Há exatos 93 anos, na tarde do dia 26 de julho de 1930, o
presidente João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi assassinado com três tiros
à queima-roupa, disparados pelo advogado, João Duarte Dantas, na Confeitaria
Glória, na cidade do Recife. Em que pese ser uma história já por muitos relatada,
vale o registro para que não passe em brancas nuvens fato de tão grande
relevância política e histórica, não só para o Brasil e a Paraíba, mas também
para Princesa.
Na verdade, esse assassinato foi fruto da Guerra de Princesa,
o que dá relevância ao fato, visto que, não fora a proclamação do Território
Livre de Princesa e o consequente conflito armado que se instalou no estado da
Paraíba durante longos cinco meses (de fevereiro a julho), numa luta renhida
entre quase 2000 homens recrutados pelo coronel José Pereira Lima, contra a
Polícia da Paraíba, certamente, não haveria acontecido esse crime, tampouco o
estouro da Revolução de 1930 naquele momento.
Após a eleição presidencial de 1º de março de 1930, quando
Getúlio Vargas - candidato a presidente da República, pela Aliança Liberal,
tendo como seu vice o presidente da Paraíba, João Pessoa – foi derrotado nas
urnas pelo candidato do Catete, Júlio Prestes, mesmo com o rompimento do coronel
José Pereira com o presidente da Paraíba, ninguém imaginava que se instalaria
um conflito armado que pudesse atingir as proporções que atingiu como foi a
Revolta de Princesa.
Os próceres da Aliança Liberal – salvo alguns poucos – já se
conformavam com a derrota eleitoral e não se dispunham a contestar o resultado
das urnas. Com o crescente das lutas no Território Livre de Princesa, os ânimos
se reacenderam numa perspectiva de enfrentamento visando a intervenção federal
na Paraíba, motivo que poderia dar azo aos liberais em promover uma revolução
que depusesse o presidente da República, Washington Luís, e lhes abrisse uma
oportunidade de poder.
No entender de alguns dos tenentes revolucionários, a Guerra
de Princesa era o caos que alimentava as perspectivas de uma mudança radical
que poderia proporcionar a derrubada da República Velha. Por isso, Washington
Luís, se não determinou ajudou na resistência quando fez vistas grossas ao
socorro prestado pelo governo federal aos rebeldes de Princesa. A intenção era
clara. Nas palavras de Epitácio Pessoa: “Não fora a Revolta de Princesa, não
haveria acontecido o assassinato de João Pessoa, nem a Revolução de 1930.
Tal a importância dessa data, que mesmo obedecendo às
idiossincrasias daquele momento e não tendo também o fito da deflagração da
Revolução que mudou o Brasil, não poderia deixar de ser lembrada para que as
gerações de hoje - já tão distantes desse nefasto, mas relevante acontecimento
– tomem ciência de sua importância. O político e jornalista, Barbosa Lima
Sobrinho, disse em livro que escreveu sobre aquele momento histórico: “A
Revolução estava morta, mas a morte de João Pessoa a ressuscitou”.
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