segunda-feira, 12 de setembro de 2022

A utilidade do voto de Ciro

Nunca, em tempo algum, vimos uma eleição presidencial tão polarizada e tão cheia de aspectos novos e inusitados quanto essa que se aproxima. Temos hoje, na liderança apurada pelas pesquisas eleitorais, dois candidatos que representam dois extremos do espectro político brasileiro: Lula, de centro-esquerda e, Jair Bolsonaro, de extrema-direita. É certo que o esquerdismo de Lula, não traz nenhuma novidade, tampouco sobressaltos sobre o que pode se suceder dessa escolha. Quanto ao extremismo de Bolsonaro, não podemos dizer o mesmo.

Eleito em 2018 na esteira de uma situação forjada para defenestrar o PT do poder, Jair Bolsonaro capitalizou a simpatia de uma fatia considerável da população brasileira - algo em torno de 30% -, o que lhe proporciona hoje o poder de arregimentar multidões que acorrem aos seus chamamentos e, como que anestesiadas, defendem suas ideias golpistas, seus arroubos de autoritarismo e seu comportamento chulo. Durante a atual campanha eleitoral, isso se demonstra de forma clara e, por que não dizer, preocupante.

Quanto a Luís Inácio Lula da Silva, nada que possa preocupar. Político antigo e conhecido, já governou o Brasil por longos oito anos, está, portanto, apto a assumir o cargo de presidente novamente e fazer um governo tranquilo. Certo? Nem tanto. O Brasil está dividido. Em caso de vitória eleitoral de Lula, temos duas preocupações. A primeira, irrelevante porque sem consistência, que é a possível tentativa de os bolsonaristas tentarem melar o resultado da eleição. A segunda, mais séria, que é a provável impossibilidade de o eleito fazer um governo de paz e de união nacional.

Em face desse preocupante quadro, já se detecta um movimento do eleitorado que antipatiza as atitudes de Jair Bolsonaro e que não votam em Lula como seu candidato preferencial, no sentido de exercitar o chamado “voto útil” e sufragar o nome do ex-presidente já no primeiro turno. Somado a isso, os ataques que o candidato Ciro Gomes vem desferindo contra Lula o expõem como se fora ele um aliado sub-reptício de Bolsonaro, o que está fazendo com que, parte de seus simpatizantes migrem para as hostes do PT.  Em contributo para isso, têm ajudado, as falas e as atitudes do presidente da República.

O que se observa é que o eleitorado detentor de um pensamento político mais ao centro, não tem aprovado as atitudes de Bolsonaro, o “imbrochável” e tende a evitar um eventual segundo turno que, além de exacerbar ainda mais a polarização e, consequentemente, os ânimos, poderá ser caldo de cultura para atos explícitos e perigosos de violência física. O eleitorado se move de forma imperceptível. Não devemos subestimar a inteligência do povo, até porque, os que se comportam de forma radical, formam grupos minoritários, daí porque entender que a vedete deste primeiro turno, será mesmo o voto útil.




 

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