terça-feira, 5 de janeiro de 2021

ENTRE DUAS PEDRAS, CATOLÉ

 




Baixada a poeira, faz-se necessária uma rápida análise sobre a rearrumação política surgida das urnas do último dia 15 de novembro. É saber de todos que em Princesa, reina, por quase um século, a hegemonia de dois partidos tradicionais, comandados por duas famílias [Pereira e Diniz], que se revezam no poder municipal, representadas por membros desses clãs ou por prepostos. A partir de 1982, esse poder começou a ser contestado por dissidências - chamadas de Terceira Força -, que ousaram lançar candidatos alternativos às duas tradicionais facções políticas. Naquele ano, candidataram-se a prefeito, pelo MDB1 e MDB2, Paulo Mariano e Luís Andrelino, respectivamente; em 1988, o bancário, Marconi Campelo, concorreu à prefeitura, pelo PSB; em 1992, pelo PDT, coligado ao PT, doutor Zoma candidatou-se a prefeito; em 2012, foram três os candidatos alternativos: doutor Diomar Pegado, pelo PDT, doutor Aledson Moura, pelo PSB e José Nominando Diniz, pelo PSOL; em 2016, registrou candidatura a prefeito, o advogado, doutor Rivaldo Rodrigues pelo PSOL e, agora, em 2020, candidatou-se o médico doutor Alan Moura, pelo DEM. Observem que, somente nos anos de 1996, 2000, 2004 e 2008, concorreram apenas candidatos do Palacete e da Casa Grande. Em todas as eleições aqui citadas, à exceção de 2020, os candidatos alternativos foram fragorosamente derrotados pelos grupos Diniz e Pereira.

Ascenção meteórica

Observando detidamente essa sequência, constata-se que ambos os grupos hegemônicos da política princesense, dão sinais de claro enfraquecimento. O grupo Pereira, hoje descaracterizado desde a dissidência ocorrida em 2012, quando o ex-deputado Aloysio Pereira apoiou um candidato e o ex-prefeito Thiago Pereira optou por outro nome, Aloysio morto, Thiago já não detém mais o domínio da grife. O grupo Diniz, que concorreu às duas últimas eleições com um legítimo representante da família, foi derrotado em ambos os pleitos, sendo que nesta última (2020), foi classificado pelas urnas, em terceiro lugar. Ou seja, essa força política que se alternava, ao longo dos últimos 90 anos, em primeiro ou em segundo lugar, foi agora relegada ao terceiro. Não bastasse esse significativo recado das urnas, constata-se também, o surgimento de uma força política que, aos poucos, vem se consolidando no cenário político do município. É também saber de todos, que o grupo liderado pelo médico Aledson Moura - desde 2018, quando este obteve das urnas princesenses consagradora votação para deputado estadual -, finca raízes que se mostram vigorosas, principalmente quando observada a performance do candidato, Alan Moura que, mesmo fustigado pelos dois outros candidatos [Ricardo Pereira e Sidney Filho], feito catolé entre duas pedras, conseguiu a proeza de desbancar uma das forças principais, se colocando na condição de Segunda Força política com claros sinais de que se credencia com viabilidade de sucesso eleitoral em um futuro próximo. Perder eleições em crescimento constante é bem mais factível alcançar o poder do que em situação contrária.

DSMR, em 05 de janeiro de 2021

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