ODE

domingo, 31 de março de 2024

Domingo eu conto

 

Por Domingos Sávio Maximiano Roberto

A Vaca Encaretada

Lagoa da Cruz é hoje o maior Povoado pertencente à Princesa. Carrega uma peculiaridade que lhe dá um certo chame, quando pertence a dois Estados da Federação: Paraíba e Pernambuco. Tem outra particularidade distinta do normal. A padroeira daquele arruado é Nossa Senhora do Carmo, denominação da Virgem que tem seu dia celebrado em 16 de julho, porém a cerimônia festiva, que louva a Santa, ocorre em outubro (mode o frio que ali é intenso em meados do ano). Essa tradição religiosa nunca deixou de ser comemorada e, em tempos idos, quando Tomé Francisco era dali o Intendente, a festa se fazia mais organizada e muito mais animada.

Para termos ideia do quanto se valorizava a festa da Padroeira, tanto o culto religioso quanto a festa profana eram bem organizados e, para lá, acorria toda a região. Durante a festa religiosa, eram celebradas novenas que tinham como patrocinadores os chamados “noiteiros”. Quanto ao furdunço profano, eram realizados leilões, jogos, gincanas e o indispensável “Bolo Doce” (um forró animado por sanfoneiro, zabumba e triângulo). Para o sucesso de ambos os eventos, o gauleiter, de Lagoa da Cruz, Tomé, tomava todas as providências. Enquanto mandava enfeitar a igreja e fazia banquetes para os frades carmelitas que iam de Princesa oficiar as celebrações religiosas, e depois se refestelavam em lautos jantares, Tomé não se esquecia também dos divertimentos populares, inclusive dos da luxúria.

Eram nove dias de festas culminando com a coroação da Santa, missa solene e procissão. Nesses dias, toda noite era rezada uma novena. Enquanto as famílias de bem e as beatas, na pequena capela, se conciliavam com Deus e com a Virgem, os jovens se divertiam “passeando” nas canoas e no juju de Manezim Cristóvão e tomando o capilé de João Costa. Diligente, “seu” Tomé não esquecia dos marmanjos e, numa providência inusitada para a época, o chefe do lugar designava um local, perto do Cemitério, para que fosse ali instalada uma franquia do Cabaré de Princesa.

Com a autorização do chefe e sob o comando da proxeneta e matriarca da luxúria - Estrela de Pedro Caboclo -, era instalado um barracão, onde funcionava um bar repleto de mesas e cadeiras, com chão batido para a realização de danças, que eram animadas por um sanfoneiro chamado Cordeiro de Mané Lopes e, num reservado, algumas camas destinadas ao libidinoso ofício da lascívia. Estrela escolhia as quengas mais jovens para esse desiderato e, enquanto os decentes rezavam na igrejinha, o amor, livre de qualquer censura, corria solto no Barracão.

Certa noite, idas de Princesa para a festa e já hospedadas na casa da irmã Donana (esposa de “seu” Tomé), Francisquinha e Domitila, duas solteironas juramentadas, na faixa dos 35 anos de idade, se aprifilaram e foram para a novena noturna naquele Povoado. Donzelas respeitadas – naquele tempo, preservar a virgindade era mérito - e da altíssima sociedade princesense, haja vista serem primas do coronel Zé Pereira, partiram as duas, da casa do influente cunhado, a pés e de braços dados – como era o costume à época -, rumo à igrejinha. A certa altura do percurso, viram um pequeno tumulto provocado por uma correria animada pelo tilintar de um chocalho.

Para não perder a postura, as duas donzelas se fizeram impassíveis e continuaram sua caminhada em busca da casa de Deus. Quando menos esperavam, se depararam com uma vaca encaretada correndo em sua direção. Desesperadas, sem soltarem as mãos, meteram os pés a correr. Naqueles meios, sem saber aonde ir, Francisquinha e Domitila enveredaram por um beco (e a vaca atrás delas) e viram um grande barracão iluminado. Pensaram: “é ali que vamos nos proteger”. Em disparada, sem saber onde estavam, entraram no Cabaré de Estrela. A vaca passou direto. Assim que botaram os pés no Barracão, um bêbado foi logo dizendo: “Opa, chegaram duas novatas!”. Nessa noite, acontecia um baile à fantasia. O sanfoneiro tocando, as quengas todas de máscaras, dançando e, as duas, atônitas, sem entenderem onde estavam, se viram completamente desamparadas.

Nesse momento, Domitila pediu, intimamente, socorro a Nossa Senhora do Carmo. E ele veio. No fundo do Barracão, sentados a uma mesa, estavam Zé Baião, que era casado com Telinha, prima legítima das duas desesperadas irmãs e, Antônio Fon-fon, sobrinho delas. Imediatamente Zé Baião as reconheceu, porém, aflito para não ser visto pelas moças naquele ambiente de luxúria, aconselhado por Antônio, saiu pela porta dos fundos, rodeou o Barracão, fez-se que ia passando em frente àquele lugar de prazer e adentrou ao ambiente. Fazendo-se surpreso com a presença das moças, foi logo gritando: “Parem essa sanfona, vocês num tão vendo que se encontram aqui duas moças direitas da sociedade!?” Estrela, também mascarada e irritada com a ordem, foi logo dizendo: “E que diabo essas infeliz tão fazendo aqui?”.

Zé Baião, na qualidade de irmão de Tomé Francisco, portanto contraparente das “meninas”, perguntou: “O que houve que vocês vieram esbarrar aqui?” Antes de Francisquinha, que era mais afoita, responder, Domitila, em choro convulsivo respondeu entre soluços: “A va-ca en-ca-re-ta-da, a va-ca en-ca-re-ta-da!” Diante dessa resposta, o tempo fechou. Estrela pensou que era com ela e foi logo disparando: “O que é que essas quenguinhas tão pensando? Vaca encaretada é a puta que pariu!” Do lado das tias, Antônio Fon-fon quis partir pra cima da cafetina, mas Zé Baião, exercendo sua autoridade, falou sério acalmando os ânimos, pediu respeito às donzelas, pegou as “meninas” pelo braço e as conduziu - ambas aos prantos -, de volta para a casa da irmã Donana. Novena, já era.

Ao chegar à residência de Tomé e Donana, Domitila ainda chorava. Francisquinha, no entanto, já recomposta, a sorrir, passou a contar a história. Encartada e despachada que era, Telinha, despeitada porque sabia que seu esposo, Zé Baião, frequentava aquele lupanar esporádico, disparou: “E que diabo vocês foram buscar naquela porra!?” Rindo, Francisquinha tentou explicar: “Mulher... Nós íamos para a novena, mas uma vaca encaretada botou em nós e desviou nosso percurso”. E continuou, dizendo haver sido aquilo a maior aventura de sua vida. A solteirona dizia sempre que tinha muito medo de morrer, mas que agora morreria feliz, pois mesmo sem nunca ter conhecido um homem, estava alentada porque conheceu um cabaré: “Nunca pensei que fosse um lugar tão animado; pena que Zé Baião e Antônio apareceram para atrapalhar”, ironizou Francisquinha.



 

sábado, 30 de março de 2024

SABÁTICAS

. Mais um nascituro morre no Hospital Regional de Princesa. Se não por negligência médica, por irresponsabilidade nos cuidados com a parturiente quando aquele nosocômio não dispõe de estrutura para acudir situações de risco.

. Falar em risco, um buraco existente na Rua doutor Édson Lisboa, no Bairro Maia, está aberto há mais de 30 dias sem que a prefeitura tome qualquer providência.

. O CAPS Infantil e a Unidade de Acolhimento Infantil de Princesa continuam sem psiquiatra e sem médico e servindo soja.

. O prefeito Nascimento criticou o pré-candidato a vice-prefeito, Sidney Filho, dizendo que este o usou para ser vice da Matuta. Se isso fosse verdade e se a situação política do grupo comandado por ele estivesse boa, mesmo assim, Sidney Filho não optaria por ser vice na chapa da situação.

. Falar em chapa, depois do lançamento do nome de Garrancho como pré-candidato a prefeito, parece que jogaram água na fervura: ninguém fala mais nisso.

. Mas, falam, a boca pequena, que ninguém quer ser vice do Garrancho e, uma abelha zoou que este está avaliando se vale a pena arriscar uma eleição certa para vereador ou partir para uma aventura incerta. Afinal, mais vale uma pomba na mão do que duas voando...

. A famigerada “chapinha”, formada por alguns rebeldes do partido do prefeito, vai mesmo virar realidade. O alcaide, sem poder para vetá-la, aceitou. Agora, o moído continua porque todos os vereadores querem fazer parte dela.

. Esta, será a última semana em que vereadores poderão mudar de partido para concorrer às eleições de outubro. Há quem diga que muitas surpresas acontecerão até sexta-feira.

. Na feira da Semana Santa, a pré-candidata da oposição, Rúbia Matuto foi testar sua popularidade e quase acabou a feira com tantos abraços recebidos.

. Um cidadão me confidenciou que vendeu um carro a um rapaz e, este, quis lhe pagar com alguns cheques, dentre eles, dois do prefeito de Princesa. O vendedor aceitou os demais, os do alcaide, não!

. Falar em alcaide, em 2020, por esse tempo, Nascimento já estava postando, nas redes sociais, fotos com adesões recebidas à sua candidatura. No entanto, até agora, nenhum apoio de monta foi exibido para a população.

. Os abraços de hoje, vão para: Felipe Jefferson, Lourdes de Arlindo, Alexandro Alves, Juliana Gomes, Zé Bezerra (fotógrafo).  Linda Sousa, Chiquita Marreta, Édson Moreira, Nilva Fernandes, Cícero e Yolanda, Mariana Freire, Floro José, Jorge Tavares, Maévia Suassuna, João da Telha, Rosário Carvalho, Dilma Araújo, Luís Curinga, Cilma Dias, Zé da Laje, Nina de Val de Gino, Paula da Emater, Antônio Dellano, Alexandre Carlos, Maria de Antônio Negão, Chico de Edmundo, Maria Pureza e Toinho Pinheiro.



Aleluia!

É o luto mais curto do mundo. Na cristandade, a tristeza dura somente um pouco mais de 24 horas, das três horas da tarde da Sexta-feira Santa até a meia-noite do Sábado de Aleluia. Jesus Cristo morre na sexta e ressuscita no domingo. Nesse interregno, os sinos não tocam nem a Eucaristia é celebrada. Sozinha, a matraca brada. Antigamente, além da tristeza, havia a expectativa. Tristeza pelo sacrifício do Cristo na cruz e, expectativa, pela continuidade da vida na Terra.

Alleluja! Habemus Vita! (Aleluia! Já Temos Vida!). É esse o grito de regozijo ecoado por todas as Igrejas do mundo para anunciar que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e subiu ao céu. É a Páscoa que começa, é a alegria que chega. A “boa nova!”. Até tempos recentes, acorriam todos às igrejas para a comemoração da Aleluia. Todos com o coração na mão porque era nessa oportunidade que estava em jogo o futuro da humanidade.

Nos tempos em que tudo girava em torno da orientação religiosa – que era eivada de superstições - diziam os mais velhos, que se o padre – durante a celebração da missa de Aleluia - não encontrasse um “pingo de sangue” na Bíblia, o mundo se acabaria. Guiados pela ignorância, ficavam todos apreensivos nessa expectativa de renovação da vida. De sorte que tudo sempre deu certo. Tão certo, que caiu no descrédito e ninguém acredita mais nisso, sequer dá-se mais atenção a esse ridículo ritual.

Tudo hoje é meramente simbólico. Ninguém vem mais da Zona Rural para assistir à Aleluia; não tem mais o “Bolo-doce” de Toinho Fernandes nem as barracas do padre. Até a malhação do judas é prática rara. Ninguém nem liga mais para isso. É tanto, que a missa que era celebrada à meia-noite – quando a cortina roxa caía descobrindo os santos -  agora é oficiada no horário normal das celebrações noturnas.

Agora, o ritual é simples: o padre benze o fogo, a água e os óleos e pronto. Ninguém espera mais o achamento do pingo de sangue. Vida que segue. Cada um vai para suas casas, todos levando apenas uma certeza, a de que, ano que vem, o Cristo morre de novo, ressuscita para viver nos corações dos que creem, e tudo continua como d’antes. A vida continua.



 

Mais uma mãe perde filho no Hospital Regional

Em Nota emitida pelo Hospital Regional “Deputado José Pereira Lima”, da cidade de Princesa, fica patente mais uma constatação de que, aquele serviço, prevaricou quanto ao atendimento a uma parturiente que ali deu entrada para dar à luz uma criança no último dia 26 deste mês de março. Na Nota (que reproduzimos acima), a direção do HR informa que a mulher foi acolhida com evolução de dilatação pélvica e, mesmo sem a disponibilidade de recursos para socorrer eventuais complicações, aquele serviço manteve a paciente no Hospital.

É sabido que o Hospital Regional de Princesa (que é municipalizado), não conta com UTI Neonatal, tampouco com um corpo de profissionais aptos para atendimento especializado, tais quais obstetras, pediatras, etc. A irresponsabilidade do serviço fica patente quando, ao invés do exercício da prática corrente que é a de transferir gestantes para outras cidades, manteve aquela parturiente internada à espera do desfecho que se fez trágico quando, a criança, veio a óbito. E, o pior, é que a providência tomada é a simples informação de que será instaurada uma sindicância para apurar o óbvio, ou seja, a incapacidade da prestação de um serviço essencial.

Até quando a população princesense ficará à mercê dos caprichos desse prefeito irresponsável? Por que não entregar esse Hospital ao Estado para, a exemplo de outras cidades como Piancó, Catolé do Rocha, Itaporanga, etc., podermos ter uma melhor assistência à saúde? Se o HR de Princesa fosse estadual, teríamos aqui uma UTI, médicos credenciados para atendimentos especializados e, principalmente, obstetras e pediatras para que as mulheres da região pudessem parir em segurança. Até quando esse estado de coisas vai prevalecer? Chega dessa continuidade nefasta!



sexta-feira, 29 de março de 2024

Prefeita de Juru paga salários dentro do mês trabalhado

A prefeita Solange Félix, da vizinha cidade de Juru, se destaca como uma das melhores administradoras da Serra do Teixeira. Exemplo principal dessa profícua gestão é a prática do pagamento de salários dentro do próprio mês trabalhado. Em Juru, os servidores podem se programar quanto às suas obrigações financeiras porque o pagamento não falha quando é efetuado, sempre, até o dia 30 do mês em curso.

Candidata à reeleição, Solange fará, no próximo dia 31, sua filiação ao partido do governador João Azevedo, o PSB. Na ocasião, estarão presentes várias autoridades do Estado, além de seus apoiadores locais. A decisão da prefeita a concorrer a mais um mandato, tem tido o apoio da maioria da população juruense, o que denota uma tácita aprovação ao trabalho que vem realizando nos últimos quatro anos.



Lula começa a enrolar o tapete vermelho que estendeu para Maduro

Acuado pelos crescentes índices de desaprovação ao seu governo, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, muda de estratégia e começa a desdizer o que disse antes. Ontem (28), ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, Lula afirmou ser grave o impedimento do registro da candidatura da professora Corina Yoris à presidência da Venezuela. A toada mudou. Primeiro, Lula fez louvores a Maduro, depois, ficou silente e, agora, critica o ditador.

Os humores populares são mesmo determinantes quando obrigam governantes a mudarem de posição e de opinião. Apoiador de Nicolás Maduro, Lula o recebeu, ano passado, com todas as honras. Agora, ressabiado, enrola o tapete vermelho e se faz incisivo em críticas ao colega venezuelano e em defesa da democracia quando Maduro, em busca de mais um mandato, impede a oposição de concorrer às eleições marcadas para 28 de julho próximo.



A Semana Santa de antigamente

Desde criança convivi com as coisas da Igreja. Filho de mãe catolicíssima, barata de igreja mesmo, frequentava, diária e obrigatoriamente, todas as solenidades da Igreja: da missa matinal à bênção do Santíssimo Sacramento, à noite. Acho que, por isso, sempre fui fascinado pela ritualística das solenidades da Igreja Católica. Na Semana Santa, então, fazia morada na chamada "Casa de Deus". Do "Lava-pés" à vigília na quinta-feira, passando pela celebração da Paixão, pelo beijamento da cruz, e pela procissão do "Senhor Morto" na sexta-feira, até a Aleluia no sábado, de tudo participava ativamente e em perfeita contrição de fé.

A Sexta-feira Santa era o ápice das celebrações religiosas da Igreja de Roma. O dia era cheio. Mas, tudo começava na tarde da quinta-feira, passando por toda a madrugada, quando acontecia a adoração do "Santíssimo Sacramento", o que simbolizava a agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. À tarde, a partir das três horas, acontecia a celebração da Paixão com uma missa concelebrada por vários padres, cantada em latim e cheia de simbolismos, a exemplo da queda dos padres quando se deitavam ao chão rememorando o momento da execução do Cristo.

Lembro-me bem da Via Sacra, na sexta-feira, cantada por Odívia Maximiano, dona Nina, Antônia Gastão, Doralice Marrocos e outras cantoras da Igreja, acompanhadas pela serafina executada por dona Irene Sérgio. Rezavam as quatorze estações e, depois desse rito, o padre expunha o "Santo Lenho" para o beijo comunitário (prática por demais anti-higiênica, hoje abolida). Antes das solenidades da Paixão, filas infindas se faziam diante dos confessionários quando os fiéis católicos se desfaziam dos pecados para, contritos, receberem o corpo de Cristo.

Até pouco tempo atrás, a Sexta-feira Santa, era o dia mais santificado da comunidade cristã. Simplificado e pouco difundido, hoje, foi banalizado e perdeu a magia que havia em torno das celebrações religiosas desse emblemático dia. Não há mais matraca nem procissão das tochas. Tampouco o cortejo fúnebre do Senhor Morto tem mais a importância e o "mistério" que tinha, quando os fiéis acompanhavam a procissão no afã de conseguir um galho de mato ou uma flor que ornamentava o esquife Divino para transformá-los em chá, panaceia para todos os males.

Os tempos são outros e, o culto às tradições, se restringe, hoje, a um público mais conservador e idoso que não conseguiu se desvencilhar dessa liturgia que embevecia a todos. A Semana Santa, hoje, significa apenas um feriado prolongado que permite, à maioria das pessoas, se desobrigarem de seus afazeres para descansarem e se empanturrarem de iguarias nobres sem estarem nem aí para os simbolismos da religião que cultivaram um dia. No meu caso, mesmo sem muita crença, continuo fascinado pela ritualística da Semana Santa.



quarta-feira, 27 de março de 2024

"Roberto do Posto" é mais um nome de peso para a Câmara Municipal de Princesa

Disposto a concorrer a uma cadeira na "Casa de Adriano Feitosa", o cidadão da foto estampada acima, mais conhecido por "Roberto do Posto", é mais um pré-candidato a vereador que concorrerá aliado ao projeto eleitoral de Rúbia Matuto. Roberto é agricultor e funcionário do Posto Santa Maria. Residente na região de Lagoa de São João, tem ali reunido a simpatia e o apoio dos moradores daquele Povoado e adjacências. Sua pré-candidatura é na vera e já reúne muitas adesões importantes que, com certeza, viabilizarão êxito nas urnas. Nesses tempos bicudos, em que a maioria dos vereadores de Princesa vive ajoelhada aos pés do prefeito, Roberto é uma promessa de independência e responsabilidade no exercício do ofício de legislar e fiscalizar.



A Feira da Semana Santa

Tem mais de 100 anos a realização da "Feira da Semana Santa" em Princesa. Evento único em toda a região, essa Feira ocorre, anualmente, e começa já na noite da terça-feira da chamada "Semana Santa". A Feira funciona por toda a noite adentrando o dia até a tarde da quarta-feira. É uma tradição exclusiva de Princesa e que vem sendo mantida ao longo dos anos.

Tradição também é o famoso divertimento do "roubo das jacas". Essa prática é comum na noite da terça-feira quando meninos e rapazes se divertem roubando jacas, algo parecido com a malhação do Judas, o que é praticado também como uma tradição. A Feira da Semana Santa é também a maior que acontece na cidade e, lamentavelmente, os preços também são majorados em relação aos tempos normais. Mesmo assim, vale a pena pela tradição que encerra.



Alvissaras ao estupro

Até pouco tempo, para aqueles que pensam que podem tudo, o estupro de mulheres era um "barato". Hoje, com o advento de leis que punem essa prática nefasta, o estupro passou a ser crime hediondo, porém, mesmo assim, para os que tem dinheiro, passou a ser uma coisa barata. Foi o que vimos no caso do jogador brasileiro, Daniel Alves quando, mesmo condenado, pagou uma fiança milionária e vai responder pelo crime, em liberdade.

Tomara que, para os estupros cometidos de forma mais requintada, premeditados e preparados, a lei seja mais rigorosa e as fianças sejam mais caras. Em não sendo assim, poderá voltar o tempo em que esse tipo de crime poderá ser punido com as vias de fato, como fez o filho da mulher que foi estuprada por Zé Perequé, no sítio Várzea, na década de 60 que matou o estuprador quando deitado numa rede mais de 20 anos depois.



O ventríloquo "cansado"

No concerto dos municípios brasileiros, Princesa é mesmo uma cidade sui generis. Não com surpresa, mas com tristeza, assistimos ontem (26) a um pronunciamento do presidente da Câmara Municipal e pré candidato a prefeito do grupo de situação, que nos deixa deveras atônitos com o descaramento da fala. Numa entrevista, o vereador Garrancho, justificando a aprovação das contas do prefeito Nascimento pela Câmara Municipal, extrapolou em dizer bobagens.

Visivelmente nervoso, o que se denota pelo cansaço demonstrado por sua voz, o presidente do Poder Legislativo parabenizou a Casa que dirige e também o prefeito, pela aprovação da 6ª conta da atual gestão municipal. Segundo Garrancho, tudo isso é fruto da boa aplicação dos dinheiros públicos, da transparência e das inovações da gestão do prefeito Ricardo Pereira do Nascimento. Igual um ventriloquo do alcaide, o presidente - em que pese haver sido eleito para ser um fiscal do povo - referiu-se ao governo como "nossa gestão" e disse mais em elogios ao chefe do Poder Executivo.

Causa estranheza o comportamento do vereador Garrancho quando não explica o fato de as contas de Nascimento serem aprovadas mesmo depois de exarado um Relatório do Ministério Público de Contas apontando quase 20 irregularidades. Mais estranho ainda é o fato de o presidente não se referir às denúncias dos cheques endossados e sacados na boca do caixa dos bancos, e passar ao largo das várias denúncias de desvio de dinheiro público, o que tem sido prática corrente da atual gestão.

Na verdade, o vereador Garrancho, na qualidade de escolhido para concorrer à sucessão de Nascimento, tem a obrigação de elogiar o prefeito e também de dizer que dará continuidade à prática administrativa do alcaide. Para nós, isso denota conivência com os desmandos que vêm sendo praticados e subserviência de um poder em relação a outro. Para Garrancho: "Uma conta aprovada não é uma brincadeira". Talvez, para ele, brincadeira seja usar o dinheiro público para manter um staff de pessoas que prosperam financeiramente às custas do erário.



terça-feira, 26 de março de 2024

Sindicato dos Agentes de Saúde e dos Agentes de Combate a Endemias realizam Assembleia em Princesa

Amanhã (27), a partir das 09h00 da manhã, o Sindicato dos Agentes de Saúde e Agentes de Combate a Endemias - SINDACS/PB, realizarão uma Assembleia da categoria, na escola Nossa Senhora do Bom Conselho, em Princesa. Na ocasião, com a presença do presidente da FENASCE e do coordenador adjunto Fabiano Silvano discutirão sobre Cursos Técnicos, Aposentadoria Especial, Piso Salarial, dentre outras matérias de relevante importância para a classe.



Senador Efraim Filho reafirma apoio à pré-candidatura de Rúbia Matuto

 

No último fim de semana, por ocasião do lançamento da chapa majoritária de oposição] que deverá concorrer à eleição do próximo dia 6 de outubro, em Princesa, onde figuram: Rúbia Matuto como pré-candidata a prefeita e Sidney Filho como vice, o senador da República, Efraim Filho (União Brasil), parabenizou a dupla de pré-candidatos e reafirmou seu apoio político eleitoral. "Saúdo os amigos e correligionários Aledson e Alan Moura, Sidney pai e Sidney Filho pelo gesto de unidade em prol do nome de Rúbia. Estamos juntos nessa caminhada pelo bem de Princesa, foguete não dá ré! Vamos à vitória!" Afirmou o senador Efraim.



Jackson Nogueira é mais um pré-candidato a vereador na chapa da Matuta

Sem parar de receber adesões, a pré-candidata a prefeita Rúbia Matuto está também com sua lista mais do que completa de postulantes a uma vaga na Câmara Municipal. No último final de semana foi a vez de Jackson Nogueira, mais conhecido por "Jackson de Júnior Móveis", que lançou seu nome como pré-candidato a vereador. Ele é um jovem empresário que está disponibilizando seu nome para a avaliação popular com o intuito de contribuir com o desenvolvimento da rossa Terra, principalmente no tocante ao empreendedorismo. É mais um sangue novo na política princesense.



Prefeito Coco de Odálio apresenta projeto da nova Praça Central de Tavares

Após assinar convênio no valor de R$ 1,5 milhão com o Governo do Estado, o prefeito José Genildo da Silva, mais conhecido por Coco de Odálio, anunciou e apresentou o projeto da nova Praça Central da cidade de Tavares. O logradouro contará com Praça de Alimentação, Playground; Fonte Luminosa; Mesas de Jogos; Área de Convivência; Ponto de Mototáxi, Jardins, etc. "Numa visão de futuro, consegui essa obra com o governador João Azevedo, o que trará mais conforto para o nosso povo e mais beleza para o centro da nossa cidade", afirmou o prefeito Coco que, na oportunidade, frisou também o apoio do deputado Wilson Filho para esse empreendimento.



A Carta de Nascimento

Postas, as pré-candidaturas que deverão concorrer às eleições do próximo dia 6 de outubro, em Princesa, os partidos começam a se movimentar no sentido de promovê-las junto à população. Do lado do prefeito ocorreu, no último sábado (23), algo inusitado na política princesense: uma "Carta de Intenções" que o alcaide elaborou e obrigou seu escolhido, Garrancho, a assiná-la. Não bastasse isso, mandou registrar em cartório.

Dois motivos ensejam essa estranha atitude de Nascimento. Primeiro, o fato de que não confia no candidato que escolheu. Depois, porque é clara sua intenção em monitorar o seu demandado e também a de retornar ao poder em 2028. Na carta, o alcaide proíbe seu candidato de, em sendo eleito, nomear parentes como seus auxiliares e de se candidatar à reeleição, dentre outras exigências.

Os problemas são dois. Primeiro o fato de que a candidata da oposição, Rúbia Matuto, é quem lidera as pesquisas de intenção de votos. Segundo é que, em sendo eleito, quem garantiria que Garrancho faria sua vontade? Nascimento, acostumado a mandar no grito, não está considerando a realidade que o espera. Quando for ex, ninguém aguentará seus gritos, tampouco se submeterá à sua vontade.

Obrigado a engolir um candidato atravessado, o prefeito tenta enfiar, goela abaixo, exigências impossíveis de serem cumpridas por quem quer que seja. O poder advém das urnas e, o eleito terá compromissos apenas com a população. Se Nascimento tivesse o poder que imagina ter, não teria apoiado o nome de Garrancho, mas sim um dos em que ele confia. De qualquer maneira, seu reinado está chegando ao fim. Infeliz é aquele que não consegue vislumbrar a realidade dos fatos.



PRÉDIO DA ANTIGA SANBRA DE PRINCESA, ONDE FUNCIONAM HOJE VÁRIOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

O antigo prédio da SANBRA, construído na década de 1920, pelo coronel José Pereira Lima funcionou, durante muito tempo como usina de beneficiamento de algodão e como armazém para a acomodação da produção de algodão de toda a região polarizada por Princesa. Durante a Guerra de Princesa, em 1930, aquele grande imóvel serviu como Almoxarifado onde eram guardados gêneros alimentícios, tecidos para a confecção de fardamentos para os "Libertadores de Princesa" e também para o acondicionamento de armas e munições. Durante o Conflito, parte do prédio funcionou também como Cadeia que recebia os policiais paraibanos presos pelos cabras de Zé Pereira. Após o assassinato do presidente João Pessoa e a consequente ocupação de Princesa pelo Exército Brasileiro, foi ali instalado o quartel que acomodou aquela Força Federal.

Depois da "Guerra de 1930", o imóvel foi adquirido pelo governo federal para abrigar a SANBRA - Sociedade Algodoeira do Brasil. Em 1970, a prefeitura de Princesa, sob a administração de Antônio Nominando Diniz, comprou aquele prédio que passou a servir como depósito da Secretaria de Obras e Limpeza Urbana. Depois, funcionaram ali algumas repartições municipais, agências de representações bancárias, etc. Esse imóvel, de primorosa arquitetura, que foi construído sob a orientação e o comando técnico do Mestre de Obras princesense, José Ferreira Dias, mais conhecido como "Ferreirão", representa um patrimônio arquitetônico e cultural do município.

Durante o primeiro mandato do governador Cássio Cunha Lima, sob a administração do prefeito José Sidney Oliveira, o prédio da antiga SANBRA foi objeto de grande reforma interna com a intenção de abrigar um Museu e um Centro Cultural. Abortado esse projeto, por problemas políticos, hoje, após nova reforma, aquele imóvel abriga a sede da Prefeitura Municipal e vários órgãos da administração municipal. Totalmente preservado, se constitui, aquela edificação, num dos poucos prédios históricos da cidade que se encontram ainda em boas condições de uso e de apresentação e, no próximo ano, aquela construção completará 100 anos.



segunda-feira, 25 de março de 2024

Quanto Ódio!

O descalabro verbal do prefeito de Princesa voltou a ser exercitado em programa radiofônico no último sábado (23). Desta vez, para variar, o alvo, foi novamente a minha pessoa. Eu poderia pedir direito de resposta no mesmo veículo de comunicação, mas prefiro responder aqui mesmo, até porque, não dou muita relevância ao que ele diz, pois, quanto mais fala, mais se afoga em seus erros e mais dá demonstração de seu desequilíbrio emocional e do seu aperreio com as coisas que vêm acontecendo.

Nascimento só se refere a mim como "bandido" e como "ladrão". Me culpa por todos os erros de sua administração. Não me esquece um só momento. Pelo visto, eu sou o calo no seu vulnerável "Calcanhar de Aquiles". '. Essa derradeira irritação dele é porque eu denunciei a indústria de cheques endossados e sacados na boca do caixa e também, porque me imputa a culpa das articulações políticas que serão responsáveis pela sua derrocada final.

Mesmo assim, não vejo necessidade de responder à altura do que ele me acusa, porque em Princesa, todos sabem da sua malsinada história. Quem não conhece o passado de Nascimento? Quem não sabe da origem da prosperidade financeira dele? A sua arrogância o cega ao ponto de acreditar que os outros acreditam no que ele acredita. Nascimento acredita haver sido o melhor prefeito da história de Princesa e tem certeza de que o povo acredita na sua honestidade. Vamos às urnas!



domingo, 24 de março de 2024

Domingo eu conto

 

Por Domingos Sávio Maximiano Roberto

José

“Cumpade Mané e cumade Quitéra vão cumer o pão do céu”. Era assim que dizia, Ananias, cunhado do casal, Manoel e Quitéria. Ele se referia ao amor e à perfeita sintonia dos dois. Quitéria, era minha tia materna e, Manoel, tio afim. Chamava-os de madrinha Quitéria e tio Mané. Moravam no sítio Cajá de Flores. A casa, uma vivenda simples, mas muito bem organizada. Em cima de uma calçada alta, a moradia era composta de uma sala de estar – à qual chamavam de varanda – ladrilhada à tijoleira; do lado, um quarto seguido da sala de copa e mais um quarto; depois, uma grande cozinha e uma pequena despensa onde guardavam alimentos e um grande caixão cheio de frutas das quais ainda hoje sinto o cheiro. Atrás da casa, um alpendre onde havia um fogão de lenha, um pilão e um pequeno engenho para moer cana de açúcar. Um pouco mais afastado da traseira da casa, havia um armazém onde Manoel guardava os silos cheios de milho e de feijão; as selas e os arreios da alimária que o conduzia à feira de Flores nas segundas-feiras; alguns alforjes; uma grande balança e outros apetrechos próprios de quem mora na roça.

Na sala de estar, algumas cadeiras de gerdau, duas preguiçosas, uma mesinha forrada por uma branquíssima toalha e, em cima, um rádio de pilhas que vivia sintonizado na Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira, com especial atenção para o programa “Valdeci Menezes”. Aos domingos, a Rádio transmitia a Santa Missa celebrada pelo bispo dom Francisco. Na mesinha, duas gavetas contidas de vários livretos de cordel. Nas paredes da sala, os retratos do casal e um quadro entronizado do Sagrado Coração de Jesus.

A vida dos dois obedecia a uma rotina por demais organizada. Casados desde 1933, tiveram nove filhos, dos quais somente o primeiro vigou: José. Os demais rebentos, pereceram todos ao nascer, vítimas da eritroblastose provocada pela incompatibilidade sanguínea do casal.

Os dois eram católicos apostólicos romanos. Ela, chegando ao limite de ser considerada uma carola. Tudo em casa girava em torno da religião. Quitéria era quem rezava as novenas dos santos protetores; recomendava defuntos e, até batizados fazia quando as crianças nasciam doentes e não dava tempo de ir à igreja de Flores. A influência dela era tão grande que todas as crianças daquele Sítio lhes pediam a bênção. Manoel, passivo de temperamento, obedecia cegamente às determinações da mulher. Tudo, era ela quem resolvia. Ele se atinha aos afazeres da roça e da labuta diária com os animais: sete ou oito cabeças de reses, alguns bodes ovelhas e uma égua para montaria.

José, filho único, foi criado com todo cuidado e coberto de mimos – principalmente pelo pai -, mas monitorado, severamente, pela controladora mãe. Na infância, o menino franzino parecia mofino e até meio abestalhado: gostava de andar na lua da cela da besta em que o pai cavalgava, tocando, sem parar, um pequeno chocalho e vivia a correr atrás dos cabritos que o pai criava. Parecia até que o menino não era normal e que se faria, mais, tarde, efeminado - o que fazia lembrar Zé Maria, o filho de dona Sinhá do romance-ficção de Gilberto Freyre: “Dona Sinhá e o filho Padre”. Mas, não. Entrado na puberdade, José logo tomou corpo, deu um estirão e fez-se um rapaz bonito, de compleição forte e comportamento viril. Isso, talvez, para tristeza da mãe que tinha planos definidos para o futuro do filho.

O sonho de Quitéria era que José se tornasse padre. Malgrado ser impositora de tudo, nesse afã, a mãe não logrou êxito. Feito rapazinho, José deixou de correr atrás dos cabritos e passou a correr atrás das meninas do sítio onde morava e adjacências. Não podia ver nem resistia a um rabo-de-saia e logo, com apenas 16 anos de idade, encetou namoro com uma moça, chamada Maria do Carmo, mais conhecida por “Carminha”, o que não caiu no agrado da mãe. Na verdade, tudo que fugisse de seus planos sacerdotais, era reprovado pela austera mulher. Manoel não apitava em nada, só fazia dizer: “Ô Quitéra, deixa o menino...” Mas, a mãe, era renitente e passou a reprimir o rapaz, a proibi-lo de sair e de namorar com Carminha.

Tava criado o problema. A mãe repressora e, o rapaz, no auge de sua revolução hormonal, em busca da satisfação de desejos naturais que, muitas vezes, são incontroláveis, se rebelava quanto às determinações maternas. Em face disso, para Quitéria, acendeu-se a luz vermelha. Embora apegadíssima ao menino, ela resolveu acabar de vez com aquele namoro, para ela inconveniente. Chegado do Paraná, o seu irmão mais novo, João, que prosperava no ramo da agricultura naquele Estado, propôs levar o sobrinho para passar uns tempos com ele. Manoel foi contrário, mas, quem decidia era a mulher e esta concordou e despachou o rapaz com o tio para Umuarama no Paraná. Mal José saiu de casa, a mãe começou a se lastimar, arrependida. Não suportava a ausência do filho e, agora, pagava pelas consequências de sua intransigência. José prometeu a Carminha que voltaria para se casar com ela, mas, a moça, não esperou muito tempo: em menos de um ano arranjou outro namorado e casou-se na cidade de Carnaíba.

Quando crianças, eu e meus irmãos, íamos de Princesa, passar as férias escolares no sítio de madrinha Quitéria. Ela era irmã da minha mãe, Osana. Era um tempo de completa felicidade: fartura no comer, divertimentos com os tabaréus do lugar; caçadas com petecas (estilingues); jogos com bola de meia; cavalgadas em cavalos-de-pau; cuidado com o gado do tio e, para completar, um grande balanço instalado num dos galhos do frondoso umbuzeiro que ficava no terreiro da frente da casa. Uma beleza! Em que pese o temperamento controlador da nossa tia, tínhamos liberdade para brincar à vontade, mas, com hora marcada para tudo. Na casa da minha tia, tudo obedecia a uma rígida disciplina. As refeições, com todos à mesa, tinham hora certa, mesa posta, oração antes e depois de comer e silêncio durante o repasto. De manhã, o café com bolo de caco, ovos e queijo assado; às 11h00, almoço; às 04h00 da tarde um chá, ocasião em que apareciam alguns amigos do casal e, às 07h00 da noite, depois de rezar o terço da Virgem, o jantar.

Todos os dias, às 06h00 da tarde, madrinha Quitéria rezava o terço da Virgem Maria. Ela tirava o terço e nós, respondíamos às ave-marias e os padre-nossos, entremeados da recitação dos mistérios gozosos, gloriosos, dolorosos e luminosos, rezas de que até hoje, eu lembro décor. Na sala, que chamavam de varanda, todos de pé, sob a penumbra de uma placa, à querosene, dependurada na parede e, em frente ao quadro do Sagrado Coração de Jesus, rezávamos o terço e, sempre no final dessa oração, depois da citação de uma jaculatória, madrinha Quitéria rogava a Deus pelo retorno de José. Depois do terço, o jantar e, logo após a última refeição do dia, todos nos recolhíamos para dormir. Eu e meu irmão, Antônio, dormíamos em duas redes armadas na sala da frente e que eram sacudidas, ao amanhecer, quando tio Mané passava por debaixo delas batendo com os baldes que usava para tirar o leite das quatro vacas que criava no curral ao lado da casa.

No dia-a-dia da casa, tudo obedecia a uma rotina imutável.  Portadora de uma gastrite crônica, minha tia obedecia a uma dieta especial. Em que pese a mesa farta e de cozimento delicioso, ela, só comia arroz-de-leite com um pedaço de queijo e uma banana maçã. Quitéria era incansável na labuta diária.  Cuidava do fogão, fazia queijos de coalho - que Manoel levava, às segundas-feiras para entregar às freguesias, em Flores. Além dos queijos, minha tia fazia deliciosos bolos de massa puba, tapiocas e fiós. Para nós, que em Princesa vivíamos na privação da fartura, nas férias, descontávamos o atrasado, chegando até a engordar alguns quilos.

Mesmo com seu tempo consumido pela labuta diária e, envolvida com suas orações, Quitéria não esquecia de José. O tempo passava e, nem notícia do filho. Algo que me intriga até hoje é o fato de José jamais haver escrito sequer uma linha para dar notícias aos pais. Foi embora com o tio João e, fechou-se o mundo. Meus tios só sabiam de notícias do filho quando vinha alguém do Paraná e dava conta de que José estava, trabalhando e que sempre expressava o desejo de visitar os pais. Isso trazia algum alento à aflição da saudosa mãe. O pai, em sua passividade, nada dizia. Já Quitéria, esperançosa pelo retorno do filho, mantinha, num chiqueiro, vários capões para engorda e, todo final de tarde, quando escutava o apito do trem que passava por uma pequena estação que distava pouco mais de um quilômetro de sua casa, a mãe saudosa alimentava a expectativa de que José estava chegando e corria para a calçada da casa a espiar até a cabeça da estrada se vislumbrava a figura do filho querido.

Mas, José, não vinha, nem mandava notícias. No entanto, já depois de 10 anos de sua ida para o Paraná, chegou a notícia de que havia-se casado com uma moça de lá. A partir daí, Quitéria passou a receber cartas da nora que, além de informar sobre os nascimentos de seus netos, falava também sobre José, mas sempre com notícias ruins, dizendo que o marido tornara-se alcoólatra e que não conseguia se fixar em emprego algum, etc., etc. Certo dia, num fim de tarde, Manoel e Quitéria se surpreenderam com a repentina visita de Antônio (irmão mais velho de Quitéria) que veio de Flores, à cavalo, para trazer uma triste notícia: José havia-se suicidado. A partir daí, madrinha Quitéria entrou em depressão e decadência física, perdeu a vontade de viver e, mesmo sob o amparo de sua inabalável fé, sucumbiu a uma tristeza sem fim.



sábado, 23 de março de 2024

SABÁTICAS

. A política em Princesa está fervendo. Na última segunda-feira (18), o prefeito lançou seu candidato a prefeito. Garrancho é o nome dele, porém, quanto à vaga de vice, que foi oferecida a Zé Casusa para repetir a dose, este declinou do convite.

. Já nas hostes da oposição, será lançada hoje, oficialmente, a chapa completa para concorrer à prefeitura de Princesa em 6 de outubro.

. O anúncio será feito hoje, ao meio-dia, através da Rádio WEB Princesa, conjuntamente, por Rúbia Matuto, pelo suplente de deputado estadual doutor Aledson Moura e pelo advogado Sidney Filho.

. A emissora está instalada no prédio do “Memorial Vida”, logo ali na CURVA da Rua Belarmino Maia.

. No grupo da situação, todos acreditavam que o prefeito Nascimento abençoaria um dos nomes que lhes são de confiança: Ana Paula ou Fábio Brás. De repente, o alcaide tomou outra decisão e optou por Garrancho.

. Se era isso que Garrancho queria, parece que não era isso que a cúpula partidária desejava: ninguém demonstrou empolgação. Será que vão jogar o graveto aos leões?

. Nas esquinas já comentam que está sendo pífia a repercussão do nome de Garrancho para prefeito e que ele está meio em dúvida se vai mesmo trocar uma eleição certa para vereador e arriscar um enfrentamento com a Matuta e o bloco de oposição unido.

. Falar em Matuta, a casa da pré-candidata das oposições, na Praça “Zé Nominando” vive uma verdadeira romaria de eleitores que vão lhes declarar apoios. Onde será que Garrancho vai se arranchar?   

. As mães dos alunos da Rede Pública Municipal de Princesa já reclamam pelos cheques que endossaram para receber feiras e, até agora, nada.

. A prefeita de Juru, Solange Félix, será a entrevistada de hoje pelo portal “Entreverso”. Na ocasião, ela tratará de política e de administração pública.

. Os abraços de hoje, vão para: Rúbia Matuto, Aledson Moura, Sidney Filho, Alan Moura, doutor Sidney, Arley Moura, Flora Diniz, Thiago Pereira, Robson Matuto, Marçalzinho, Rosane Pereira, Tião Contador, Kelly Antas, Eliana Cordeiro, Bruna Rayane, Zé Alberto do Posto, Socorro Maia, Arnaldo Duarte, Erivonaldo Freire, Suely Araújo, Quitéria Virgulino, Júnior Fernandes, Jonas Rodrigues e Bruno Pereira.



Uma decisão difícil por uma jornada de Esperança

Minha história política é um testemunho vivo do poder da dedicação e da solidariedade. Desde o início da minha jornada, fiz dos menos favorecidos os pilares da minha missão. Em cada rua, em cada casa humilde, eu não apenas compartilhei da comida, mas me sentei à mesa do pobre, sentindo a gratidão transbordar quando me ofereciam abrigo para passar a noite. Esses momentos simples foram os alicerces da minha convicção de que o progresso começa com a empatia, com o compartilhamento da dor e das alegrias do nosso povo.

Enfrentamos tempestades e ventos contrários, mas a chama da esperança sempre queimou em nossos corações. Cada adversidade, longe de nos desanimar, nos impulsionou ainda mais. Com coragem inabalável e a convicção de que todos merecem uma vida digna, lutamos incansavelmente por justiça e igualdade de oportunidades. Ao lado do meu irmão, Dr. Aledson, travamos batalhas épicas em nome daqueles que sofrem em silêncio, daqueles que perderam a fé na política. Nossa determinação não conhecia limites; derramamos nosso suor, erguemos nossas vozes em clamor por mudança e, finalmente, fomos honrados com o reconhecimento do povo, expresso nas urnas com cada voto de confiança depositado.

Mas o poder nunca nos seduziu, pois sabíamos que a verdadeira riqueza reside na esperança que vocês depositam em nós. É essa confiança, esse respeito conquistado através de laços sinceros e do compromisso com o bem comum, que nos impulsiona a seguir adiante, mesmo quando as estradas são árduas e os obstáculos, aparentemente insuperáveis. Mesmo sem ocupar os cargos mais altos, decidimos continuar nossa missão ao lado do povo, aqueles que acreditam no poder da mudança. Nossa prioridade nunca foi o poder pelo poder, mas sim o serviço à nossa comunidade, a defesa incansável dos seus interesses e a luta por um futuro mais digno e promissor para todos.

Por isso, com profunda emoção e humildade, finalmente chegamos a uma decisão que, embora difícil, foi tomada com o coração cheio de gratidão e respeito por todos aqueles que nos apoiam. Quero expressar minhas sinceras desculpas a todos que depositaram sua confiança em mim, que sonharam com meu nome na chapa majoritária como vice. Reconheço o poder de agregação que temos construído ao longo dos anos, fruto do apoio e da dedicação de cada um de vocês. No entanto, esta decisão foi necessária para manter nosso grupo unido e para manter a chama da esperança acesa, a mesma esperança que todos vocês tanto precisam para continuar acreditando em dias melhores. Saibam que nossa luta está longe de terminar. Juntos, vamos seguir adiante, com determinação e coragem, rumo a um futuro onde a justiça, a igualdade e a dignidade sejam realidade para todos. Por isso, agradeço do fundo do meu coração a todos que caminham ao nosso lado, que acreditam na nossa visão e que nos dão forças para continuar. Prometo que não descansarei enquanto houver um único cidadão de Princesa que ainda carregue o peso da desigualdade. Unidos, continuaremos a escrever juntos essa história com capítulos de esperança, justiça e progresso para todos dessa terra amada.


Com compromisso, respeito, e muita humildade, assino esta carta ao povo de Princesa.

Dr. Alan Moura



sexta-feira, 22 de março de 2024

Marquinhos Gomes é mais um pré-candidato a vereador na chapa da Matuta

Há cada dia mais se robustece a composição da chapa proporcional do campo das oposições. Acaba de ser anunciado o nome do estudante Marquinhos Gomes como pré-candidato a vereador pelo partido da pré-candidata a prefeita, Rúbia Matuto. Marquinhos é um jovem militante da política, ligado à Igreja e muito atuante nas coisas atinentes à cultura. Seu nome é bem acolhido porque o jovem tem boa oratória e, acima de tudo, coragem de confrontar com seus adversários na disputa política. Esse garoto tem futuro.



A escolha de Sofia

Interessante um artigo anônimo que li ontem, escrito sobre a escolha do pré-candidato a prefeito pelo grupo liderado pelo senhor Ricardo Pereira do Nascimento. Embora um tanto rebuscada, a matéria, bem escrita, deixa intrínseco que o alcaide princesense foi obrigado a fazer a escolha que não queria. Induzido pela realidade dos números estatísticos das pesquisas eleitorais, Nascimento viu-se impedido de escolher um dos candidatos in pectoris (do seu peito, da sua confiança) e, com isso, vê-se agora, obrigado a apoiar um nome que não pode chamar de seu, tampouco lhe é da total confiança.

Nessa "Escolha de Sofia", há quem diga que o prefeito já antevê a eleição de 2028 quando, em seus cálculos otimistas, acredita que poderá voltar à ribalta. Insinuam também que seu compromisso com o escolhido não será o mesmo que poderia ser se o nome abençoado fosse da sua verdadeira vontade. Será que Garrancho vai assinar o tal documento de compromisso de que Nascimento tanto fala? Nos bastidores do poder já cochicham que o alcaide perdeu a safra na folha. Na verdade, difícil é a situação do Garrancho que tinha uma eleição garantida para vereador e pode, com essa candidatura a prefeito, haver sido jogado aos leões ou, sobrado na curva.



BANDA DE MÚSICA DE PRINCESA

Desde os últimos anos do Século XIX, Princesa possuiu orquestra filarmônica, o que chamamos também de Banda de Música. A primeira a ser criada na então Vila, foi por iniciativa do coronel Marcolino Pereira Lima que, desativada com a sua morte, foi mais tarde, nos anos 1920, recriada por seu filho, o coronel José Pereira Lima. Se anteriormente a Banda de Música de Princesa era composta, em sua maioria, por profissionais de outros lugares, a nova "Filarmônica Pereira Lima" se compunha, quase toda, por músicos nascidos em Princesa.

A orquestra móvel princesense teve vários maestros a lhe reger: José Lima de Siqueira; Jovelino Cândido Bezerra; Joaquim Leandro de Carvalho; Manoel Marrocos Sobrinho; Ozael Malaquias, dentre outros. Após a "Guerra de Princesa", em 1930, a cidade entrou em decadência cultural e a Banda de Música foi desativada sendo recriada, mais tarde, no governo do prefeito Gonzaga Bento. Hoje, porém, sem muita tradição, temos algumas bandas mistas (filarmônicas/marciais) que se apresentam, principalmente, em eventos escolares. Contudo, nenhuma se compara às Bandas de Música de antigamente.



Agora é definitivo: União das oposições em Princesa está selada e chapa será lançada amanhã

 

"Unidos para vencer e ponto final". Foi com esta declaração conjunta que os líderes da oposição, em Princesa, encerraram uma reunião ocorrida ontem à noite na casa da pré-candidata a prefeita, Rúbia Matuto. No encontro, estiveram presentes, além de Rúbia, o doutor Aledson Moura e o advogado Sidney Filho. Está, definitivamente, selada a união dos três grupos e definida também a chapa majoritária que concorrerá à eleição do próximo dia 6 de outubro.

Pelo que se verifica na foto acima, ninguém sobrou na curva e, o grupo, unido, parte forte para a disputa nas urnas. O anúncio oficial da chapa deverá ocorrer amanhã (23) durante programa radiofônico na Rádio WEB Princesa a partir do meio-dia, provavelmente com a presença dos senadores Efraim Filho (União Brasil) e Veneziano Vital do Rego (MDB). Com esse resultado, o grupo liderado pela Matuta segue fortíssimo em busca da vitória eleitoral.