quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O banco que não é banco deu garantias à compra da covaxin

O depoimento do empresário Roberto Pereira Ramos Júnior, na CPI da Covid-19, ontem (25/08), foi simplesmente estarrecedor, tanto pelas mentiras proferidas, quanto pelos números apresentados. Inquirido pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI, o senhor Roberto Ramos, sobre a empresa que representa, este respondeu chamar-se FIBE BANK. Sobre o patrimônio da firma da qual é diretor-presidente, Ramos informou ser de 7,5 bilhões de reais, com um faturamento anual de apenas 650 mil reais.

Essas perguntas, feitas a propósito, todas já tinham respostas através de prévias investigações dos senadores membros daquela CPI. Já sabiam, os parlamentares, que a empresa que deu garantias de 80 milhões de reais para a compra de 200 milhões de doses da vacina covaxin, que custaria 1,6 bilhões de reais aos cofres públicos, não poderia fazê-lo por não ser banco tampouco instituição financeira ou de crédito.

Na sequência, os senadores mostraram que os imóveis que formavam o patrimônio do FIBE BANK – terrenos localizados nos estados do Paraná e de São Paulo -, avaliados (segundo Ramos), em 7,5 bilhões de reais, simplesmente não existiam e que, no quadro societário da empresa, constavam dois “laranjas”, que lutam na Justiça para retirar seus nomes dessa tramoia. Por fim, ficou constatado que a firma comandada por Roberto Ramos, não poderia ser fundo garantidor de crédito.

Tudo isso aconteceu com o aval dos técnicos do Ministério da Saúde, que aceitaram o contrato de garantia de uma empresa que sequer existe formalmente. Além dessas falcatruas descobertas pela CPI, ficou clara a influência do deputado, Ricardo Barros, líder do governo Bolsonaro na Câmara Federal, como facilitador para que o FIBE BANK tivesse acesso ao Ministério da Saúde com a finalidade de participar dessa negociata, que não chegou a termo graças às investigações da CPI da Covid-19




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