Existe uma brincadêra
qu'eu não gosto de brinca
é pula qui nem macaco
nos dia de carnavá.
É brincadêra suada
cum sujêra e vexação
c'us povo bêbo e muiado
vivendo de mangação
pulando in riba dos carros
os chofé só dando isparro
entrando nas contramão.
É festejo deferente
dos forró lá dos terrêro
c'us casá forinfunfando o
cada quá cum seu parcero
fulia é que nem macumba
toca mais de mil zabumba
não se ôve um safonêro.
É nessa tamborilada
que os besta vira tarado
que madame vira quenga
que urso vira viado
que o mais pacato se zanga
que generá faz munganga
qu'é premitido pecado.
É premitido zuêra
é premitido pula
zoná, caí na gandaia
é premitido muiá
fumá, chera e bebê
premitido perdê
o proibido é achá.
É aí que a tampa avôa
pro de baxo do pulêro
criado dá na patrôa
que o rico vira lixêro
pro baxo da fantasia
todo mundo é nos trêis dia
o que não é ano intêro.
Já vi majó de saiote
levando isporro dum cabo
vi pade de cara branca
fantasiado de diabo
vi vitalina feliz
que só não deu por um triz
mas inda isquentô o rabo.
Vi coxa, vi peito, bunda
vi feme toda pelada
patroa chique sambando
no broco das empregada
home mijando na rua
nem as baiguia abutua
e os povo não dize nada.
Vi nêga de incarnado
usando peruca lôra
paiaço de ambulança pode che
laúça dando bilôra vou quere
os povo se istraçaiando coio
só pruque passô tocando o
um frevo - um tá de bassôra.
Vi crente cherá peufumo
c'ua cara chêa de pó
fresco levando dedada
galinha de paletó
noiva ingolindo liança
vi delegado de trança
avô sarrando c'avó.
É nessa xirimbambada
que acabei de contá
que adispois de nove mês
mais pra perto do Natá
in quaje toda famia
obrusisz supinto con
nasce um fí da fulia
cum esse tá carnavá.
Poeta Jessier Quirino
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