O Poder é o fascínio de homens e mulheres ao longo do tempo.
Desde que o mundo é mundo a busca pelo domínio e pelo controle sobre coisas e
pessoas é a meta principal de todo ser humano. Conscientes ou não, os homens
constroem sua vida nessa incessante busca o que, se traz alguma alegria,
conforto ou até respeito, é por demais enganoso porque efêmero e impessoal.
Todos aqueles, revestidos de poder, esquecem – enquanto o exercem – de que são
meros instrumentos e se enganam quando não compreendem que, os outros – os que
estão fora do poder e em busca de seu usufruto – não amam o poderoso, mas sim,
o poder.
Exemplos não faltam na História. Me atenho a um dos mais
acabados da nossa história recente. Acabei de ler um livro, intitulado "O
Imperador no Exílio”, do conde Affonso Celso, que acompanhou o imperador D.
Pedro II ao exílio na França logo após a proclamação da República, o que me
inspirou a escrever este artigo. Nessa obra, o escriba lembra que o nosso
último imperador, ao retornar da Europa, para onde foi tratar da saúde, quinze
meses antes de ser destronado, foi recebido, no Rio de Janeiro, então capital
do Império com grandes honrarias. Quase todos os próceres do Império, que daí a
poucos meses se transformariam em empedernidos republicanos, fizeram extremadas
homenagens ao velho Monarca.
No livro, o conde Affonso Celso escreve:
Sem embargo de tão calorosas efusões,
por parte de varões notáveis na política, nas letras, no jornalismo, nas armas,
na magistratura, na ciência, no clero; quinze meses mais tarde – e quinze meses
de paz, progresso e liberdade, durante os quais o governo parecia
consubstanciado com a opinião pública esclarecida no interior e no exterior do
país, embarca Sua Majestade desterrado, destrói-se o seu trono, aniquila-se a
sua obra, tratam-no como um criminoso de lesa-pátria, enquanto a tirania
militar que o substitui empolga triunfalmente o poder, no meio de aclamações!
Estranho fenômeno! Ao caprichoso aceno de um general revoltado, evaporou-se
todo aquele extremoso devotamento, transmudou-se a idolatria em indiferença,
senão em hostilidade!
É a efemeridade do poder. É a constatação da máxima que diz:
“Rei morto, rei posto”. Até o Divino Mestre quando na iminência de ser preso,
torturado e morto, foi renegado por três vezes pelo que ele nomeara de Pedra
construtora de sua Igreja. Enganam-se aqueles que pensam no poder eterno ou na
fidelidade dos amantes do poder. Quem ama os poderosos são os verdadeiros
amigos, no entanto, os que amam o poder o encaram de forma impessoal. Para
estes, não interessa quem enverga a faixa ou quem ostenta o bastão, mas sim o
que dele faz uso. A perda do poder, situação a que muitos deverão se submeter,
mas não estão para isso preparados. Basta ater-se à situação de Pedro II que
governou o País por quase meio século, sendo muito mais republicano do que são
hoje os nossos representantes e, mesmo assim, foi enxotado do Brasil com uma
mão na frente e outra atrás. É a amargura do Poder.
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