terça-feira, 26 de novembro de 2019

EMANCIPAÇÃO DOBRADA





Hoje, Princesa comemora a sua verdadeira Emancipação Política. Foi no dia 26 de novembro de 1875 que o termo de “Bom Conselho”, através da Lei nº 597, foi desligado da Vila de Piancó e passou a chamar-se Villa de Princêza, em homenagem à herdeira da coroa imperial brasileira, a princesa Isabel Cristina. Depois da publicação dessa Lei, problemas políticos provocaram sua suspensão e a edição de outra que anulou seus efeitos e retornou a Vila à condição de distrito de Piancó. Porém, por força da Lei nº 705, de 03 de dezembro de 1880, o termo foi restaurado, definitivamente, à condição de Vila, sendo, por esta mesma Lei, criados os tabelionatos do Poder Judicial, a capela - consagrada a Nossa Senhora do Bom Conselho -, elevada à condição de Matriz e definidos os limites da freguesia. A dubiedade quanto à definição da verdadeira data do nascimento da municipalidade princesense, vem causando muita polêmica, pois, até hoje, se comemora como data da Emancipação Política do município o dia 18 de novembro de 1921. Após investigações acuradas do pesquisador Francisco de Carvalho Florêncio, veio à tona a verdadeira data do aniversário da cidade, quando aquele historiador trouxe à luz, através da publicação do trabalho de pesquisa de sua autoria: “PROCESSO HISTÓRICO DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA, ADMINISTRATIVA E JUDICIÁRIA DO MUNICÍPIO DE PRINCESA ISABEL (PARAÍBA) – 2017 – pp. 20.”. Desse trabalho transcrevemos o discurso - proferido por ocasião da instalação da nova Villa de Princêza -, pelo Juiz de Direito da Comarca de Piancó, doutor Juvenal Rodrigues da Silva, o que consideramos o Registro de Nascimento da municipalidade princesense e um atestado da patente vocação de Princesa para o progresso:

“(...) Senhores! Era o povoado de Bom Conselho, antigo Distrito da Perdição, o maior, o mais comercial e o mais habitado por homens laboriosos e mais abastados desta Comarca, cujo coração é Piancó, a Vila Velha, como com muita propriedade a chamam, ao passo que definhava a olhos vistos. O Bom Conselho que lhe estava sujeito florescia com maravilhosa progressão. Parecia por isto, uma verdadeira anomalia estar subordinado o progresso à decadência, o vigor à fraqueza, o forte ao fraco - Era Bom Conselho um mancebo em too o ardor de sua idade, o Piancó um velho decrépito já pendido para o túmulo – Em tais condições, foi pela justa lei provincial n. 597 de 26 de novembro do ano passado elevado Bom Conselho à categoria de vila, com a significativa denominação de Vila de Princesa, em alusão aquela que, sendo a primogênita do nosso Magnânimo Monarca, é também a herdeira presuntiva do trono (...)”.


Fim da polêmica

Fica patente agora que Princesa criou identidade própria a partir de 26 de novembro de 1875, portanto, há exatos 144 anos. É essa a data certa. Diante dessa determinação histórica, resta às autoridades municipais acatar os resultados da pesquisa do senhor Francisco Florêncio, transferir o feriado do dia 18 de novembro para o dia 26 do mesmo mês, mudar as legendas da Bandeira e do Brasão, aproveitando para tirar a coroa de Rei e botar uma coroa de Princesa e, por que não? Comemorar tudo junto, iniciando as festividades (quando mudarmos o prefeito “adiador”) no dia 18, culminando com o encerramento no dia 26. Nada demais comemorarmos também o 18 de novembro uma vez que foi a partir dali que a Vila foi transformada em cidade, em município. Urge que sentem todos à mesa, pesquisador, prefeito, vereadores, e resolvam de vez essa querela histórica, pois, Princesa tá ficando velhinha e carecida de cuidados e reconhecimento de sua importância.


A última controvérsia

Resta apenas uma polêmica a ser resolvida. Refere-se à divulgação feita semana passada, por um veículo noticioso, dando conta de que Princesa estava comemorando 144 anos de Emancipação Política; 98 anos de transformação em cidade e 253 anos de História. Há controvérsias quanto a essa assertiva, pois, quando os desbravadores - mandados por Lourenço de Brito Correia -, aqui chegaram em 1766, já encontraram habitando estas terras, os Índios Coremas e Tapuios, da nação Cariri. Se quem faz a história é a presença humana, a história de Princesa remonta a data muito mais antiga do que aquela da conquista do território pelo elemento branco. Aliás, temos provas indubitáveis sobre a presença de índios nos primórdios da Villa de Princêza. Além do trabalho de pesquisa desenvolvido pelo historiador princesense, Emmanuel Conserva de Arruda - o que resultou em tese de doutoramento -, temos a constatação de que existiam comunidades indígenas no Sítio “Serrote dos Tapuios” no município de Manaíra/PB (antigo Distrito de Alagoa Nova pertencente ao município “velho” de Princesa), onde residem ainda hoje, seus descendentes. Nesse caso não é somente um homem que faz a história, mas, os homens, inclusive os Índios.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 26 de novembro de 2019).

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