terça-feira, 28 de janeiro de 2020

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS ENGRAÇADAS DE PRINCESA


     



MANITO E O COMÍCIO NO SÍTIO ALMAS


Em 1970, na campanha eleitoral  foi candidato a deputado estadual, Manito, atendendo ao convite do amigo de seu avô (“seu” Mano), correligionário e vereador Severino Ferreira de Sousa (Nêgo Bonfim), partiu para fazer um comício no arruado das Almas, ligado ao povoado de Patos de Irerê, então pertencente a Princesa. Lá chegando, o candidato começou a estabelecer os contatos necessários para arregimentar eleitores para a concentração de logo mais à noite. Sentindo que a coisa não estava muito animada, Manito teve uma ideia: Triunfo. Chamou seu motorista, conhecido como “Chico da Caçamba” e foi à vizinha cidade pernambucana, que dista pouco mais de 01 quilômetro daquele arruado.

Arregimentação complicada

Chegando a Triunfo, o candidato começou a tomar algumas talagadas de cachaça e aproveitou para fazer alguns contatos com amigos e conhecidos, com o intuito de convidá-los para o evento político que aconteceria naquela noite. Não satisfeito com os chamamentos já realizados resolveu, o candidato, convocar as moradoras do Bairro do “Gato Preto”. Lá chegando, ocupou uma das mesas dos muitos bares ali existentes e passou quase que o resto da tarde em farra com as mulheres que lá faziam ponto. Aproveitou a oportunidade e convidou a todas para o comício. Já ”puxando fogo” pagou a conta, desceu a ladeira e voltou para as Almas. Chegando de volta ao arruado, constatou que já estava tudo pronto para a festa cívica: o caminhão-palanque já estava no lugar e todo enfeitado com as cores do partido; as galinhas para o jantar já estavam mortas; as cervejas conservadas no pó de serra dentro de um pote de barro e, o povo dos sítios vizinhos começando a chegar.

Animação abortada

Todos já estavam muito alegres. De repente, a coisa ficou mais animada ainda com a chegada de uma camioneta, repleta de moças muito maquiladas e vestidas com trajes curtos e muito decotados. Serelepes, já desceram do carro saracoteando e fazendo grande algazarra. Aconteceu o comício. “Manito” discursou (falava bem), como sempre, enaltecendo a todos os presentes, agradecendo aos anfitriões e pedindo votos para a sua eleição. Foi ovacionado, principalmente pelas convidadas especiais que gritavam sem parar: “Manito!”, Manito!”, “Manito!”. Terminada a fala do candidato, falou o vereador Nêgo Bonfim (que também era conhecido como Nêgo Benedito), agradecendo as presenças de todos e convidando os circunstantes para se confraternizarem num jantar na casa de seu sogro o senhor João Benedito. Encerrada a manifestação política, desceram todos do palanque e foram para a casa do anfitrião comer galinha de capoeira com arroz de festa e tomar vinho jurubeba e cerveja morna.

Tudo em desordem

Junto aos primeiros convivas que tomaram assento à mesa de “seu” João Benedito, estavam – muito alegres e zoadentas -, as torcedoras de “Manito”. Adentrando à casa, o neto de seu “Mano” já encontrou o velho na sala, sobrancelhas arqueadas, expressão carrancuda, a perguntar-lhe mesmo antes de abrir a boca, que situação era aquela. “Manito” entendeu a aflição do dono  da casa e perguntou:

“Tá tudo em ordem, seu João?”, ao que o velho respondeu: “Tá tudo em ordem o quê, Manito! Você enche a minha casa de rapariga e ainda vem me perguntar se tá tudo em ordem?!”.
     
A festa foi um aborto. Acabou-se antes de começar. Por interveniência do ex-vereador Valdemar Barbosa – líder político da região -, que estava presente e do genro do anfitrião, a casa do velho foi evacuada das quengas e a festa foi transferida para local mais apropriado: a zona do “Gato Preto”, em Triunfo.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 28 DE JANEIRO DE 2020.

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