ODE

domingo, 28 de fevereiro de 2021

FAZ TEMPO QUE NÃO TE VEJO




Faz tempo que eu toquei em tua pele

Que encostei no teu corpo tão cheiroso

Sentindo esse perfume tão gostoso

Que inflamado teu lindo corpo expele.


Sua ausência faz meu peito um deserto

Sinto falta do toque em sua mão

De sentir bater forte o coração

Quando eu de você chegava perto.


Não tem hora que eu não pense em você

De manhã o seu cheiro vem me vê

Tão forte que parece está presente,


Pela noite a saudade me recosta

E meu peito te faz uma proposta:

Se você quer ser minha eternamente?


Rena Bezerra

28/02/21

sábado, 27 de fevereiro de 2021

EDITAL SAI EM BREVE Governador anuncia concurso público para preencher 1,4 mil vagas na Polícia Civil

 


O efetivo da Polícia Civil da Paraíba deve receber um reforço nos próximos. O governador João Azevedo anunciou, nesta sexta (dia 26), a realização de concurso público para 1.400 vagas.

Segundo Azevedo, “o concurso visa suprir as necessidades dos cargos de carreira da Polícia Civil, considerando um cenário com previsão de 785 servidores aptos à aposentadoria”.

As 1.400 vagas serão distribuídas da seguinte forma:  Delegado (120 vagas), Escrivão (520), Perito Médico (50), Técnico em Perícia (73), Necrotomista (70), Agente de Investigação (414), Perito Criminal (77), Perito Químico (45) e Papiloscopista (31).

O concurso envolve várias fases e o tempo para a sua realização pode chegar até um ano e meio para a conclusão do processo, incluindo o curso de formação, que dura seis meses.

A comissão organizadora do concurso está sendo formada e o edital com os detalhes será divulgado em breve no Diário Oficial do Estado, assegurou o governador.

Credito:https://www.heldermoura.com.br

SABÁTICAS 75

 


. A boquirrotice do deputado bolsonarista, Daniel Silveira, serviu para alguma coisa. Agora, a Câmara Federal vota, em regime de urgência urgentíssima, uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional, estabelecendo a plena e absoluta imunidade parlamentar de seus membros.

. A competência logística do general Pazuello desnudou-se completamente, nesta semana que se finda. Confundindo as siglas dos Estados da Federação - Amazonas e Amapá (AM e AP, respectivamente) -, o Ministério da Saúde enviou o lote de vacinas (78.000 doses) do Amazonas, para o Amapá e, as doses (2.800), do Amapá, para o Amazonas. É mesmo uma zona!

. O presidente Bolsonaro, quando entrevistado, se alguém triscar nas falcatruas dos filhos, o chefe da Nação dá por encerrada a entrevista. Ou seja, o lixo tem de ir para debaixo do tapete.

. Enquanto Bolsonaro encerra, abruptamente, as entrevistas (para ele) inconvenientes, o general Pazuello, já diz de início, que não responderá pergunta alguma. É um samba de uma nota só.

. Esse procedimento do General/Ministro da Saúde é resultado de uma orientação prévia, dada a sua incompetência para tratar de assuntos inerentes à pasta que comanda (?). Nesse governo, ninguém pode falar muito, senão, complica.

. Enquanto isso... Aqui em Princesa, em que pese haver sido inaugurado um anexo hospitalar com vários novos leitos, para atendimento aos pacientes da Covid-19, os acometidos dessa doença, estão indo morrer em Piancó, Patos...

. O STF – Supremo Tribunal Federal, autorizou às prefeituras a comprar vacinas contra a Covid-19. Com tanto dinheiro que já veio para Princesa, na rubrica de combate à Pandemia do Coronavírus, seria de bom alvitre que Nascimento comprasse algumas vacinas para estancar tantos óbitos. Já são 24 mortos em Princesa.

. Falar nisso, um lote de 1000 vacinas é bem mais barato do que um “cocadão” dos que o prefeito compra quase todos os meses.

. Enquanto a Rádio (chapa branca) Princesa, brada, o dia todo, propagandas ufanistas da administração de Nascimento, nada diz sobre a promessa mentirosa do prefeito, de que chamaria os concursados no início do mês de janeiro passado. Com a palavra, Zé Potoca.

. Pobres servidores municipais, contratados e comissionados. Chegou-me notícia - da boca de um desses sofredores que não quer nem pode se identificar, por medo de perseguições -, que, além de não estarem recebendo salários referentes aos meses de janeiro e fevereiro, não sabem se continuarão no quadro de servidores públicos a partir de março.

DSMR, em 27 de fevereiro de 2021.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 


Esse título do Flamengo

Que estão a comemorar,

Para que se fosse justo

E ninguém mais reclamar,

Tinha que ser dividido

A metade com o VAR.

Rena Bezerra



E pra que não fique dúvida

Eu vou dizer bem assim,

No Brasileirão que ontem 

Sem brilho chegou ao fim,

E até mudou de tom,

Mas não foi flamengo que foi bom

Foi o Inter que foi ruim.

Rena Bezerra


O IMPÉRIO DO CELULAR


 


Em tempos de um passado recente, tudo era muito diferente. Crianças brincavam, jovens namoravam, adultos conversavam sobre temas diversos, velhos mentiam, velhas faziam crochê... Hoje, com o advento do famigerado aparelho celular, tudo mudou completamente num ajustamento único. Agora, tá todo mundo com a “tabinha” luminosa às mãos, sem olhar para nem dar atenção a ninguém, numa confabulação egoísta e silenciosa que só separa as pessoas. Antigamente, os meninos brincavam do “preso”, do “lema”, etc. As meninas brincavam de roda, de “passarás”... Os jovens, namoravam de mãos dadas, beijavam na boca atrás da Igreja,dançavam nos “assustados”, frequentavam a Biblioteca da Praça “Zé Nominando”, dentre outras interatividades. Os adultos sentavam-se nas calçadas para conversar sobre tudo – principalmente sobre a vida alheia -,escutavam o rádio, viam televisão... Hoje, não. Todo mundo sucumbiu àquele troço resplandecente que nos dá informação de tudo. Até as velhas corocas aparecem na televisão, dizendo que já sabem usar o aplicativo do Itaú. Crianças de pouco mais de cinco anos de idade já dominam o celular e dele são escravas. O que vemos, aonde vamos, são pessoas caladas, de cabeças baixas, ignorando seu entorno, consumidas em atenção exclusiva a esse mundo digital. Será o fim da interatividade? Teremos também, em breve, o amor virtual?

DSMR, em 26 de fevereiro de 2021.

FRASES FAMOSAS

 



“Para vós, mulheres que usam calças compridas, está reservado um lugar bem fundo no inferno!”

Frei Damião

 

“Um beijo dado no rosto da namorada, como um beijo dado numa parente, não tem nada demais, estão ouvindo? Agora, um beijo na boca, um beijo de língua, isso não! É pecado mortal!”

Frei Damião

 

“O inferno existe. Lá, só há sofrimento. Lá, o calor é bilhões de vezes pior do que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar os corpos dos adúlteros, das prostitutas, dos efeminados, dos criminosos. Lá, é o lugar onde vive o demônio”.

Frei Damião

 

Estas frases foram proferidas por Frei Damião de Bozzano, em sermões realizados durante suas missões acontecidas em Princesa, nos idos da década de 1970.

FLAMENGO BICAMPEÃO: TÍTULO INSSOSSO

 



No futebol há razões que a razão desconhece. Por exemplo: ganhar quando se perde. Foi o que aconteceu, ontem, com o Clube de Regatas do Flamengo, quando se sagrou bicampeão brasileiro, após uma derrota – aliás, costumeira -, frente ao São Paulo Futebol Clube. Com uma pitada de sorte, haja vista à inesperada derrota do Internacional para o Corinthians, o Flamengo, que claudicou durante quase todo o certame, conseguiu a taça da forma mais inusitada, com uma derrota na final do campeonato. O time carioca, que foi maneiríssimo nas disputas que o levaram à condição de campeão antecipado em 2019, agora, em 2020, só não foi mais pesado do que as sete arroubas do insosso técnico, Rogério Seni, que os jogadores – extenuados após a derrota para o São Paulo -, tiveram de jogar pra cima no final do jogo. O Inter, apesar do esforço e, incompetente para fazer mais gols do que os que foram anulados, foi punido pelo azar; o São Paulo caiu de pé e, o Flamengo, em sua infinita sorte, é o dono do troféu. Afinal, no futebol, prevalece a regra.

DSMR, em 26 de fevereiro de 2021.

 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

PERDERAM AS CHAVES DO INFERNO





Na França...Sim. Aquela mesma França que foi extremamente covarde diante dos  nazistas e brutalmente desumana em todas as suas colônias, com particular destaque para a Argélia, onde a França, sob o comando do general Jacques Massu criou "uma das maravilhas do Século XX: a tortura moderna". Como ninguém é santo o tempo todo, os argelinos foram paulatinamente sendo convidados para a honrosa e humanística missão de cobaias daquele nova experiência. Afinal de contas refiro-me a um povo que tem orgulho de sua decantada Revolução Francesa, momento de terror histórico que, de tanto se repetir no decurso do tempo, acabou se transformando em um verdadeiro espetáculo circense, “com uma média de cento e duas pessoas sendo decapitadas no centro de Paris...” especialmente e por ironia semântica na Praça da Concórdia. Depois do banho de sangue jorrar pelas ruas de Paris, eis que os franceses fizeram exatamente aquilo que sempre os notabilizou: a bagunça política e a mais absoluta ausência de régua e prumo morais para restabelecer uma sociedade minimamente estável. Não encontrando horizontes, a tal revolução da liberdade, igualdade e  fraternidade convoca um ditador militar, Napoleão Bonaparte, exatamente para barbarizar a Europa e humilhar todas as monarquias daquele continente. E há algo igualmente grave na Revolução Francesa: ela ter servido de modelo para vários outros levantes, que acabaram na deposição de muitos governos. A Revolução Russa de 1917 é um exemplo pronto e acabado disso. Pois bem,  se por um lado os franceses se orgulham de sua revolução sangrenta, que não resolveu absolutamente nada, nos momentos em que deveriam ter reagido contra as forças nazistas eles não só foram incapazes de defender a sua casa, como praticaram o crime abjeto de traição à pátria, chamado eufemisticamente de colaboracionismo. E são esses indivíduos que posam diante do mundo como verdadeiros vestais da moralidade,  e que ainda se acham os únicos professores de uma honra histórica que a própria história desmente. Quando eclodiu a Revolução Francesa, num burburinho de desigualdades sociais nunca visto, ocorreu a guerra de todos contra todos. E foi naquele preciso momento que foram abertas as portas do inferno para, posteriormente, ter-se como morto o porteiro e perdidas as chaves. E aqui  no Brasil a nossa bagunça institucional, nascida e alimentada pela apropriação do Estado em favor de grupos bem definidos, a cada dia avança contra a sobra do pacto social que  ainda nos resta, a sufocar as nossas liberdades individuais mais primitivas e sacrossantas.  Com esse engodo discursivo de pandemia, os aprendizes de ditador eclodiram da casca do ovo e passaram a atacar o povo, desavergondamente, sem o mínimo de pudor. A polícia, proibida de combater o crime organizado, agora serve de instrumento de fanfarronice para os governadores e prefeitos com contas a prestar aos titulares do voto. É o país do inverso e das inversões dos mínimos valores morais, onde todo malandro de arrabalde  é um seríssimo candidato a ditador, quanto menor for seu intelecto e condição moral. Eis no que nos transformamos! Pelo menos que nos reste a última e definitiva réstia de inteligência, para lembrar a história de um povo que, definitivamente, não serve de exemplo de honra bélica e de lembrança ética: o povo francês. A bagunça institucional jamais foi ilimitada em qualquer local da Terra. Que o falso heroísmo dos franceses não nos sirva de exemplo. Não poderemos dizer, como eles: "Perderam as chaves do inferno." E quando perdidas não há mais como fazer voltar os demônios que de lá saírem.


Wellington Marques Lima

RESGATANDO VALORES DA TERRA

 



Mais um trabalho em versos, da lavra do poeta manairense, Manoel Galdino Pereira Tavares, radicado em Princesa desde 1984. O soneto que reproduziremos abaixo foi escrito em maio de 1975, quando o autor contava apenas 16 anos de idade.

ÉRAMOS DOIS...

Éramos nós dois, dois inocentes

E o amor já vibrava em nosso peito

Num ritmo acelerado e tão perfeito

Nos corações de dois adolescentes

 

Sem muitas virtudes ou qualquer defeito

Se inebriavam de sonhos sim, as nossas mentes

Em pensamentos tolos e irreverentes

No afã da anagogia do meu leito

 

Algo que me cobria de uma franqueza austera

De um paradoxo de nossos desenganos

Do que apenas tu “foste” e o que eu “era”

 

Já que o destino frustrou os nossos planos

E eu, iconoclasta dessa minha quimera

Inda te quero, nem que espere anos!

 

MANOEL GALDINO PEREIRA TAVARES

OS DOIDOS DE PRINCESA

 



Aqueles da minha faixa etária (63 anos), ou superior, hão de lembrar da plêiade de loucos que povoavam as ruas de Princesa. Tinha doido de toda “versidade”. Estranhamente, num piscar de olhos do tempo, sem motivo que o explique, esses malucos desapareceram completamente e de repente. Eram muitos, e com comportamentos diversos: pacíficos, violentos, preguiçosos, perigosos, chorões, divertidos, enfim, tinha doido para todos os gostos. “Maria Bate-birro”, andava pelas ruas catando tudo que fosse imprestável e cozinhava sua própria comida num fogo alimentado por pneus velhos; “Ana Pé-de-Banha”, uma moça-velha que detestava esse apelido e esculhambava a quem assim a chamasse, com palavrões cabeludos; “Zé Marcelino”, a quem chamávamos “Cágado Jabuti” e recebíamos como resposta pedradas e carreiras; “Chico Raposa”, surdo-mudo, vivia a varrer as ruas e a dançar, sem música, tapando as narinas com os dedos; “Rasga-Mortalha”, uma velha magérrima que esculhambava a quem assim a chamasse; “Mané Pitita”, filósofo: “Quem tem mãe tem tudo, quem não tem mãe, não tem nada”, dormia, no cemitério, acondicionado nos caixões de defunto destinados aos indigentes; “Cocó”, podre de preguiça, vivia a pedir esmolas alegando que sofria de “preguiça recolhida”;” Zé Miranda”, violento, que chegou a desacatar até o Juiz de Direito; “Zé Grosso”, epiléptico, que, nas convulsões, corria atrás dos meninos pelas ruas da cidade; “João Cuscuz”, vivia em desabalada correria pelas Rua Grande e Rua Nova; “Maria Catabi”, com seus grandes peitos, caía com frequência e chorava com facilidade; “Burra-cega”, de mãos dadas com outra doida – sua namorada -, que tinha sempre uma boneca velha nos braços, atirava pedras em quem assim o chamasse. Eram muitos, tantos, que farei dessa rememoração, uma série que publicarei ao longo do tempo. Rogo aqui, aos que vivenciaram esses tempos, que contribuam com mais informações sobre esse segmento folclórico e cultural da nossa amada Princesa. Na verdade, esses loucos, que desapareceram misteriosamente, não faziam mal a ninguém. Pelo contrário, divertiam e nos ensinavam a entendera efemeridade e a essência da vida.

DSMR, em 25 de fevereiro de 2021.

PENSAMENTOS DO DIA

 



 

“Precisamos aprender a ouvir os obscuros sussurros dos instintos para evitar que os claros gritos da inteligência nos conduzam ao negro caminho da barbárie”

Hi-Chang-Tzu

 

“Quem decide praticar o mal sempre encontra um pretexto”.

Publílio

 Siro

 

“A medida do caráter de um homem está no que ele faria se tivesse a certeza de não ser descoberto”.

Thomas Babington

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

LER PARA CONHECER A NOSSA HISTÓRIA

 




 “A HISTÓRIA COMO EU CONTO”

RAMALHO LEITE

Esse trabalho, escrito pelo jornalista e político paraibano, Ramalho Leite, intitulado “A história como eu conto”, foi editado e lançado em 2017, pela Editora A UNIÃO/Forma, contém 222 páginas e relata vários fatos inerentes à história da Paraíba. Em 10 das partes escritas, há referências a Princesa, que vale a pena rememorar, para conhecimento das várias interpretações que foram dadas aos ocorridos em 1930. Ramalho Leite não foi testemunha ocular, porém, na qualidade de jornalista, ateve-se aos fatos com muita competência em garimpá-los nas folhas dos jornais da época, tanto da Paraíba, quanto do Recife, Rio de Janeiro, etc.

Nas páginas 92 e 93, o autor faz uma referência aos “jovens turcos”, segmento político paraibano do início do século passado que, inspirados na Revolução Turca que derrubou o Império Otomano e instaurou a República naquele país, sob a batuta do líder Mustafa Kemal Atatürk, se fizeram assim chamar pelas inovações que defendiam à época. Os “jovens turcos”, aliados do ex-presidente Epitácio Pessoa, “(...) eram adeptos da pregação epitacista que buscava o desenvolvimento do estado, via integração do nosso interior produtivo com o mercado litorâneo”. Em que pese ser um movimento reformista, logo essa facção foi recheada também pelos coronéis do sertão, inclusive por José Pereira Lima, de Princesa. Isso corrobora o reconhecimento de que, Zé Pereira, mesmo sendo um coronel de patente comprada, era um homem com intelecto suficiente para fazer parte de um grupo político de vanguarda.

Outro fato interessante que, mesmo em face das várias leituras que já fiz sobre o episódio, eu não conhecia, o que faz parte da história que envolve o episódio da Guerra de Princesa, conta do livro ora resenhado. Nas páginas 110 e 111, Leite escreve que a escolha do presidente da Paraíba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, para figurar na chapa encabeçada por Getúlio Vargas, como candidato a vice-presidente, nas eleições de 1º de março de 1930, não foi nada que o possa engrandecer. Ao contrário, depois da recusa de três convidados, os aliancistas recorreram a Epitácio Pessoa, e este submeteu o sobrinho a aceitar a incumbência político-eleitoral. Primeiro, foi convidado o senador pelo Distrito Federal, Paulo de Frontin, que recusou alegando que estava aderindo à chapa oficial representada por Júlio Prestes e Vital Soares. Depois, a cúpula aliancista consultou o deputado baiano, Simões Filho, que também aderiu à chapa do Catete. Os emissários de Getúlio Vargas, antes de João Pessoa, procuraram ainda o governador de Pernambuco, Estácio Coimbra, que também se negou em aceitar. Restou apenas o presidente da Paraíba, que, a 29 de julho de 1929, recebeu o seguinte telegrama do tio, Epitácio Pessoa: “Rio – 29 de julho – Comunico autorizei presidente Antônio Carlos convidá-lo figurar chapa como vice-presidente. Isto significa que aceitarás”. Da imposição do tio eu já sabia, porém, sobre o processo da escolha, tomei conhecimento nessa obra de Ramalho Leite.

Nas páginas122, 123, 124, 126, 127 e 128, no capítulo intitulado “Como foi vista lá fora: a ‘Guerra de Princesa’”, Ramalho Leite traz à luz comentários sobre a insurreição princesense, quanto ao conflito de informações travado pelos jornais da Paraíba e de Pernambuco, e sobre o que repercutia no Rio de Janeiro e no mundo. Enquanto o comandante do Estado Maior das Forças da Polícia Paraibana, em Piancó, José Américo de Almeida, para agradar ao presidente João Pessoa, maquilava informações, dando conta de vitórias mentirosas, no campo de luta, e que seriam divulgadas pelo Jornal oficial A UNIÃO e, muitas vezes reproduzidas pelos jornais da Capital Federal, o Jornal do Commercio do Recife, veiculava notícias favoráveis ao coronel JoséPereira. De José Américo, o presidente João Pessoa recebeu o seguinte rádio:

“Piancó – 4 – Os cangaceiros foram surpreendidos na fazenda do Oriente, situada no município de Pombal, pela coluna dos tenentes Manoel Benício e Marques Filho, debandando nos primeiros tiros dos atacantes. Os bandidos recuaram, continuando as forças ao encalço dos que fugiam. Essas correrias visam especialmente o roubo, como aconteceu com a fazenda do coronel João Alves, neste Município, que foi despojado de seus bens, no valor de cerca de 80:000$000.

Essa notícia, veiculada pelo jornal A UNIÃO, foi reproduzida peloDiário de Notícias, do Rio de Janeiro, em 08 de julho de 1930. No entanto, segundo Ramalho Leite: “As informações ufanistas do graduado auxiliar de João Pessoa [Zé Américo] eram. Contudo, contestadas por outros informantes que conseguiam chegar às páginas do ‘Diário’, através de correspondentes do Recife:”

“’José Pereira Amplia seu Raio de Ação’, era a notícia. ‘Recife – 7 – Noticiam de Princeza que a gente de José Pereira amplia seu raio de ação por outros municípios entre os quais o de Piancó, Pombal, Patos, Souza, Conceição, Misericórdia, São José de Piranhas, São João do Rio do Peixe, Cajazeiras e Teixeira, onde a população se mostra preocupada com o rumo dos acontecimentos”.

Segundo o autor: “Cada facção fazia divulgar sua própria versão”.Tudo o que acontecia em Princesa, repercutia no Rio de Janeiro. Ambos os lados enviavam notícias que lhes eram favoráveis para que jornais da Capital Federal veiculassem. Os de João Pessoa davam conta de que o presidente paraibano estava entrando com ação no STF – Supremo Tribunal Federal para que tivesse autorização para importar armas e munições. Enquanto isso, José Pereira encaminhava, aos jornais, telegrama do advogado, João Duarte Dantas, emitido do Recife, com o seguinte teor:

“Recife, 9, (especial para ‘A Noite’): O deputado José Pereira recebeu o seguinte telegrama, procedente da Parahyba: ‘Nosso amigo Heitor Santiago acaba de informar estar inteirado de fonte oficial, que Princeza será bombardeada, de hoje até sábado, por um avião que se encontra em Teixeira, e que empregará gazes asphyxiantes fabricados num laboratório allemão de Rio Tinto... Confio na altivez dos princesenses, que manterão, serenos, sua defesa heróica. Abraços (a) João Dantas’”.

Como vemos, João Dantas, exilado no Recife e, mesmo assim engajado na luta, que estivera em Princeza, por uma semana, durante o conflito, e cuidava em prestar informações importantes ao coronel José Pereira.

No livro, Ramalho Leite discorre também sobre a repercussão do assassinato de João Pessoa, dando conta de que a tragédia foi mesmo o estopim da Revolução de 1930, corroborando também a influência da Guerra de Princesa para os acontecimentos que provocaram a queda da chamada República Velha. É, portanto, esse livro, de lançamento recente, importante para o conhecimento da nossa história.

Severino Ramalho Leite nasceu em Bananeiras/PB, em 06 de outubro de 1943, filho de Arlindo Rodrigues Ramalho e de dona Maria Eurídice Leite Ramalho, casou-se com dona Eleonora Aragão Ramalho. Jornalista e advogado, formado em 1967 pela Faculdade Direito da Universidade Federal da Paraíba, ingressou na política em 1965 quando elegeu-se vereador do município de Borborema. Em 1970 foi nomeado promotor de justiça em João Pessoa. Em novembro de 1974 elegeu-se deputado estadual pela ARENA, reelegeu-se em 1978. Eleito suplente de deputado federal em 1990, assumiu uma cadeira na Câmara Federal em 1992.  Deixando a política, dedicou-se às letras e lançou vários livros. Hoje, aos 77 anos de idade, reside em João Pessoa/PB.

DSMR, em 24 de fevereiro de 2021.

FRASES FAMOSAS

 



 

”Toda mulher bonita é um pouco a namorada lésbica de si mesma”

Nélson Rodrigues

 

“Toda mulher gosta de apanhar. O homem é que não gosta de bater”

Nélson Rodrigues

 

“As feministas querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado”

Nélson Rodrigues

O AVANÇO IMPLACÁVEL DA DOENÇA

 





Não se trata mais de segunda ou terceira ondas. Agora, a Covid-19 avança sem pena e ataca também os jovens e os que não são portadores de comorbidades. A Paraíba, dentre seus 223 municípios, tem 138 em bandeira laranja e seis em bandeira vermelha. A título de prevenção, o Governo do Estado decretou toque de recolher e, num quase fechamento total, aguarda resultados positivos sobre o contágio para que não seja necessário um lockdown. A Paraíba está em alerta total e Princesa está inserida nisso. O nosso município está também em bandeira laranja.Urge, portanto, que as autoridades municipais - que até agora nada fizeram quanto ao enfrentamento da doença -, tomem alguma providência. Ontem, o STF – Supremo Tribunal Federal autorizou aos Estados e Municípios a compra de vacinas contra a Covid-19. Seria de bom alvitre que o senhor prefeito Ricardo Pereira do Nascimento, tão ávido quanto à compra de carrões, dispendesse algum dinheiro para a aquisição do imunizante salvador.

DSMR, em 24 de fevereiro de 2021.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A SENTENÇA DO ESPELHO

 


Viver no Brasil é uma verdadeira corrida de obstáculos, com vários crocodilos na pista prontos a abocanhar os atletas concorrentes. E aqui a maioria dos membros do Poder Legislativo federal, se em algum dia teve notícia de uma palavra chamada vergonha (correspondente a decantada ética dos gregos), em Brasília a vergonha foi perdida.  Em cada dia que aquela turma se reúne, para fazer o que quer que seja, mais e mais o lençol que acoberta o cinismo, em seu estado puro, vai aumentando feito cobertura de circo de rico. Volto ao tema da entrega do deputado Daniel Silveira, para deleite dos que habitam o STF e completa desmoralização do Poder Legislativo. Nesse ponto específico os fatos colocaram um março divisor na história universal do cinismo, e um estigma na cabeça de cada um dos deputados que atiraram contra as vidraças da própria instituição. Nada será esquecido, para o bem e para o mal! Aquele ato de entrega, repleto da mais abjeta torpeza, destrói muito mais os seus atores cúmplices do que a vítima. Trata-se da flecha, atirada pelo arqueiro, que mata muito mais   o atirador do que a sua pretensa caça. E eu fico a imaginar a parte mais íntima desses seres amorais  desprovidos do mínimo de essência. Eles são tão somente casca. Embrulho social que se presta às conveniências momentâneas, sem qualquer vinculação com qualquer espécie de valor moral. Os malandros profissionais vendem a própria mãe, porém jamais a entregam. Besta quem a comprou! Em Brasília, os malandros do Legislativo vendem a coitada da velha e a entregam numa bandeja reluzente, tal qual fizeram com Daniel Silveira. Aquela sordidez histórica nós faz lembrar o fato de os vampiros não se enxergarem no espelho. É que a imagem deles não é refletida porque mesmo sendo providos do dom da eternidade são desprovidos de alma. Os deputados federais, que votaram contra Daniel, também evitam o espelho, e não é porque sejam eternos como os vampiros, mas, porque temem ver o vazio humano e moral  que trazem dentro de si. São bolhas de sabão dispersas no ar. Em breve sumirão deixando somente a lembrança da mais profunda e indizível vergonha. Eles evitam a sentença do espelho. 

 Wellington Marques Lima

CURIOSIDADES

 



CELIBATO

Celibato é o termo técnico para designar a antiquíssima instituição eclesiástica da castidade sacerdotal. É um instituto disciplinar, não dogmático. O Cânon 132 § 1º, diz que os clérigos de Ordens Maiores (subdiaconato, diaconato e presbiterato), nuptiis arcentur, isto é, são proibidos de contrair núpcias. É portanto, uma Lei disciplinar do Direito Canônico. Alguns papas, a exemplo de Zeferino e Calisto I, deram excepcional permissão para que alguns frades das ordens menores contraíssem matrimônio. Interessante é notar que os padres católicos do Oriente, podem casar-se. Em fins do século XVI, o velho cardeal Dom Henrique era o último herdeiro do rei português D. João III. Para que o trono de Portugal não ficasse acéfalo, o papa concedeu para que o cardeal contraísse núpcias para gerar um herdeiro. O velho recusou-se a casar-se e o trono português passou a ser ocupado por Felipe II da Espanha. Em vista de não ser, o celibato, uma instituição dogmática, não é impossível que, com o correr dos tempos, a Santa Sé venha a derrogar essa prescrição canônica. Há quem diga que o celibato é uma instituição necessária, na Igreja Católica, para preservar seu rico patrimônio material do interesse de eventuais e inconvenientes herdeiros.

DSMR, em 23 de fevereiro de 2021.

“O PREÇO DA LIBERDADE É A ETERNA VIGILÂNCIA”

 



A frase que intitula esta matéria é do Brigadeiro Eduardo Gomes, candidato inglório em duas eleições consecutivas para a presidência da República e combatente ferrenho da ditadura do Estado Novo. Lembro isso agora, diante dos constantes movimentos promovidos pelo chamado bolsonarismo, contra a instituições democráticas do Brasil. Para se ter uma ideia, dos oito deputados que estão pendurados, no Conselho de Ética da Câmara Federal, a espera de julgamento, sete, são acusados de conspirar contra a Constituição Federal, quando participaram de movimentos públicos, ou pelas Redes Sociais, em que defenderam o fechamento do Congresso Nacional e do STF – Supremo Tribunal Federal, sem falar nas ameaças contra a integridade física de algumas autoridades componentes desses poderes, sempre com a participação ou com o aval do presidente Jair Bolsonaro. Diante dessa esdrúxula e perigosa situação, faz-se atual a frase do Brigadeiro Eduardo Gomes, o que nos põe em alerta contra esses movimentos golpistas.

A praxe do golpe

Em que pese termos, no país, uma democracia já mais ou menos consolidada - são 35 anos de pleno Estado Democrático de Direito -, o que vemos, depois da instalação da extrema direita no poder, nos assusta, uma vez que as conspirações, quando vêm ou são abençoadas pelos detentores do poder, se fazem muito mais graves, sem falar na vocação golpista que tem sido uma praxe no Brasil. A ruptura com Portugal, que culminou com a Independência, não foi outra coisa senão um golpe; a derrubada de Dom Pedro I e a Maioridade de Dom Pedro II foi também uma ação golpista; a proclamação da República, idem; a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca e a assunção do vice-presidente, Floriano Peixoto foi um golpe; o fim da República Velha, com a eclosão da Revolução de 1930 - o que teve a efetiva participação de Princesa -, foi um golpe; a instalação do Estado Novo, em 1937, nada mais foi do que um golpe para impedir as eleições marcadas para 1938, quando, certamente, seria eleito o paraibano, José Américo de Almeida; a ditadura militar que derrubou João Goulart foi o golpe mais violento; por fim, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, defenestrada do poder para proibir que o PT continuasse roubando, mesmo assim, foi também um golpe. Agora, é a vez da extrema direita querendo se perpetuar no poder. Diante desse histórico nada abonador à liberdade, rememorar o alerta do Brigadeiro, faz-se atualíssimo e necessário nesse momento crucial de ameaças à nossa democracia.

DSMR, em 23 de fevereiro de 2021.

PENSAMENTOS DO DIA

 



 

“Se a glória só chega depois da morte, não tenho pressa”.

Marcus Valerius Martialis

 

“Se os homens soubessem até que ponto seus governantes são egoístas e insensíveis, nenhum governo duraria um ano”.

Theodore Parker

 

“Governar sem oposição é uma tranquilidade para os honestos. Para os corruptos, porém, o silêncio do contraditório é fatal”.

V. Bamsf

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Carta aberta do doutor Wellington Lima ao deputado Pedro Cunha Lima

 


Caro deputado Pedro Cunha Lima. Ontem, 19 de fevereiro de 2021, o Poder Legislativo deste país celebrou o dia da vergonha cívica, com o agachamento, ignóbil e vil, de suas prerrogativas constitucionais e o sacrifício de um de seus componentes para satisfação dos membros que fazem o STF. A história da ignomínia política brasileira tem seu macabro início com o golpe que fora arquitetado, em 1898, contra o mais ilustre e culto de todos os políticos desta terra. Refiro-me a Dom Pedro II. Golpeado pela canalha que pretendia manter os privilégios da escravatura e do domínio feudal sobre as terras brasileiras, Dom Pedro II foi posteriormente desterrado, e com ele foram as esperanças de um país que crescia em termos recordes, enquanto que aqui ficavam plantadas as sementes  de uma república que, à época, dizia-se ser o Éden da nova convivência social, que brotaria no então jovem pais das Américas, abençoado por Deus. Daquele fatídico dia do golpe dos positivistas, até o presente momento, este país viveu e vive sob o signo da incerteza, da desesperança e do fatiamento do Estado em favor dos donos do poder constituído. Multidões de trabalhadores saem todos os dias de suas casas, quando as possuem, para trabalhar, pagar os impostos mais caros e mais nocivos da Terra, e sequer terão a certeza de que voltarão vivos para o convívio com os seus familiares. Enquanto isso o Poder, que deveria representar o povo, não tem sequer a mínima dignidade de dizer que a Constituição Federal proíbe que um de seus membros possa ser entregue em sacrifício, quando o ordenamento jurídico interno clama aos homens e aos céus de maneira contrária. Vossa Excelência e o seu colega Wilson Santiago são exceções no espetáculo dantesco que infelizmente tive o desprazer de assistir no dia de ontem, e que fora "patrocinado" pelo Poder que deveria defender o povo e as suas liberdades intangíveis. A atitude de ambos honrou a Paraíba, o direito, as instituições jurídicas e o povo que ainda tem dignidade. Os que se comportaram, de maneira oposta, merecem o devido julgamento que somente a história poderá fazer com aqueles que desrespeitam todos os valores que deveriam ser o próprio fundamento da existência de cada um deles. Não há homens eternos. Nada é eterno na cosmovisão do universo, porque pelo princípio da entropia aquilo que teve início, um dia terá fim. A única coisa que beira a eternidade é a lembrança da virtude e de seu oposto. E no dia de ontem pude  divisar, com maior nitidez de detalhes, o abismo incomensurável que separa os homens de princípio com aqueles que absolutamente nada têm a acrescentar à humanidade. Receba as minhas fraternas congratulações, meus votos de êxito na vida pública e meus respeitos pela dignidade do gesto. Votos extensíveis ao deputado Wilson Santiago. 

Wellington Marques Lima

A IGREJA CATÓLICA SE RECICLA

 



Houve um tempo, em que a Igreja Católica não abria mão de certos preconceitos considerados causas pétreas. Quando do descobrimento das Américas, questionou-se, nos meios curiais romanos, se os índios teriam alma; a pederastia, chamada de “sodomia”, era considerada pecado mortal; filhos ilegítimos (fora do casamento), não podiam ordenar-se padre, tampouco negros e, para culminar, nesse concerto ideológico, o Vaticano vaticinava: “Fora da Igreja Católica não há salvação”. Hoje, com o Papa Francisco, tudo isso caiu por terra. Agora, por determinação papal, respaldado pela infalibilidade do Pontífice, gays podem unir-se civilmente porque, segundo o chefe da Igreja: “Eles também são filhos de Deus”. Neste ano, a Campanha da Fraternidade, coordenada pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros, incluiu no seu Lema, a defesa das comunidades LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

Bênção restrita

A benção concedida pelo Papa se restringe, hipocritamente, ao reconhecimento do casamento gay, uma vez não permitir que pessoas do mesmo sexo subam ao altar para se casarem formalmente no rito católico. Ou seja, abre um olho e fecha o outro, isso para a inclusão necessária de um segmento rico, que muito pode contribuir com o óbolo de São Pedro. Quem não sabe que os bens dos hereges queimados nas fogueiras da Santa Inquisição eram confiscados pela Igreja? Agora, com essa necessária reciclagem, tanto se pode aumentar a freguesia, como também arrecadar mais. Na esteira dessa decisão interesseira, há um ponto positivo, a admissão dos bastardos de Deus ao seio da Igreja salvadora.

DSMR, em 22 de fevereiro de 2021.

FRASES FAMOSAS

 



 

Jô Soares perguntou ao bicheiro carioca, Castor de Andrade: “Já foste assaltado? Ao que o bicheiro respondeu candidamente: “Não, nunca. Uma vez, um bandido me abordou, mas ao me reconhecer, pediu desculpas e me deixou em paz”.

Isso aconteceu numa entrevista no programa “Jô Soares Onze e Meia”

 

“Precisamos cultivar nossa fama de cangaceiro. Não temos outro patrimônio. Suportar pobreza, vá lá, mas suportar pobreza e frouxidão é demais”.

Destempero de Assis Chateaubriand

 

“Pronto, modifiquei”.

Irineu Joffily, interventor em 1930, do estado do Rio Grande do Norte, teve uma divergência com o comandante da guarnição federal, a quem enviou um ofício considerado ríspido. Não se conformando com os termos desse ofício, o oficial superior procurou o interventor para dizer-lhe que não tomaria conhecimento do documento a não ser que fosse modificado. Irineu ouviu a exigência, cofiou a barba grisalha, leu, releu o ofício, e, riscando duas palavras, devolveu dizendo: Pronto, modifiquei”. As duas palavras riscadas eram

: Cordiais saudações”.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

MEU SOTAQUE

 



Esse negócio de falar difícil

Falar chiando e só usar sinônimo

Em qualquer frase empregar parônimo

Eu não levo jeito para esse ofício.

Querer ser outro fazer sacrifício

la me deixar muito diferente

Eu gosto "mermo" é de dizer "oxente"!

De falar "mais homi" e de dizer "bichim",

Viver por aqui nesse meu "cantim"

Com o meu sotaque e com a minha gente.


Rena Bezerra

DOMINGUEIRAS LXXX

 


. Abandonado à própria sorte, quando fez suas as palavras do chefe, o deputado Daniel Silveira, foi preso pelo STF e teve confirmada sua prisão pela Câmara Federal, numa votação acachapante. Galinha que acompanha pato, morre afogada.



. Aliás, o bolsonarismo é assim, só atende às suas conveniências. Quem não lembra do discurso de campanha: “Não à velha política! Não ao ‘toma-lá-dá-cá’!”. E, hoje, o “mito”, necessitando de blindagem pelas asneiras que fala, abraçou-se ao “centrão”.



. O que vemos no Brasil, nesse momento, é uma situação de extrema divisão política. O presidente Bolsonaro, democraticamente eleito, deveria descer do palanque e tentar unir o país. Extremismo não leva a nada, principalmente quando é exercitado por incompetentes.



. Falar em palanque, o prefeito de Princesa também não desceu ainda do tablado. Não bastasse a derrota sofrida pelas oposições (a verdadeira e a outra), vai pro rádio fustigar os adversários. Deveria seguir a máxima de um de seus noveis vereadores, que disse: “Cachorro morto não morde”.



. Nessa linha, Nascimento, em entrevista radiofônica, disse que as críticas que recebe agora, vêm somente de algumas “pichilingas” da oposição. Pelo que sei, esse animalzinho é um tipo de piolho que acomete galinhas, frangos, etc.



. O Papa Francisco disse, em aprovação à união civil entre pessoas do mesmo sexo: “Eles também são filhos de Deus”. Isso são novos tempos, ou o tempo de Deus?



. A Igreja Católica que, ao longo dos séculos, através da Santa Inquisição, queimou vários “sodomitas”, hoje, num átimo de sanidade (santidade?), descura do passado e se adapta aos novos tempos. Toda bodega aberta, sem freguesia, quebra.



. Na esteira desse pensamento papal, a CNBB incluiu, no tema da Campanha da Fraternidade deste ano, a defesa das comunidades LGBT. Talvez em anos vindouros, também as bruxas, a exemplo de Joana D’Arc (queimada na fogueira da Santa Inquisição), sejam restauradas.



. Ontem, por iniciativa do neto do coronel José Pereira, foi inaugurado o Memorial que homenageia seu pai, Aloysio Pereira, e seu avô. Merecida homenagem e necessário reconhecimento. Que seja isso imitado pela família Nominando Diniz em resgate da história e louvor aos seus ilustres representantes.



. Já não era sem tempo a instalação desse Memorial. Pode ser, essa iniciativa, um passo inicial para o resgate da história do município considerado “O chão mais histórico da Paraíba”. Parabenizamos a iniciativa do neto do Coronel.


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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Neste dia em que é oficialmente inaugurado o "Memorial Pereira Lima", o bisneto de Zé Pereira e ex-prefeito Thiago Pereira, escreve sucinto texto sobre suas origens familiares.




 FAMÍLIA PEREIRA LIMA NA HISTÓRIA DE PRINCESA ISABEL

Por Thiago Pereira 

(bisneto de José Pereira Lima)


INTRODUÇÃO

O Coronel José Pereira Lima, de Princesa-PB, deve ter sido, sem dúvida, a pessoa de maior importância política e histórica da cidade, colocando, com as suas ações, este município nos livros de história do país. Sua relação com o desenvolvimento da cidade, sua ascensão política, sua personalidade diferenciada, sua coragem em enfrentar adversários poderosos, sua capacidade de construir amizades importantes, ajudaram a moldar o histórico personagem “José Pereira Lima” e o tornaram um dos homens mais influentes do Nordeste, no início do século 20. 

No entanto, José Pereira Lima, já nasceu sem preocupações financeiras. Não teve que construir seu império econômico, pois herdou dos pais, Marcolino Pereira Lima e Águeda Carlos de Andrade, a grande maioria de seus bens, além, claro, de sua educação e de seu status social.

O grande historiador paraibano Celso Mariz cita, por exemplo, que conheceu José Pereira Lima através de seu pai, Marcolino, na cidade de Taperoá, em 1902. Nessa época José Pereira, apenas com 18 anos, era estudante de Direito em Recife-PE e o pai, o já influente e poderoso Coronel Marcolino Pereira Lima, exercia o mandato de deputado estadual junto a Assembleia Legislativa da Paraíba.

É importante ressaltar este contexto porque, apesar da imensa importância histórica do Coronel José Pereira Lima (especialmente no que se refere aos acontecimentos de 1930 no Brasil), o seu pai, Marcolino Pereira Lima foi, na verdade, a figura mais valorosa para o desenvolvimento da família, porque a levou do total anonimato, da extrema dificuldade financeira, para a riqueza e para uma respeitada posição social. Marcolino, de um simples agricultor em sua origem, tornou-se o possuidor do maior inventário de bens de Princesa, em 1905, ano da sua morte. 

Assim, não se pode falar na presença da extensa família Pereira Lima em Princesa antes de falar em Marcolino, seu grande construtor.  

        

COMO TUDO COMEÇOU

Marcolino nasceu em 1840, na cidade de São João do Rio do Peixe, Paraíba. De lá, juntamente com os seus pais Manoel Pereira Lima e Francisca de Araújo Lima, e devido às dificuldades financeiras, decidiu mudar-se, inicialmente, para o povoamento de São Francisco de Aguiar (hoje município de Aguiar-PB), e depois seguiu para Piancó-PB. Em Piancó a família se estabeleceu por um tempo maior e conquistou melhor condição social, tendo Marcolino, por exemplo, exercido a função de jurado, perante o Júri Popular, o que era considerado, na época, um posto importante.

Ainda em Piancó Marcolino adquiriu bens, como propriedades que utilizou para desenvolver criação de gado e atividades agrícolas, o que lhe trouxeram tranquilidade financeira. A família então decidiu mudar-se para uma nova propriedade, localizada próximo à cidade de Triunfo-PE. O nome da propriedade era Fazenda Enjeitado, e por isso o pai de Marcolino passou a ser conhecido na região por Manoel do Enjeitado.

Durante este período, quando residiam na Fazenda Enjeitado, a família realizava, além da atividade agropastoril, uma intensa relação com o comércio de Triunfo-PE. Também foi em Triunfo que Marcolino buscou melhor educação, para si (mesmo apesar da idade), e para toda a sua família. Marcolino sempre valorizou o estudo e, segundo cita o seu neto, Aloysio Pereira Lima, em seu livro autobiográfico, Marcolino “sempre procurou dar o melhor de sua assistência à família, inclusive produzindo meios para educá-la”. Aloysio Pereira ainda cita em seu livro que Marcolino “esforçou-se em bem criar os seus irmãos menores, matriculando-os em escolas e procurando instruí-los, fazendo o mesmo, inclusive, com os seus sobrinhos”. Marcolino tentou educar também os seus filhos, insistindo, especialmente para os filhos homens (como era costume na época), que os mesmos concluíssem o ensino superior, o que não foi possível, por diversos motivos. A própria morte de Marcolino, em 1905, por exemplo, foi o grande motivo que fez seu filho, José Pereira, desistir da formação em Direito (José Pereira cursava o 4º ano, em Recife-PE) para regressar à Princesa e assumir os negócios da família.


MARCOLINO EM PRINCESA

A chegada de Marcolino Pereira Lima na “Vila da Princeza” veio pela proximidade com Triunfo e pela estreita relação comercial e social entre as localidades. Marcolino desceu a serra e - quase que, por gravidade - passou a residir em Princesa e desenvolver-se social e economicamente.

Em Princesa, Marcolino Pereira Lima casou-se com Águeda Carlos de Andrade - procedente de importante família local - filha de Manoel Carlos de Andrade e Joaninha Carlos de Andrade, com quem teve dez filhos, que geraram uma grande descendência. Os filhos de Marcolino e Águeda são – pela ordem: Maria Augusta, Marcolino Pereira Lima Filho, Francisca Maria Pereira Lima, Porcina Pereira Lima, José Pereira Lima, Joana Pereira Lima, Manoel Carlos Pereira Lima, Antônio Pereira Lima, Alexandrina Pereira Lima e Águeda Pereira Lima.

Marcolino exerceu grande influência política em Princesa, assumindo cargos e títulos importantes, apesar de também enfrentar resistências locais, especialmente da família Florentino Diniz, de onde vem Marçal Florentino Diniz, que também foi Coronel e se tornou, mais à frente, genro do coronel Marcolino Pereira Lima, pois casou-se com uma de suas filhas (Maria Augusta), fato que contribuiu para a pacificação das duas famílias. 

Marcolino Pereira Lima exerceu o cargo de 1º Suplente de Juiz Municipal (1883); recebeu o título de Tenente-Coronel da Guarda Nacional (1891), após já ter sido capitão do mesmo organismo; foi conselheiro – vereador - (1893 a 1896); foi Prefeito indicado de Princesa (1898); elegeu-se deputado estadual da Paraíba (1900 a 1903); e foi Delegado de Polícia (1904).

Além disso, Marcolino foi importante negociante de escravos do interior da Paraíba e grande proprietário de terras. Marcolino também conseguiu, juntamente com dois sócios (Conde Adolpho van der Brule e Jayme de Medeiros Paes), autorização do governo estadual paraibano, em janeiro de 1905, para explorar ouro na região do povoado de Cachoeira de Minas.

Marcolino Pereira Lima faleceu, de infarto, aos 65 anos, em 11 de setembro de 1905, causando imenso luto à família e grande surpresa à toda população da região, pois o mesmo aparentava boa saúde e disposição. 


A DESCENDÊNCIA DE MARCOLINO E ÁGUEDA – A FAMÍLIA PEREIRA LIMA

Naturalmente, seria impossível, neste breve texto, citar todos os descendentes de Marcolino Pereira Lima e Águeda Carlos de Andrade (e peço desculpas, por isso, aos não mencionados), mas é necessário fazer algumas considerações sobre esta gigantesca árvore genealógica, tendo em vista o debate sobre a presença da família em Princesa estar, atualmente, em grande evidência.

A primeira filha de Marcolino e Águeda foi Maria Augusta, mais conhecida com Doninha, que foi casada com o Coronel Marçal Florentino Diniz. Esta união, como já citado acima, contribuiu para acalmar os ânimos entre as famílias Pereira Lima e Florentino Diniz, já que as mesmas disputavam espaços na vida política princesense. 

O Coronel Marçal já havia sido casado, era viúvo e tinha dois filhos. O influente agropecuarista triunfense, Carlos Martins e o Advogado Clóvis Martins, por exemplo, são alguns dos descendentes do primeiro casamento de Marçal. 

Do casamento de Marçal e Doninha nasceram dois filhos, Marcolino Pereira Diniz e Alexandrina Pereira Diniz. Marcolino (filho de Marçal) criou fama pela sua grande amizade com lampião e pela música de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga sobre o seu casamento com Xanduzinha. Outro fato que sempre está presente nos livros de história do Nordeste, sobre os temas da época, é o crime cometido por Marcolino, na cidade de Triunfo, onde o mesmo assassinou o Juiz de Direito Ulysses Wanderley, em 1923. Esta história tem muitas versões, acusações contraditórias sobre as obscuras motivações de Marcolino, a participação de Lampião no resgate do acusado na cadeia, entre outros detalhes que enriquecem o fato histórico.

A outra filha de Marçal com Doninha era Alexandrina Pereira Diniz (Dona Xandú), que veio a ser a esposa do Coronel José Perreira Lima. Portanto José Pereira casou-se com uma sobrinha legítima, filha de sua irmã mais velha Maria Augusta com o coronel Marçal. 

Do casamento de Alexandrina (Xandu) e o coronel José Pereira Lima nasceram dez filhos, no entanto, talvez motivado pelo laço de consanguinidade, apenas dois sobreviveram e geraram descendentes. A primeira Filha era Luiza Pereira Lima, que casou-se com o tavarense Luiz Gonzaga de Souza, mais conhecido como Gonzaga Bento. No casamento dos dois o coronel José Pereira Lima já havia falecido e a união só ocorreu graças à intervenção e a benção do Coronel Marçal Florentino Diniz, avô da noiva, já que parte da família não via com bons olhos a humilde condição financeira e o status do noivo. Gonzaga, deu tempo ao tempo e, com o seu temperamento amigável e sua inteligência, conquistou o carinho da família além de, com sua alta capacidade política, ter ocupado cargos importantes, como prefeito por quatro mandatos, além de vice-prefeito e vereador. Do casamento de Gonzaga e Luíza (Luizinha) nasceram Rosane Pereira e Humberto Pereira.

O filho mais novo do casamento de José Pereira e Xandu foi Aloysio Pereira Lima. Aloysio era médico, foi deputado estadual por diversos mandatos e também Secretário de Saúde do Estado da Paraíba no Governo de Tarcísio Burity. Dr. Aloysio, como era mais conhecido, deixou muitas realizações em todo o estado, especialmente em sua terra, Princesa, por quem tinha um amor inesgotável, herdado do pai, José Pereira, como ele mesmo gostava de dizer. Aloysio casou-se, em primeiras núpcias, com Denise Carneiro, irmã do grade tribuno e filho de Princesa, o Ministro Alcides Carneiro. Aloysio e Denise tiveram 3 filhos. Simone (já falecida), José e Gláucia. Aloysio, já idoso e viúvo, casou-se em segundas núpcias com Natércia Suassuna, prima do dramaturdo paraibano Ariano Suassuna.

Outros casamentos foram bem marcantes para os filhos de Marcolino e Águeda e geraram grande descendência: o grande escritor e acadêmico paraibano Otávio Augusto Sitônio Pinto é neto de Marcolino e Águeda, igualmente Hermosa Pereira, casada com Zacarias Sitônio (que foi tabelião, prefeito de Princesa e deputado estadual); o filho de Marcolino, Manoel Carlos Pereira Lima (Neco), - que fora colega de seminário de José Américo de Almeida – casou-se com Antônia de Andrade Lima, filha do Major Feliciano Rodrigues Florêncio); José Pereira Cardoso (que foi Prefeito de Princesa no final da década de 1930), e suas irmãs Adise Pereira Cardoso, Almira Pereira Cardoso, Avani Pereira Cardoso e Joanita Pereira Cardoso, também eram netos de Marcolino e Águeda; Iracema e Iêda, hoje residentes no Distrito de Lagoa da Cruz - PB, são netas de Silvino Pereira Lima, irmão de Marcolino.   


GRANDE FAMÍLIA

Percebe-se, portanto, que a descendência da família Pereira Lima é bem extensa. Mas não é só isso. Constata-se que o entrelaçamento de famílias é enorme, gerando muitos filhos, netos, bisnetos, de diversas origens, com características múltiplas e com muita história ainda para se contar. Pereira Lima, Carlos de Andrade, Florentino Diniz, Sitônio, Cardoso, Araújo, Bento, Nóbrega, Góes. São todos ramos de um mesmo tronco, por sangue ou por afinidade.

A descendência, os sobrenomes, não tornam ninguém melhor ou pior do que ninguém. Todos fazem parte de uma família, com virtudes e falhas, com alegrias e decepções. 

No entanto, é importante valorizar a história, honrar os antepassados, reverenciar toda luta travada no passado em busca de educação e melhor qualidade de vida. É preciso ter respeito ao suor, às lágrimas, ao sangue, que muitos jorraram lá atrás para que os seus descendentes tenham vida digna hoje. Foram as grandes atitudes de coragem dos homens e mulheres do passado, de todas as famílias, de todas as classes sociais, que construíram Princesa, que contribuíram para o seu desenvolvimento.      

É preciso, por isso, aplaudir, com deferência, os irmãos Gláucia Pereira e José Pereira, filhos de Aloysio Pereira Lima, pela valorosa atitude de idealizar, planejar e instalar, em Princesa, o Memorial Pereira Lima, em homenagem à família. Eles contaram com colaborações importantes, pessoas que amam a história desta terra e se dedicaram para que tudo isso acontecesse. 

Que este memorial, mais do que uma obra física, torne-se uma ideia, impregnada na mente de todos os filhos de Princesa, para valorizarem sua história, a história de suas famílias, de seus antepassados. E assim, que surjam mais memoriais, museus, centros culturais. Que a história de Princesa, além de orgulho, também traga desenvolvimento cultural e econômico para esta terra.  


FONTES E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fontes: 

Francisco Florêncio – Entrevista realizada com Hermosa Pereira Sitônio.

Referências:

LIMA, Aloysio Pereira – Eu e meu pai o coronel José Pereira – 1930 – O Território Livre de Princesa – Ideia – 2013, João Pessoa/PB.

ALMEIDA, José Américo de - O ano do Nego – Fundação Casa de José Américo de Almeida – 2005, João Pessoa/PB. 

NÓBREGA, Ada Florêncio Barros da – Feliciano Rodrigues Florêncio – O moço, o major, o velho – Ideia – 2013, João Pessoa/PB.