Nunca, em tempo algum, vimos uma eleição presidencial tão
polarizada e tão cheia de aspectos novos e inusitados quanto essa que se
aproxima. Temos hoje, na liderança apurada pelas pesquisas eleitorais, dois
candidatos que representam dois extremos do espectro político brasileiro: Lula,
de centro-esquerda e, Jair Bolsonaro, de extrema-direita. É certo que o
esquerdismo de Lula, não traz nenhuma novidade, tampouco sobressaltos sobre o
que pode se suceder dessa escolha. Quanto ao extremismo de Bolsonaro, não
podemos dizer o mesmo.
Eleito em 2018 na esteira de uma situação forjada para
defenestrar o PT do poder, Jair Bolsonaro capitalizou a simpatia de uma fatia
considerável da população brasileira - algo em torno de 30% -, o que lhe
proporciona hoje o poder de arregimentar multidões que acorrem aos seus
chamamentos e, como que anestesiadas, defendem suas ideias golpistas, seus
arroubos de autoritarismo e seu comportamento chulo. Durante a atual campanha
eleitoral, isso se demonstra de forma clara e, por que não dizer, preocupante.
Quanto a Luís Inácio Lula da Silva, nada que possa preocupar.
Político antigo e conhecido, já governou o Brasil por longos oito anos, está,
portanto, apto a assumir o cargo de presidente novamente e fazer um governo
tranquilo. Certo? Nem tanto. O Brasil está dividido. Em caso de vitória
eleitoral de Lula, temos duas preocupações. A primeira, irrelevante porque sem
consistência, que é a possível tentativa de os bolsonaristas tentarem melar o resultado da eleição. A segunda,
mais séria, que é a provável impossibilidade de o eleito fazer um governo de
paz e de união nacional.
Em face desse preocupante quadro, já se detecta um movimento
do eleitorado que antipatiza as atitudes de Jair Bolsonaro e que não votam em
Lula como seu candidato preferencial, no sentido de exercitar o chamado “voto
útil” e sufragar o nome do ex-presidente já no primeiro turno. Somado a isso,
os ataques que o candidato Ciro Gomes vem desferindo contra Lula o expõem como
se fora ele um aliado sub-reptício de Bolsonaro, o que está fazendo com que,
parte de seus simpatizantes migrem para as hostes do PT. Em contributo para isso, têm ajudado, as
falas e as atitudes do presidente da República.
O que se observa é que o eleitorado detentor de um pensamento
político mais ao centro, não tem aprovado as atitudes de Bolsonaro, o
“imbrochável” e tende a evitar um eventual segundo turno que, além de exacerbar
ainda mais a polarização e, consequentemente, os ânimos, poderá ser caldo de
cultura para atos explícitos e perigosos de violência física. O eleitorado se
move de forma imperceptível. Não devemos subestimar a inteligência do povo, até
porque, os que se comportam de forma radical, formam grupos minoritários, daí
porque entender que a vedete deste primeiro turno, será mesmo o voto útil.
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