Viver é um exercício por demais complicado. As regras que
comandam a convivência das pessoas são no mais das vezes, proibitivas à moral
quando nos obrigam a adotar comportamentos não condizentes com princípios
éticos. Uma das principais regras de convivência é a falsidade, filha da
hipocrisia. Quem não já mentiu para não desagradar ou para agradar alguém?
Somente as crianças têm o direito de ser sinceras. Nós, não o conseguimos
porque não podemos dizer o que os outros não querem ouvir. A coisa se exacerba
agora com o advento do conceito do “politicamente correto”. Não se pode mais
falar que alguém é negro, nem veado, tampouco feio, por exemplo. Em
substituição a esses adjetivos, adota-se agora: afrodescendente; sexualmente
optado; exótico e por aí vai. O problema é que a hipocrisia reina e todos
sabemos que estamos sendo falsos, tanto os que se referem como os referidos.
Quando alguém diz que uma pessoa é “boazinha”, todo mundo sabe que a leitura
correta é: ruim. Quando um homem se refere a outro dizendo: “fulano de tal é
simpático” entendemos todos que ele está dizendo que o cara é bonito, porém,
eufemiza porque, enquanto as mulheres podem se achar bonitas mutuamente, um
homem hétero não pode achar outro bonito. É a mesma situação hipócrita que
envolve o que chamam de racismo: ninguém pode referir-se aos de cor como
negros, porém, todo mundo pode chamar os brancos de galegos. Depreende-se daí
que o pejorativo não é o adjetivo mas a cor. Excelente seria que os
“discriminados” se revoltassem com essa falsa proteção e se considerassem
iguais na sua condição de diferentes. Acredito que se os que são protegidos pelo
chamado “politicamente correto” não se colocassem numa situação de
inferioridade e assumissem sua identidade, o preconceito acabaria de vez. Mas a
regra não permite porque se assim for, a falsidade se acaba e a graça de viver
vai junto.
ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 02 DE JANEIRO DE 2020.
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