ODE

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

REGRAS DE CONVIVÊNCIA





Viver é um exercício por demais complicado. As regras que comandam a convivência das pessoas são no mais das vezes, proibitivas à moral quando nos obrigam a adotar comportamentos não condizentes com princípios éticos. Uma das principais regras de convivência é a falsidade, filha da hipocrisia. Quem não já mentiu para não desagradar ou para agradar alguém? Somente as crianças têm o direito de ser sinceras. Nós, não o conseguimos porque não podemos dizer o que os outros não querem ouvir. A coisa se exacerba agora com o advento do conceito do “politicamente correto”. Não se pode mais falar que alguém é negro, nem veado, tampouco feio, por exemplo. Em substituição a esses adjetivos, adota-se agora: afrodescendente; sexualmente optado; exótico e por aí vai. O problema é que a hipocrisia reina e todos sabemos que estamos sendo falsos, tanto os que se referem como os referidos. Quando alguém diz que uma pessoa é “boazinha”, todo mundo sabe que a leitura correta é: ruim. Quando um homem se refere a outro dizendo: “fulano de tal é simpático” entendemos todos que ele está dizendo que o cara é bonito, porém, eufemiza porque, enquanto as mulheres podem se achar bonitas mutuamente, um homem hétero não pode achar outro bonito. É a mesma situação hipócrita que envolve o que chamam de racismo: ninguém pode referir-se aos de cor como negros, porém, todo mundo pode chamar os brancos de galegos. Depreende-se daí que o pejorativo não é o adjetivo mas a cor. Excelente seria que os “discriminados” se revoltassem com essa falsa proteção e se considerassem iguais na sua condição de diferentes. Acredito que se os que são protegidos pelo chamado “politicamente correto” não se colocassem numa situação de inferioridade e assumissem sua identidade, o preconceito acabaria de vez. Mas a regra não permite porque se assim for, a falsidade se acaba e a graça de viver vai junto.


ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 02 DE JANEIRO DE 2020.

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