quinta-feira, 3 de junho de 2021

DIA DAS PROFISSIONAIS MAIS ANTIGAS DO MUNDO

 


Lamentavelmente, só vim me dar conta disso, ontem à noite. O dia 02 de junho é comemorado como o Dia Internacional da Prostituta. Criada na França, essa efeméride é recente, data de 1975, quando no dia 02 de junho daquele ano, cerca de 100 prostitutas francesas, tomaram coragem e se reuniram numa igreja de Lyon, ocasião em que reivindicaram seus direitos. Classe milenarmente discriminada, as prostitutas, servidoras da vida, estão, há 46 anos tendo seu dia de reconhecimento. Porque não,se até Jesus Cristo as defendeu? Quem não conhece aquela passagem dos Evangelhos em que o Nazareno, em suas andanças, deparou-se com uma turba de judeus se preparando para apedrejar uma adúltera e, Jesus, admoestou-os dizendo:”Quem não tiver pecado, atire a primeira pedra!”. Mesmo esse merecimento divino e essa homenagem tardia, não retiramdas mulheres de vida livre o intrínseco preconceito. Mesmo sendo hoje, banalizada essa milenar profissão, quando os cabarés comuns se restringem a pouquíssimos estabelecimentos e, os de luxo, se traduzem em suntuosos motéis, tudo isso funcionando às claras, o preconceito persiste alimentado pela hipocrisia, porém, atenuado pela conquista de novo papel da mulher em nossa sociedade.

A Estrela de Princesa

Como em toda cidade do interior, Princesa já teve também seu Cabaré institucional. Comandado por Estrela de Pedro Caboclo, o prostíbulo princesense funcionava à Rua da Lapa, no Bairro do Cruzeiro. As raparigas que ali faziam ponto eram, na sua maioria, vindas de outras cidades e, muitas delas, amasiaram-se com homens ricos da cidade que, apaixonados, com elas se casaram e as tornaram mães de família e mulheres de bem. Discriminadas, viviam adstritas ao gueto da imoralidade e só podiam circular pela cidade se acompanhadas da chefe, Estrela, que era respeitada por todos. Cidadãos da alta roda da sociedade, compareciam àquele prostíbulo, aos domingos, para jogar baralho, beber cachaça e comer a buchada feita por Estrela, a matriarca do Baixo Meretrício. Até comícios eram ali realizados, como o meeting comandado pelo doutor Antônio Nominando Diniz, em 1968, onde e quando proferiu antológico discurso, em homenagem às meretrizes, o que reproduzimos aqui:

“Chamam-nas de mulheres de vida fácil. Porém, quão difícil é entender onde está a facilidade de uma vida, quando se é obrigado a corromper o santuário do corpo para adquirir o sustento para a sobrevivência. São, portanto, mulheres de vida difícil, dificílima, que sofrem o preconceito das elites para, de forma imoral, proporcionar a moralidade. São mulheres que dormem tarde, como guardas noturnos, velando pela segurança das famílias de bem”.

Embora eivada de preconceito, a profissão mais antiga do mundo - que o ex-presidente americano, Ronald Reagan, confundia com política -, merece sim uma data comemorativa, não somente para homenagear as raparigas, mas para realçar os benefícios que elas sempre trouxeram aos desamparados do verdadeiro amor. Embora tardiamente, exaltamos essa data. Viva as quengas do mundo todo! Elas merecem o seu dia de glória!

 


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