ODE

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE PRINCESA


   




PAULO MARIANO E AS APURAÇÕES DE 1988

    As eleições de 1988 em Princesa foram pródigas em fatos engraçados. Um  particularmente, foi sobre as apurações. Paulo Mariano, que foi escrutinador, tomando umas e outras no bar do saudoso “Gera”, logo após as eleições desse ano, fez a maior galhofa com relação às apurações que acabavam de terminar. Ele próprio que já havia sido, por várias vezes escrutinador de apurações eleitorais (desta feita impedido de sê-lo novamente, pois, havia sido candidato), portanto credenciado para inventar a brincadeira que reproduziremos a seguir. Muitos haviam sido os candidatos a vereador que não obtiveram êxito eleitoral. Dentre eles, o próprio Gera dono do referido bar, acompanhado de Zé de Ana, Ana de Benami, Pajé, Zé do Motor, dentre outros. Todos já muito revoltados com o resultado negativo nas urnas, cada um procurando a causa do insucesso ou o culpado pela derrota, ficaram ainda mais chateados e tristes quando souberam por Paulo, o que motivara suas derrotas e que tinham perdido a eleição nas apurações.

Os fatos causadores das derrotas

     Segundo Mariano, que dizia sentado à uma das mesas do bar de “Gera”, as derrotas de alguns candidatos teriam sido arquitetadas pelos escrutinadores: Marçalzinho, Braga, Ilo Cardoso, Eduardo Abrantes e este escrevinhador, dentre outros, haviam formado um complô para prejudicar os candidatos acima citados. Agiam, segundo Paulo, esses “mafiosos” fraudadores, da seguinte forma: os votos que estavam consignados para os candidatos em tela eram adulterados pelos escrutinadores que acrescentavam ou suprimiam alguns caracteres aos seus nomes ou apelidos, alterando assim, a intenção do eleitor, o que o faziam da seguinte forma: Se o voto destinava-se para PAJÉ (apelido de Nivaldo Siqueira, bom companheiro e ex-vereador), por exemplo, eles acrescentavam segundo Paulo, o termo “RALDO”, formando a palavra ‘PAJERALDO’ e o voto era computado para Geraldo Rodrigues (que foi eleito); quando o voto era designado para ‘GERA DO BAR’, os tais escrutinadores alegavam que deveria esse voto, ser computado também para Geraldo Rodrigues, pois, este teria sido balconista do bar pertencente à sua prima Odívia Maximiano nos idos de 1960. Essas histórias eram contadas na frente dos próprios candidatos derrotados que ficavam irados com a informação por conhecerem aí o motivo do malogro eleitoral. Certa manhã, quando Benami Advíncola (camarada de constantes bate-papos naquele bar), adentrou ao bar de “Gera” para molhar a garganta, Paulo Mariano o chamou para uma mesa e começou a contar-lhe como se procedeu a apuração dos votos para vereador nas últimas eleições. Disse a Benami, o velho comunista, que quando o voto estava expresso, na cédula eleitoral, para sua esposa ANA – que deveria ser computado para Ana de Benami, uma vez que era ela a única candidata a vereadora com esse nome -, os escrutinadores acima mencionados, acrescentavam, antes do nome de ANA, a expressão “ZÉ DE”, ficando manifesto o voto para “ZÉ DE ANA”, em prejuízo da candidata. Já no dia seguinte, ao avistar o ex-candidato Zé de Ana passando em frente ao bar do Gera, Paulo Mariano o chama e conta-lhes que sua derrota foi provocada pelos apuradores em tela, uma vez que, quando encontravam um voto assinalado com o nome “ZÉ DE ANA”, apagavam, com uma borracha de tinta, a expressão ”ZÉ DE”, deixando somente “ANA”, sendo, assim, o voto, computado para a esposa de Benami.

Consequências

 Dessa forma, fez Paulo Mariano a intriga de alguns candidatos com os escrutinadores o que perdurou por muito tempo. Essa subversão promovida pelo comunista, causou sérios problemas. Com Eduardo Abrantes, por exemplo, ele quase foi às vias de fato. Felizmente, com o passar do tempo, tudo terminou em paz. Os derrotados perceberam a brincadeira de Paulo e se conformaram. Dada a repercussão do caso, os escrutinadores envolvidos nessa falácia de Paulo – inclusive o próprio -, foram, pelo Juiz Eleitoral, excluídos de participarem das apurações futuras, principalmente Paulo que, além dessas estripulias, levava sempre, para o local da apuração, uma garrafa térmica contida de “cuba libre” (a mistura de ron montilla com Coca-Cola) para beber, durante os trabalhos, como se fora café. Paulo Mariano foi embora de Princesa para João Pessoa, a tranquilidade eleitoral voltou a reinar e as raivas arrefeceram com o tempo.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 23 de setembro de 2019).

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