sábado, 1 de julho de 2023

As Bonecas e suas sutis diferenças

Bonecas simbolizam muito na vida dos humanos. São vários os tipos, que se personificam nesse brinquedo. De forma lúdica, divertem as crianças e, por vezes, também alguns adultos com problemas de afirmação psicológica, que não amadureceram mentalmente ou que são detentores de comportamentos psicossomáticos. Ao reproduzir a figura feminina em miniatura, as bonecas detêm um fetiche que nos remete a acreditar em um poder mágico. O liame desse brinquedo com os humanos nos induz a enveredar por várias interpretações. Exemplos disso são pródigos envolvendo esse brinquedo que é um dos mais antigos do mundo. Existem bonecas que falam, que choram, que andam, mas, há também bonecas que mentem através de seus ventríloquos.

Na política eleitoral de Princesa, por exemplo, uma boneca já teve um lugar de muito destaque e, por assim dizer, muito privilegiado. Na década de 60, quando a política municipal girava em torno das duas tradicionais famílias (Diniz e Pereira), que se revezavam no poder - tanto no município quanto na representação na Assembleia Legislativa do Estado - uma boneca dava o tom das campanhas eleitorais. A protagonista era a chamada: “Boneca de Maria Aurora”. Diziam, naquele tempo, que a matrona dos “Nominando” tinha uma boneca de louça que adivinhava o resultado dos pleitos eleitorais. Quando a calunga acertava o veredicto das urnas, era agraciada com mimos; quando errava, era duramente surrada.

Ultimamente, em Princesa, apareceram novamente bonecas protagonizando o nosso cenário político. Essas, no entanto, não adivinham. São bonecas que estão mais para fantoches, marionetes, títeres que, manipuladas por um bruxo narigudo, tornam-se agourentas porque são usadas para mentir e enganar as pessoas. Controladas pelas mãos de um velhaco enganador, elas podem não adivinhar resultados eleitorais – como fazia a Boneca de Maria Aurora – porém, em face da situação em que navega seu manejador, elas podem prever, em mal augúrio, tal qual fazem as bonecas de vodu, nuvens negras em futuro próximo. Usadas para o deboche ou, por outra, para o prazer de quem as maneja, essas bonecas de pano vêm causando espécie quando se prestam a animar o picadeiro do circo de um personagem caricato e sem senso do ridículo, que se deleita no desempenho do papel de palhaço.

Nem sempre, as bonecas, servem somente para brincadeiras de crianças. Alguns adultos também se identificam com as bonecas e, muitas vezes, as bonecas também se identificam com os adultos. Em Portugal e em Cuba, respectivamente, os homossexuais masculinos são chamados e “paneleiros” e “maricóns”. Aqui no Brasil, os que preferem o mesmo sexo, são também denominados de “bonecas”. Tem alguns que não gostam das bonecas de carne, nem das bonecas infláveis e, talvez por isso, buscam guarida nas bonecas de trapo, e assim se divertem numa liberação da libido recôndita de quem tem suas vontades reprimidas ou, escondidas.

Por emblemáticas que são, as bonecas, mesmo inanimadas, falam por si só quando reproduzem figuras femininas, mas podem também ser reproduzidas na forma masculina, como por exemplo, os Bonecos de Olinda. Só que estes são obras de arte que não se prestam ao exercício do ridículo. Os Bonecos de Olinda retratam e representam personalidades do mundo da História, da política, da cultura, da arte etc. e, não são manipulados, mas sim carregados por anônimos sem se prestarem ao desserviço da moral e da ética. Falar em boneco, que tal introduzir no folclore político de Princesa um boneco retratando o narigudo Pinóquio? Nada mais sugestivo!



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