ODE

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

QUE VENHA 2020




Hoje, no derradeiro dia de 2019, posso considerar este Ano um marco na minha vida. Aos quase 63 anos de idade, iniciei uma atividade diferente de tudo o que até então desenvolvera. Sem saber que sabia, inventei de escrever e criei este Blog, que vem noticiando as coisas de Princesa desde o último mês de abril e hoje já conta com mais de 1.500.000 (HUM MILHÃO E QUINHENTOS MIL) acessos. Não me considero um virtuose da escrita. Quando digo que sei escrever o faço porque os que leem inventaram isso quando tecem alguns comentários abonadores a respeito. Se para me agradar, não sei. Só sei que estou nessa lida há quase um ano e observo que muitos caíram e continuam caindo na besteira de acompanhar. Enquanto acessarem, curtirem, compartilharem, continuarei escrevendo. Dá-me prazer saber que alguns gostam do que escrevo, mas, o que mais me gratifica é a oportunidade que esse veículo me proporciona de resgatar as coisas de Princesa; rememorar fatos e figuras ilustres que ajudaram a construir a nossa história. Nesse finzinho de 2019, aproveito para agradecer a atenção de todos; os elogios; as críticas e para desejar aos que acompanham este Blog, um Ano Novo cheio de realizações com muita paz e muita alegria. Feliz 2020!


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

“DECRETO” NEFASTO




Um “Edito” velado, determinado pelo prefeito Nascimento, estabeleceu que a partir de hoje, até o final das festividades de “Final de Ano” está, terminantemente, proibido de as pessoas adoecerem no âmbito do município princesense. Velado porque não estampado em papel, ou publicado oficialmente. A ordem é para que o Hospital Municipal entre em recesso e as Unidades Básicas de Saúde estejam fechadas para atendimento. Portanto, quem pensar em adoecer nesses dias, deverá esquecer essa ideia e adiá-la para os dias seguintes ao dia 06 de janeiro de 2020. Aliás, 20 + 20 são iguais a 40! Os que, indisciplinadamente, adoecerem deverão ficar de quarentena até o final do recesso médico-hospitalar e o retorno dos atendimentos nos Postos de Saúde. Remédio? Nem pensar. No entendimento do prefeito Nascimento, o momento é de confraternização e descanso. Mesmo com a adoção do slogan: “Nada supera o trabalho”, nesse Réveillon, trabalhar, nem pensar. E, àqueles que, doentes, não têm condições de procurar os serviços médicos particulares, podem estar condenados ao descanso eterno.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





NÉLSON BARBOSA DE ARAÚJO nasceu em Princesa, em 27 de maio de 1962. Filho do agricultor João Barbosa de Lima e de dona Anália Alves de Araújo Lima. Estudou as primeiras letras e o curso fundamental na Escola Municipal Rural Mista do sítio “Saco dos Deodatos”. Adolescente, veio para Princesa onde fez os cursos ginasial e médio na Escola Cenecista “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Desde criança, apresentou pendores para a arte das letras na modalidade poesia e cordel. Terminadas as jornadas educacionais que poderiam ser feitas em Princesa, Nélson transferiu-se para a capital do Estado, João Pessoa, onde prestou vestibular e iniciou o curso de graduação em Letras. Formado, fez Mestrado e Doutorado, tudo isso na UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Finda essa etapa, preparou-se, em pós-doutoramento pela Universidade de Portugal.

Intelectual das letras e sua produção literária

Ao completar seus estudos, Nélson Barbosa, preparadíssimo, já era um virtuose na feitura de poesias e exímio contador de histórias, principalmente das que tratam do folclore do sertão e das coisas que dão conta da famosa “Guerra de Princesa”. Empedernido amante de Princesa e regionalista por excelência, homem que cultua os símbolos e as indumentárias que caracterizam o homem do sertão, Nélson Barbosa nunca esqueceu a Terra, tendo-a sempre como tema de suas criações literárias. Sobre nosso biografado, escreveu a jornalista e crítica de arte, Cibelly Correia, no Jornal “Contraponto”, em janeiro de 2012:

“Ele me disse que quando nasceu, surgiu nas redondezas uma grande questão: ninguém sabia dizer se ele era doido ou poeta; mas foi o escutando que cheguei a uma conclusão: se ele era doido? Eu não sei. Se ele era poeta? Eu pensei, deve haver um pouco de loucura e poesia nas rimas desse contador, na qual a realidade e a fantasia se misturam para contar as milhões de histórias que Nélson Barbosa tem para falar”.

Criado na Zona Rural, onde se dissemina com paixão a prática das cantorias promovidas por cordelistas, Nélson cresceu nesse meio e, além de já naturalmente propenso a essa arte, teve o incentivo doméstico da mãe Anália, de quem certamente herdou a tendência para fazer versos, e de seu tio Laurindo Antônio de Medeiros, grande cordelista e charadista da “Escorregada”. Desde criança, adorava escrever cordéis, principalmente sobre a invasão (que não houve) de Princesa. Hoje, tem decorado todos os ritmos e modalidades da cantoria. Com já vimos, além da graduação em Letras, Barbosa tem especialização em pedagogia e é mestre em Semiótica e Linguística e doutor em Literatura Oral e Tradicional. Segundo reportagem assinalada no Jornal “Contraponto”, datada de janeiro de 2012: “(...) Apaixonado pela história da cidade onde nasceu Nélson focou seus estudos para contar a Guerra de Princesa, no contexto da Revolução de 30, sob o ponto de vista do povo”. Nas palavras do nosso biografado: “Eu que vim de lá escutando meu pai e todo o povoado dizer: ‘Foi bem ali que aconteceu isso e aquilo’. Fiquei com isso na cabeça. Então resolvi fazer meu trabalho de mestrado e do doutorado expondo a Guerra sob a visão dos moradores. Em 1999, com uma ideia e uma câmera na mão, me ‘mandei’ para Princesa, para entrevistar essas pessoas que brigaram na guerra ou que foram testemunhas oculares”. Amante da literatura regional e folclorista escreveu um livro em cordel intitulado: “A Caipora e o Fim do Mundo”. Defensor da natureza, Nélson Barbosa escreveu, em 2011, um trabalho tratando de um massacre de quatorze gatos ocorrido nas dependências da UFPB, que nominou de: “Massacre dos Gatos”. O nosso cordelista lançou também, em 2009, o curta-metragem: “Casa de Lirismo”. Esse documentário foi gravado em sua própria casa e mostra toda a sua poesia, através das rimas, mostrando as ficções e as lendas, na qual os personagens tentam dar vida às suas histórias. O filme em tela foi premiado no Festival Internacional de Curtas em São Paulo e exibido no Cineport – Festival de Cinema de Países de Língua Portuguesa.

Auto definição do poeta e algumas estrofes

Nas palavras de Nélson Barbosa, o poeta se auto define: “Minha poesia é a alma da poesia sertaneja. Ela é essencialmente popular e dispensa o dicionário. Meu poema tem tradição dos dizeres populares e tudo o que está implantado na mente desse sertanejo ao longo do tempo, tem humor e uma mensagem de cunho social. Minha narrativa sempre tende a voltar à natureza e mostrar toda a grandeza que está nas estrelas”. Em reconhecimento e agradecendo ao jornal “Contraponto”, que lhe prestou homenagem em vasta reportagem sobre sua arte e sua vida, Nélson fez de improviso, alguns versos que consideramos importante aqui reproduzi-los:

A marca desse Jornal
É fruto de um grande encontro
Entre os mestres da palavra
Da poesia e do conto
Pelo Carvalho da Lei
Seu nome já decifrei:
É o JORNAL CONTRAPONTO.

É barato e tem desconto
Quão verdadeiro e profundo
Por isso que é um sucesso
Seu conteúdo fecundo
É a senha da verdade,
Noticiando a Cidade,
Estado, Brasil e Mundo.

É primeiro sem segundo
É signo universal
Que me inspira um apelo
Para a força divinal
Proteger, nesse ano novo
O Contraponto do povo
Tão precioso Jornal.

Nélson Barbosa de Araújo, esse princesense que engrandece a nossa terra quando, através de sua arte, divulga sua história aos quatro cantos com exímia competência e criatividade, está a merecer ser inscrito no rol dos filhos ilustres de Princesa.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

COMUNICADO AOS SERVIDORES MUNICIPAIS





Atenção servidores municipais, aposentados e pensionistas que não receberam o 13º Salário de 2019: o prefeito Nascimento, completamente sem frescura e corroborando os slogans: “O futuro é de quem trabalha!” e “Nada supera o trabalho!”, comunica a todos que o Réveillon de hoje, será regado a nada, pois, mesmo havendo sido eleito dizendo que não atrasaria salários, anunciou que o pagamento da “Gratificação Natalina”, que deveria ser feito até o dia 20 de dezembro deste ano que se finda, somente será paga no próximo ano. Em que pese essa má notícia, nada a estranhar, uma vez que isso comprova o comportamento mentiroso de Nascimento quando diz que tudo está em dia, que tudo vai bem. Para os servidores, aposentados e pensionistas sem 13º Salário e para os comissionados e contratados que têm alguns meses de salários em atraso; aos servidores do Hospital Municipal que também estão sem receber em dia, desejamos um “Feliz Ano Novo” e, para Nascimento, recomendamos que mande chamar “Xand Aviões” para aparar seu nariz de mentiroso.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.

SAUDADES DE MARIA COSTA





O “cachorro quente” mais gostoso que já comi na vida foi o que Maria do Carmo Costa, (mais conhecida por “Maria Costa”), fazia e vendia na porta do Ginásio “Nossa Senhora do Bom Conselho”. Vendia fiado e anotava numa pequena caderneta e, no mais das vezes era por nós enganada quando deixávamos de pagar, ou a enrolávamos, diminuindo a conta. Maria Costa era uma figura de porte raquítico, morena quase preta, pequenina, porém adorável de temperamento, simples, humilde e muito trabalhadora. Além de fazer “cachorro quente”, fazia também tapiocas com coco e, no dia a dia, trabalhava como cozinheira em casas de famílias, para prover o sustento de alguns familiares pobres como ela. Os princesenses que como eu estão hoje na terceira idade e que estudaram no Ginásio, hão de lembrar-se dessa figura antológica da nossa adolescência e juventude. Aos que tiverem acesso a essa matéria, tenho certeza de que, ao lê-la, sentirão o cheiro e o sabor gostoso do “cachorro quente” de Maria Costa. Viveu pouco aquela lutadora pela vida. Contraiu uma doença, foi para o Recife tratar-se sob os auspícios de seu irmão Raimundo Costa, mais conhecido como “Costiano” e lá morreu, e lá foi sepultada. Saudades de Maria Costa. Em sua homenagem, quando prefeito, mandei nominar uma das ruas do Bairro “São Francisco”, em Princesa, com duas placas com a inscrição: “Rua Maria Costa”.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019.