CARTA ABERTA AO PRESIDENTE BOLSONARO:
Princesa Isabel (PB), 08 de maio de 2019.
Exmº. Senhor
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Presidente da
República Federativa do Brasil
BRASÍLIA – DISTRITO
FEDERAL
Senhor Presidente,
Cônscio de que a vitória
obtida nas urnas por V. Excia., trouxe expectativas várias para a população
brasileira e convicto de que, tanto os que sufragaram seu nome quanto os que
não o fizeram deram-lhe um voto de confiança para promover ações em benefício
da população brasileira, uso desta para fazer alguns questionamentos quanto ao
comportamento adotado, tanto pelo senhor como por grande parte de sua equipe de
governo e familiares mais próximos.
O que vemos, desde o
início de sua gestão, são conflitos menores, compostos de picuinhas que fazem
desmerecer sua capacidade administrativa e de comando, quando Ministros de
Estado batem boca com seus filhos ou se digladiam, publicamente, com pessoas
chegadas ao presidente que - a exemplo do ideólogo Olavo de Carvalho -, mesmo
sem cargos na administração federal critica altos auxiliares do governo e
dispara comentários raivosos e, muitas vezes, recheados e chulos palavrões,
contra altas patentes militares. A permissão dessa prática desfavorece a Nação
quando denota, senão falta de pulso, anuência a comportamentos menores
recheados de dubiedades que deixam todos sem entender nada. Senão vejamos:
quando seus filhos brigaram com o então ministro Gustavo Bebiano, o senhor o
demitiu; quando a mesma briga foi promovida contra o senhor vice-presidente da
República, Hamilton Mourão, o senhor, na impossibilidade de demitir o vice
prestou solidariedade ao filho número Três dizendo que ele [o filho César] “é
sangue do meu sangue”. Agora, com a briga encetada pelo amigo Olavo de
Carvalho, provocada por críticas desferidas contra militares de alto escalão –
alguns deles membros de sua administração -, o senhor opta pelo provocador e
recomenda aos provocados que “quebrem um pau nos ouvidos”. Acontece, senhor
presidente, que, em que pese ser V. Excia. o comandante-em-chefe das Forças
Armadas, a paciência dos generais, mesmo reformados, podem ter limites. Baseado
nisso, lembro aqui de entrevista concedida pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso ao jornalista Roberto D’Ávilla, quando disse: “governar não é brincadeira”.
Disse também, FHC que, a cadeira que lhe foi concedida pelo povo para governar
o Brasil foi tomada de assalto por seus filhos, numa avidez de poder que
demonstra que os mesmos não estão roubando, mas, herdando do senhor um apetite
imenso para promover besteiras.
Na última terça-feira
(07/05/2019), presenciamos cenas impensáveis: enquanto o ministro da educação,
Abraham Weintraub, anunciava cortes de até 30% nos investimentos federais para a
educação superior, o senhor assinava decreto determinando a autorização para
que atiradores, colecionadores e caçadores pudessem fazer uso de armas de forma
indiscriminada. Nessa solenidade, tivemos a oportunidade de presenciar mais uma
vez, um bando de bajuladores fazendo o gesto babaca usando as mãos para
demonstrarem estar usando armas numa corroboração de que estamos mesmo num
caminho, além de ridículo, extremamente perigoso. Vendo isso, tive a inspiração
de parodiar o nosso Hino Nacional: “(...) Dos filhos deste solo, és madrasta
vil: Pátria Armada Brasil”.
Diante de tudo isso,
é triste constatar que o Brasil, que votou com tanta confiança de que mudanças
salutares seriam realizadas para o resgate da cidadania, se veja agora,
desvalidamente nas mãos de quem apresenta pouquíssima competência para
governar. Ainda há tempo, senhor presidente! Desvencilhe-se desse ideólogo
vaidoso e prepotente; admoeste seus rebentos; prestigie seus auxiliares mais
próximos e continue, com essa dislexia contumaz que lhe é peculiar, que é o que
tem lhe ajudado bastante quando muitos não entendem o muito que o senhor diz.
Um abraço e boa sorte (para
nós).
DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO
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