dentre
outros gênios do improviso. “João Paraibano” saiu de Princesa muito jovem e
fixou residência na cidade pernambucana de Afogados da Ingazeira onde se casou
e constituiu família.
Certa vez, estava
o poeta participando de uma festa quando se excedeu um pouco na bebida e, por
conta de ciúmes, brigou com sua esposa, chegando a agredi-la. Detido pela
polícia, na Delegacia, aos prantos, declamou de improviso os seguintes versos:
DOUTOR EU
SEI QUE ERREI
POR DOIS
FATOS: DAMA E PORRE
POR AMOR SE
MATA E MORRE
EU NEM
MORRI, NEM MATEI
APENAS
PREJUDIQUEI
UM AMBIENTE
DE CLASSE
DEPOIS DE
APANHAR NA FACE
BATI NA FLOR
DO MEU RAMO
ME PRENDERAM
PORQUE AMO
QUANTO MAIS
SE EU ODIASSE.
POETA MESMO
OFENDIDO
SABE
OFERECER AFETO
FAZ PENA
DORMIR NO TETO
DA MORADA DE
UM BANDIDO
SE HUMILHA,
FAZ PEDIDO
NINGUÉM
ESCUTA A VOZ SUA
NÃO VÊ O SOL
NEM A LUA
DEIXAR O
ESPAÇO ACESO
POR QUE UM
POETA PRESO
COM TANTOS
LADRÕES NA RUA?
DOUTOR, SEU
EU PERDER MEU NOME
NÃO ACHO
MAIS QUEM O EMPRESTE
A MINHA
MULHER NÃO VESTE
MINHA
FILHINHA NÃO COME
E A MINHA
FAMA SE SOME
PARA NUNCA
MAIS VOLTAR
NÃO QUERENDO
LHE COMPRAR
MAS
HUMILDEMENTE PEÇO:
SE PUDER, RASGUE
O PROCESSO
E DEIXE O
POETA CANTAR.
No ano de 2014, uma fatalidade abateu o nosso
poeta maior. Em 08 de agosto, “João Paraibano” foi vítima de um acidente automobilístico
(atropelamento) que o fez passar 21 dias na UTI de um hospital na capital
pernambucana, vindo a falecer no dia 1º de setembro de 2014 por causa de uma
infecção contraída durante o tratamento de um coágulo na cabeça. O poeta que
faleceu prestes a completar apenas 62 anos de idade, deixou esposa, três filhos
e três netos. Seu corpo foi sepultado em Afogados da Ingazeira/PE.
Na qualidade de princesense ilustre, João
Pereira da Luz recebeu várias homenagens em Princesa, sua terra natal. Tem,
inclusive, um conjunto habitacional que leva seu nome, obedecendo a propositura
deste que escreve quando era ainda vereador. Com esta simples homenagem, está
inscrito, nosso “João Paraibano”, no panteão dos nobres filhos de Princesa.
(ESCRITO POR
DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 10 DE JUNHO DE 2019)
Homenagem linda! Parabéns Dominguinhos!
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