ODE

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

CIRCO ARMADO





A hipocrisia venceu a austeridade. Até ontem, quase acreditamos que, até que enfim, tínhamos um governante com a verdadeira coragem de promover a austeridade com a coisa pública. Quebramos a cara novamente. O presidente Bolsonaro, quando soube que estava estampada nas primeiras páginas dos principais jornais do País e divulgada nas redes sociais a notícia de que o Ministro Interino da Casa Civil da Presidência da República, Vicente Santini, havia requisitado um avião (jato) da FAB – Força Aérea Brasileira para se deslocar do Brasil, num périplo que incluiu Suíça-Índia-Brasil, num dispêndio de dinheiro público da monta de R$=750.000,00 (SETECENTOS E CINQUENTA MIL REAIS), bradou aos quatro ventos que essa era uma atitude imoral, inaceitável e que, chegado de volta ao Brasil da viagem que fazia à Índia, demitiria sumariamente - a bem do serviço público -, o Ministro Interino.

Além de queda, coice.

Chegado ao Brasil, o presidente cumpriu a promessa e demitiu o Ministro Santini. Este, execrado por todos os meios de comunicação do País, saiu pela porta dos fundos. O problema, é que o dono do circo [Bolsonaro] se esqueceu de botar a empanada de sua Casa de Espetáculos e, um drone da rede Globo de Televisão registrou a verdade do picadeiro que é o Palácio do Planalto. Demitido, o ex-ministro Interino que saiu pela porta dos fundos, entrou de volta por uma das janelas da própria Casa Civil do Governo, quando foi readmitido para um cargo inferior (Secretário Especial) com um salário inferior também em apenas R$=300,00 (TREZENTOS REAIS). O discurso moralizante do chefe da Nação fez-se incoerente com a atitude de desmoralizado que adotou. Mais tarde, ficou-se sabendo o motivo dessa estripulia toda: o Vicente Santini é amigo da família do presidente e não poderia ficar desempregado. Quando apostávamos que a atitude inicial de Bolsonaro serviria para alertar aqueles que se excedem no uso de benefícios oficiais à custa do contribuinte, o que vimos foi uma farsa gritante que diminui ainda mais a pouca confiança que já não tínhamos nesse que se diz austero e paladino da moralidade. Além de queda, coice.

ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 30 DE JANEIRO DE 2020.

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