A frase que intitula esta matéria é do Brigadeiro Eduardo
Gomes, candidato inglório em duas eleições consecutivas para a presidência da
República e combatente ferrenho da ditadura do Estado Novo. Lembro isso agora,
diante dos constantes movimentos promovidos pelo chamado bolsonarismo, contra a instituições democráticas do Brasil. Para se
ter uma ideia, dos oito deputados que estão pendurados, no Conselho de Ética da
Câmara Federal, a espera de julgamento, sete, são acusados de conspirar contra
a Constituição Federal, quando participaram de movimentos públicos, ou pelas Redes
Sociais, em que defenderam o fechamento do Congresso Nacional e do STF –
Supremo Tribunal Federal, sem falar nas ameaças contra a integridade física de
algumas autoridades componentes desses poderes, sempre com a participação ou
com o aval do presidente Jair Bolsonaro. Diante dessa esdrúxula e perigosa
situação, faz-se atual a frase do Brigadeiro Eduardo Gomes, o que nos põe em
alerta contra esses movimentos golpistas.
A praxe do golpe
Em que pese termos, no país, uma democracia já mais ou menos
consolidada - são 35 anos de pleno Estado Democrático de Direito -, o que
vemos, depois da instalação da extrema direita no poder, nos assusta, uma vez
que as conspirações, quando vêm ou são abençoadas pelos detentores do poder, se
fazem muito mais graves, sem falar na vocação golpista que tem sido uma praxe
no Brasil. A ruptura com Portugal, que culminou com a Independência, não foi
outra coisa senão um golpe; a derrubada de Dom Pedro I e a Maioridade de Dom
Pedro II foi também uma ação golpista; a proclamação da República, idem; a
renúncia do marechal Deodoro da Fonseca e a assunção do vice-presidente,
Floriano Peixoto foi um golpe; o fim da República Velha, com a eclosão da
Revolução de 1930 - o que teve a efetiva participação de Princesa -, foi um golpe;
a instalação do Estado Novo, em 1937, nada mais foi do que um golpe para
impedir as eleições marcadas para 1938, quando, certamente, seria eleito o paraibano,
José Américo de Almeida; a ditadura militar que derrubou João Goulart foi o
golpe mais violento; por fim, o impeachment
da presidente Dilma Rousseff, defenestrada do poder para proibir que o PT
continuasse roubando, mesmo assim, foi também um golpe. Agora, é a vez da
extrema direita querendo se perpetuar no poder. Diante desse histórico nada
abonador à liberdade, rememorar o alerta do Brigadeiro, faz-se atualíssimo e
necessário nesse momento crucial de ameaças à nossa democracia.
DSMR, em 23 de fevereiro de 2021.
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