PAULO MARIANO E AS APURAÇÕES DE 1988
As eleições de 1988
em Princesa foram pródigas em fatos engraçados. Um particularmente, foi sobre as apurações.
Paulo Mariano, que foi escrutinador, tomando umas e outras no bar do saudoso
“Gera”, logo após as eleições desse ano, fez a maior galhofa com relação às
apurações que acabavam de terminar. Ele próprio que já havia sido, por várias
vezes escrutinador de apurações eleitorais (desta feita impedido de sê-lo
novamente, pois, havia sido candidato), portanto credenciado para inventar a
brincadeira que reproduziremos a seguir. Muitos haviam sido os candidatos a
vereador que não obtiveram êxito eleitoral. Dentre eles, o próprio Gera dono do
referido bar, acompanhado de Zé de Ana, Ana de Benami, Pajé, Zé do Motor,
dentre outros. Todos já muito revoltados com o resultado negativo nas urnas,
cada um procurando a causa do insucesso ou o culpado pela derrota, ficaram
ainda mais chateados e tristes quando souberam por Paulo, o que motivara suas
derrotas e que tinham perdido a eleição nas apurações.
Os fatos causadores das derrotas
Segundo Mariano, que
dizia sentado à uma das mesas do bar de “Gera”, as derrotas de alguns candidatos
teriam sido arquitetadas pelos escrutinadores: Marçalzinho, Braga, Ilo Cardoso,
Eduardo Abrantes e este escrevinhador, dentre outros, haviam formado um complô
para prejudicar os candidatos acima citados. Agiam, segundo Paulo, esses
“mafiosos” fraudadores, da seguinte forma: os votos que estavam consignados
para os candidatos em tela eram adulterados pelos escrutinadores que
acrescentavam ou suprimiam alguns caracteres aos seus nomes ou apelidos,
alterando assim, a intenção do eleitor, o que o faziam da seguinte forma: Se o
voto destinava-se para PAJÉ (apelido de Nivaldo Siqueira, bom companheiro e
ex-vereador), por exemplo, eles acrescentavam segundo Paulo, o termo “RALDO”,
formando a palavra ‘PAJERALDO’ e o voto era computado para Geraldo Rodrigues
(que foi eleito); quando o voto era designado para ‘GERA DO BAR’, os tais
escrutinadores alegavam que deveria esse voto, ser computado também para
Geraldo Rodrigues, pois, este teria sido balconista do bar pertencente à sua
prima Odívia Maximiano nos idos de 1960. Essas histórias eram contadas na
frente dos próprios candidatos derrotados que ficavam irados com a informação
por conhecerem aí o motivo do malogro eleitoral. Certa manhã, quando Benami
Advíncola (camarada de constantes bate-papos naquele bar), adentrou ao bar de
“Gera” para molhar a garganta, Paulo Mariano o chamou para uma mesa e começou a
contar-lhe como se procedeu a apuração dos votos para vereador nas últimas
eleições. Disse a Benami, o velho comunista, que quando o voto estava expresso,
na cédula eleitoral, para sua esposa ANA – que deveria ser computado para Ana
de Benami, uma vez que era ela a única candidata a vereadora com esse nome -,
os escrutinadores acima mencionados, acrescentavam, antes do nome de ANA, a
expressão “ZÉ DE”, ficando manifesto o voto para “ZÉ DE ANA”, em prejuízo da candidata.
Já no dia seguinte, ao avistar o ex-candidato Zé de Ana passando em frente ao
bar do Gera, Paulo Mariano o chama e conta-lhes que sua derrota foi provocada
pelos apuradores em tela, uma vez que, quando encontravam um voto assinalado
com o nome “ZÉ DE ANA”, apagavam, com uma borracha de tinta, a expressão ”ZÉ
DE”, deixando somente “ANA”, sendo, assim, o voto, computado para a esposa de
Benami.
Consequências
Dessa forma, fez Paulo
Mariano a intriga de alguns candidatos com os escrutinadores o que perdurou por
muito tempo. Essa subversão promovida pelo comunista, causou sérios problemas.
Com Eduardo Abrantes, por exemplo, ele quase foi às vias de fato. Felizmente,
com o passar do tempo, tudo terminou em paz. Os derrotados perceberam a
brincadeira de Paulo e se conformaram. Dada a repercussão do caso, os
escrutinadores envolvidos nessa falácia de Paulo – inclusive o próprio -,
foram, pelo Juiz Eleitoral, excluídos de participarem das apurações futuras,
principalmente Paulo que, além dessas estripulias, levava sempre, para o local
da apuração, uma garrafa térmica contida de “cuba libre” (a mistura de ron
montilla com Coca-Cola) para beber, durante os trabalhos, como se fora café.
Paulo Mariano foi embora de Princesa para João Pessoa, a tranquilidade
eleitoral voltou a reinar e as raivas arrefeceram com o tempo.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 23 de setembro de 2019).
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