quinta-feira, 9 de setembro de 2021

LER PARA CONHECER A NOSSA HISTÓRIA


Brasil: uma História – A INCRÍVEL SAGA DE UM PAÍS

Eduardo Bueno

 

Este livro, publicado pela Editora Ática – São Paulo – 2003, do escritor e jornalista gaúcho, Eduardo Bueno, sintetiza, em 447 páginas, os 500 anos da história do Brasil. Como não poderia deixar de ser, lá nas páginas 322/323, está contada também parte da história de Princesa. De forma sucinta, o autor faz referência à Guerra de Princesa o que demonstra claramente a importância daquela guerra civil em contributo à eclosão da Revolução de 1930. Na página 322, Bueno escreve:

“Disposto a punir seu ex-aliado, o ‘coronel’ José Pereira – chefe inconteste da cidade de Princesa (hoje Princesa Isabel, no sul da Paraíba) – João Pessoa bloqueara a fronteira entre seu estado e Pernambuco, proibindo os moradores da região de comercializar com Recife (a não ser que pagassem um elevado imposto estadual). Pessoa determinara que todo o comércio deveria ser feito pelo porto paraibano de Cabedelo. Em fevereiro de 1930, o ‘coronel’ Pereira juntou 2 mil homens em armas e partiu para o confronto com o governador, declarando, a ‘independência’ da cidade de Princesa”.

Na página seguinte, Eduardo Bueno anota que a guerra era (ironicamente) do interesse dos líderes da Aliança Liberal, o que, antagonizando com o palácio do Catete – que era simpático ao movimento rebelde -, poderia provocar a intervenção do governo federal na Paraíba, o que daria o mote para o levante revolucionário. A Guerra de Princesa, como fica demonstrado, era sim do interesse dos conspiradores e foi uma peça importante no intrincado jogo político que derrubou a República Velha, também chamada de “Café com Leite”:

“Na guerra civil em Princesa [João Pessoa] também preferiu agir com cautela, uma vez que os líderes da Aliança Liberal achavam que o Catete estava incentivando os rebeldes a fim de ter uma desculpa para a intervenção militar na Paraíba”.

Realça ainda, o autor da obra em tela, a estreita amizade do assassino de João Pessoa - João Duarte Dantas e sua família, com o coronel José Pereira, destacando que aliados que eram, estavam assim em comum interesse quanto ao conflito. Para o presidente Washington Luís, a Guerra de Princesa servia como instrumento de vingança contra João Pessoa que se recusou a apoiar a chapa oficial. Para os conspiradores da Aliança Liberal, a manutenção do conflito poderia provocar a deposição do presidente paraibano. Na página 323, Eduardo Bueno discorre sobre a fuga de João Dantas, da Paraíba para a vizinha cidade do Recife e sobre o assassinato de João Pessoa:

“Havia três meses, vivia em Recife o advogado João Dantas, que ‘fugira’ da Paraíba depois de se envolver no conflito entre Pessoa e o coronel José Pereira. Para vingar-se do apoio que Dantas dera ao coronel, aliados de Pessoa publicaram no Diário Oficial (A UNIÃO), cartas que Dantas enviara a sua amante, a professora primária Anaíde Beiriz”.

Em que pese ser breve a referência ao episódio da Guerra de Princesa, na visão do autor, reveste-se de importância por duas razões óbvias. A primeira porque contida num compêndio resumidíssimo sobre a história do Brasil e, a segunda, por tratar-se da pena de um dos maiores escritores brasileiros, autor de vários best sellers. Essencial o conhecimento dessa sucinta referência, o que nos dá compreensão da dimensão daquele conflito que, sem dúvida, muito contribuiu para a eclosão da Revolução de 1930. Isso é Princesa no contexto da historiografia brasileira.

Eduardo Bueno nasceu em 30 de maio de 1958, em Porto Alegre/RS. É jornalista, escritor, tradutor e youtuber brasileiro. Bueno iniciou a vida profissional aos dezessete anos, como repórter do jornal gaúcho Zero Hora, onde ganhou o apelido de “Peninha”, mesmo nome do personagem da Walt Disney Productions que trabalha no jornal A Patada. Lançou vários livros sobre a história do Brasil e algumas importantes biografias. Atualmente, mora nos Estados Unidos da América.


 


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