terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

A FARSA DO PRESIDENTE JOÃO PESSOA




Seguindo a cronologia da Guerra de Princesa, o que faz parte das rememorações e comemorações do nonagésimo aniversário daquele importante conflito, trazemos hoje as ações retaliativas do presidente João Pessoa contra Princesa motivadas pelo rompimento político do coronel José Pereira com o chefe do Poder Executivo Estadual. Em 24 de fevereiro de 1930, portanto há 90 anos, João Pessoa, logo após a troca de telegramas com Zé Pereira, o que teve confirmado o rompimento político, demitiu todos os funcionários públicos estaduais que serviam em Princesa. Exonerou as seguintes autoridades: o prefeito José Frazão de Medeiros Lima; o vice-prefeito Glycério Florentino Diniz; o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima e o diretor do Grupo Escolar “Gama e Melo”, professor Severino Loureiro. O delegado de polícia Manoel Arruda e mais oito soldados foram chamados de volta à Capital e os subdelegados de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José (São José de Princesa) à época distritos, foram todos exonerados. O chefe da Mesa de Rendas do Estado, Manoel Carlos de Andrade, que era irmão do coronel Zé Pereira, já havia sido transferido para a cidade de Patos/PB. Somente os funcionários federais continuaram no desempenho de suas funções no município, a exemplo do juiz de direito, doutor Clímaco Xavier; do coletor federal, Leônidas Wanderley; do escrivão da Coletoria Federal, Tiburtino Carlos de Andrade; do telegrafista, Richomer Góis de Campos Barros e do Oficial do Registro Civil, Silvino de Medeiros Lima. Logo que demitiu esses servidores, o presidente João Pessoa expediu telegrama ao presidente da República, Washington Luís, com o seguinte teor: “Assim procedi, primeiro porque a polícia não podia assistir inactiva a invasão da cidade por facínoras armados”.

A mentira travestida de verdade

Essa informação encaminhada ao presidente da República não estava contida de veracidade. Na verdade, já intencionado em invadir Princesa - talvez para impedir a realização das eleições de 1º de março daquele ano em que ele próprio disputava o cargo de vice-presidente da República como companheiro de chapa de Getúlio Vargas -, João Pessoa usou as demissões como pretexto para alegar que o pequeno burgo princesense estava infestado de bandidos e cangaceiros, contratados pelo coronel. Notícia falsa para justificar a ação invasora já planejada e que seria promovida pela polícia paraibana em 28 de fevereiro daquele ano de 1930. Para justificar ainda mais sua ação persecutória, o presidente paraibano fez divulgar, através do Jornal Oficial do Estado, “A União”, a seguinte nota: “(...) Atento à circunstância de que em Princesa a Prefeitura e secretaria desta, promotoria adjunta, escrivania do cartório, agência do Telégrafo Nacional, professorado, advogados e solicitador eram exercidos por sobrinhos, irmãos e parentes afins do coronel, essa cidade dos Cariris Novos era um feudo absoluto e fechado ao poder pessoal de um homem”. (Extraído do livro Revolução Estatizada, do historiador José Octávio de Arruda Mello). Na verdade, desses funcionários, o único parente do coronel Zé Pereira era o chefe da Mesa de Rendas, Manoel Carlos de Andrade que era seu irmão. Vê-se que essas demissões já prenunciavam as intenções do presidente Pessoa em desfechar ataque à cidade, como veremos adiante. Com isso, estava tudo se preparando para o início da Guerra de Princesa, evento que mudou a história do Brasil.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 24 DE FEVEREIRO DE 2020).

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