Baixada a poeira, faz-se necessária uma rápida análise sobre
a rearrumação política surgida das urnas do último dia 15 de novembro. É saber
de todos que em Princesa, reina, por quase um século, a hegemonia de dois
partidos tradicionais, comandados por duas famílias [Pereira e Diniz], que se
revezam no poder municipal, representadas por membros desses clãs ou por
prepostos. A partir de 1982, esse poder começou a ser contestado por
dissidências - chamadas de Terceira Força -, que ousaram lançar candidatos alternativos
às duas tradicionais facções políticas. Naquele ano, candidataram-se a
prefeito, pelo MDB1 e MDB2, Paulo Mariano e Luís Andrelino, respectivamente; em
1988, o bancário, Marconi Campelo, concorreu à prefeitura, pelo PSB; em 1992,
pelo PDT, coligado ao PT, doutor Zoma candidatou-se a prefeito; em 2012, foram
três os candidatos alternativos: doutor Diomar Pegado, pelo PDT, doutor Aledson
Moura, pelo PSB e José Nominando Diniz, pelo PSOL; em 2016, registrou
candidatura a prefeito, o advogado, doutor Rivaldo Rodrigues pelo PSOL e,
agora, em 2020, candidatou-se o médico doutor Alan Moura, pelo DEM. Observem
que, somente nos anos de 1996, 2000, 2004 e 2008, concorreram apenas candidatos
do Palacete e da Casa Grande. Em todas as eleições aqui citadas, à exceção de
2020, os candidatos alternativos foram fragorosamente derrotados pelos grupos
Diniz e Pereira.
Ascenção meteórica
Observando detidamente essa sequência, constata-se que ambos
os grupos hegemônicos da política princesense, dão sinais de claro enfraquecimento.
O grupo Pereira, hoje descaracterizado desde a dissidência ocorrida em 2012,
quando o ex-deputado Aloysio Pereira apoiou um candidato e o ex-prefeito Thiago
Pereira optou por outro nome, Aloysio morto, Thiago já não detém mais o domínio
da grife. O grupo Diniz, que concorreu às duas últimas eleições com um legítimo
representante da família, foi derrotado em ambos os pleitos, sendo que nesta
última (2020), foi classificado pelas urnas, em terceiro lugar. Ou seja, essa
força política que se alternava, ao longo dos últimos 90 anos, em primeiro ou
em segundo lugar, foi agora relegada ao terceiro. Não bastasse esse
significativo recado das urnas, constata-se também, o surgimento de uma força
política que, aos poucos, vem se consolidando no cenário político do município.
É também saber de todos, que o grupo liderado pelo médico Aledson Moura - desde
2018, quando este obteve das urnas princesenses consagradora votação para
deputado estadual -, finca raízes que se mostram vigorosas, principalmente
quando observada a performance do candidato, Alan Moura que, mesmo fustigado
pelos dois outros candidatos [Ricardo Pereira e Sidney Filho], feito catolé
entre duas pedras, conseguiu a proeza de desbancar uma das forças principais,
se colocando na condição de Segunda Força política com claros sinais de que se
credencia com viabilidade de sucesso eleitoral em um futuro próximo. Perder
eleições em crescimento constante é bem mais factível alcançar o poder do que
em situação contrária.
DSMR, em 05 de janeiro de 2021
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