Apesar de tudo, Princesa segue impávida! Nada melhor do que
sentir orgulho da terra onde nascemos. Quando vimos pessoas dizendo que
nasceram em outro lugar que não o seu, numa negação de suas origens,
sentimo-nos diferenciados porque fazemos questão de dizer que somos de
Princesa. É prazeroso dizer, quando perguntados onde nascemos: “Sou de Princesa!” Essa cidade tem um
charme especial. Tanto, que muitos que aqui aportaram, quando instados dizem
que são daqui e outros, mais sinceros, admitem não ser princesenses emendando
que gostariam de sê-lo. Existem os princesenses e os “princesados”. Meu amigo
Valdério Vasconcelos de Siqueira, que foi Promotor de Justiça aqui em Princesa,
me disse certa vez: “Orgulhem-se todos
vocês, pois, nasceram no chão mais histórico da Paraíba!”. Em nosso Estado,
depois da guerra pela Conquista da Parahyba, em 1585, foi em Princesa onde
aconteceu o único conflito de monta e de grande repercussão nacional. Princesa
é a única cidade no Brasil que, um dia, declarou-se separada de seu Estado,
constituindo-se em “Território Livre”, submetendo-se politicamente somente à
União e com Hino, Bandeira e Jornal próprios. Isso ocorreu em 09 de junho de
1930, através de Decreto expedido pelo coronel José Pereira Lima e que foi lido
nas duas Casas do Congresso Nacional.
Consagrada na História
Lamentável que não se tenha dado, até agora, a importância
necessária aos acontecimentos que fizeram de Princesa uma das cidades mais
históricas do Brasil. Segundo um amigo que pesquisa e estuda movimentos sociais
acontecidos nas pequenas cidades do interior do Brasil e que, de alguma forma
tiveram repercussão nacional, Princesa figura como a 11ª no ranking de importância histórica, ao
lado de Canudos/BA; Juazeiro do Norte/CE; Tejucupapo/PE; Mossoró/RN; Ouro
Preto/MG; Palmares/PE; Farroupilha/RS, dentre outras. Foi Princesa o
“laboratório” que criou o caldo de cultura para a eclosão da Revolução de 1930.
Não fora o movimento rebelde iniciado em 18 de fevereiro daquele ano e findo
quando do assassinato do presidente João Pessoa, o movimento revolucionário
poderia ter acontecido sim, porém, não naquele momento. A “Guerra de Princesa”,
provocadora de graves dissenções na política paraibana o que culminou com o
violento ato do advogado João Duarte Datas quando matou João Pessoa, foi o
estopim da Revolução de 30. Se houvesse empenho do Poder Público, esse resgate
traria à tona informações da maior importância histórica. O movimento
revolucionário de 1930 foi um divisor de águas na história republicana do
Brasil. Foi-se embora a chamada República Velha e novos tempos vieram trazendo
algumas conquistas sociais, políticas, econômicas, etc., muito importantes para
o país.
Material Humano
Fazendo jus à sua importância histórica, Princesa não está
fadada ao esquecimento total graças aos filhos que produziu. Como bem disse em
Perfil Biográfico recentemente divulgado por este Blog, aqui nasceu o coronel
José Pereira Lima, aquele que promoveu a rebeldia de 1930 quando não permitiu
que a cidade fosse invadida pela policia paraibana. Aqui nasceu o grande
tribuno, político, ministro e intelectual, Alcides Vieira Carneiro, que hoje figura
na lista dos 100 maiores tribunos da história da humanidade, ao lado do grande
orador romano, Cícero. É de Princesa o escritor Aldo Lopes de Araújo, o maior
de Princesa, que hoje encabeça uma Antologia de escritores Paraibanos,
encomendada pelo Governo do Estado, ao lado de José Américo de Almeida,
Coriolano de Medeiros, Augusto dos Anjos, José Lins do Rêgo, dentre outros
grandes intelectuais paraibanos. É princesense o maior cientista paraibano na
área de oftalmologia, Osvaldo Travassos de Medeiros, inventor consagrado com
várias patentes registradas. Nasceu aqui o grande violonista, Francisco Soares
de Araújo, consagrado como “O Canhoto da Paraíba”, compositor e virtuose do
violão reconhecido nacionalmente. Em Princesa nasceu também o músico, maestro e
compositor, João Baptista de Siqueira, fundador da Orquestra Sinfônica
Brasileira e professor de Música na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por
fim, nasceu também nesse chão histórico o poeta, João Pereira da Luz, mais
conhecido como “João Paraibano” que, com sua viola, conquistou o Brasil. Como
vemos, temos tudo o que outros lugares não têm. Falta-nos apenas vontade
política das autoridades em resgatar tão importante acervo e colocar Princesa
no lugar que merece na História.
ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 27 DE JANEIRO DE 2020.
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