ODE

domingo, 29 de agosto de 2021

MATUTO NO CARNAVAL

Existe uma brincadêra

qu'eu não gosto de brinca

é pula qui nem macaco

nos dia de carnavá.

É brincadêra suada

cum sujêra e vexação

c'us povo bêbo e muiado

vivendo de mangação

pulando in riba dos carros 

os chofé só dando isparro 

entrando nas contramão.


É festejo deferente 

dos forró lá dos terrêro 

c'us casá forinfunfando o

cada quá cum seu parcero

fulia é que nem macumba

toca mais de mil zabumba

não se ôve um safonêro.

É nessa tamborilada


que os besta vira tarado

que madame vira quenga 

que urso vira viado

que o mais pacato se zanga

que generá faz munganga

qu'é premitido pecado.


É premitido zuêra

é premitido pula

zoná, caí na gandaia

é premitido muiá

fumá, chera e bebê

premitido perdê

o proibido é achá.


É aí que a tampa avôa

pro de baxo do pulêro

criado dá na patrôa

que o rico vira lixêro

pro baxo da fantasia

todo mundo é nos trêis dia

o que não é ano intêro.


Já vi majó de saiote 

levando isporro dum cabo

vi pade de cara branca

fantasiado de diabo

vi vitalina feliz

que só não deu por um triz

mas inda isquentô o rabo. 


Vi coxa, vi peito, bunda

vi feme toda pelada 

patroa chique sambando 

no broco das empregada

home mijando na rua

nem as baiguia abutua

e os povo não dize nada.


Vi nêga de incarnado

usando peruca lôra

paiaço de ambulança pode che

laúça dando bilôra vou quere

os povo se istraçaiando coio

só pruque passô tocando o

um frevo - um tá de bassôra.


Vi crente cherá peufumo

c'ua cara chêa de pó

fresco levando dedada

galinha de paletó

noiva ingolindo liança

vi delegado de trança

avô sarrando c'avó. 


É nessa xirimbambada

que acabei de contá

que adispois de nove mês

mais pra perto do Natá 

in quaje toda famia

obrusisz supinto con

nasce um fí da fulia

cum esse tá carnavá.


Poeta Jessier Quirino




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