segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

PRINCESENSE, SIM SINHÔ!





Apesar de tudo, Princesa segue impávida! Nada melhor do que sentir orgulho da terra onde nascemos. Quando vimos pessoas dizendo que nasceram em outro lugar que não o seu, numa negação de suas origens, sentimo-nos diferenciados porque fazemos questão de dizer que somos de Princesa. É prazeroso dizer, quando perguntados onde nascemos: “Sou de Princesa!” Essa cidade tem um charme especial. Tanto, que muitos que aqui aportaram, quando instados dizem que são daqui e outros, mais sinceros, admitem não ser princesenses emendando que gostariam de sê-lo. Existem os princesenses e os “princesados”. Meu amigo Valdério Vasconcelos de Siqueira, que foi Promotor de Justiça aqui em Princesa, me disse certa vez: “Orgulhem-se todos vocês, pois, nasceram no chão mais histórico da Paraíba!”. Em nosso Estado, depois da guerra pela Conquista da Parahyba, em 1585, foi em Princesa onde aconteceu o único conflito de monta e de grande repercussão nacional. Princesa é a única cidade no Brasil que, um dia, declarou-se separada de seu Estado, constituindo-se em “Território Livre”, submetendo-se politicamente somente à União e com Hino, Bandeira e Jornal próprios. Isso ocorreu em 09 de junho de 1930, através de Decreto expedido pelo coronel José Pereira Lima e que foi lido nas duas Casas do Congresso Nacional.

Consagrada na História

Lamentável que não se tenha dado, até agora, a importância necessária aos acontecimentos que fizeram de Princesa uma das cidades mais históricas do Brasil. Segundo um amigo que pesquisa e estuda movimentos sociais acontecidos nas pequenas cidades do interior do Brasil e que, de alguma forma tiveram repercussão nacional, Princesa figura como a 11ª no ranking de importância histórica, ao lado de Canudos/BA; Juazeiro do Norte/CE; Tejucupapo/PE; Mossoró/RN; Ouro Preto/MG; Palmares/PE; Farroupilha/RS, dentre outras. Foi Princesa o “laboratório” que criou o caldo de cultura para a eclosão da Revolução de 1930. Não fora o movimento rebelde iniciado em 18 de fevereiro daquele ano e findo quando do assassinato do presidente João Pessoa, o movimento revolucionário poderia ter acontecido sim, porém, não naquele momento. A “Guerra de Princesa”, provocadora de graves dissenções na política paraibana o que culminou com o violento ato do advogado João Duarte Datas quando matou João Pessoa, foi o estopim da Revolução de 30. Se houvesse empenho do Poder Público, esse resgate traria à tona informações da maior importância histórica. O movimento revolucionário de 1930 foi um divisor de águas na história republicana do Brasil. Foi-se embora a chamada República Velha e novos tempos vieram trazendo algumas conquistas sociais, políticas, econômicas, etc., muito importantes para o país.

Material Humano

Fazendo jus à sua importância histórica, Princesa não está fadada ao esquecimento total graças aos filhos que produziu. Como bem disse em Perfil Biográfico recentemente divulgado por este Blog, aqui nasceu o coronel José Pereira Lima, aquele que promoveu a rebeldia de 1930 quando não permitiu que a cidade fosse invadida pela policia paraibana. Aqui nasceu o grande tribuno, político, ministro e intelectual, Alcides Vieira Carneiro, que hoje figura na lista dos 100 maiores tribunos da história da humanidade, ao lado do grande orador romano, Cícero. É de Princesa o escritor Aldo Lopes de Araújo, o maior de Princesa, que hoje encabeça uma Antologia de escritores Paraibanos, encomendada pelo Governo do Estado, ao lado de José Américo de Almeida, Coriolano de Medeiros, Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo, dentre outros grandes intelectuais paraibanos. É princesense o maior cientista paraibano na área de oftalmologia, Osvaldo Travassos de Medeiros, inventor consagrado com várias patentes registradas. Nasceu aqui o grande violonista, Francisco Soares de Araújo, consagrado como “O Canhoto da Paraíba”, compositor e virtuose do violão reconhecido nacionalmente. Em Princesa nasceu também o músico, maestro e compositor, João Baptista de Siqueira, fundador da Orquestra Sinfônica Brasileira e professor de Música na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por fim, nasceu também nesse chão histórico o poeta, João Pereira da Luz, mais conhecido como “João Paraibano” que, com sua viola, conquistou o Brasil. Como vemos, temos tudo o que outros lugares não têm. Falta-nos apenas vontade política das autoridades em resgatar tão importante acervo e colocar Princesa no lugar que merece na História.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 27 DE JANEIRO DE 2020.

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