ADA FLORÊNCIO
BARROS NÓBREGA, mais conhecida como Ada Barros, nasceu em Princesa em 22 de
agosto de 1929, filha de Richomer Góes de Campos Barros e de dona Noemi
Florêncio Barros, casou-se com Inocêncio Nóbrega de Andrade com quem teve os
seguintes filhos: Cícero Emanuel, José Adaíno, Maria do Socorro, Richomer,
Mônica, Severino, Moema e Maria do Rosário.
Dona Ada – como eu
a chamava -, foi a primeira mulher princesense a tornar-se escritora quando teve
lançado, aqui em Princesa, seu manuscrito (literalmente) em 2013, lançamento
que foi promovido por seus oito filhos em solenidade religiosa e social de
grande monta. O livro por ela escrito, intitulado: “Feliciano Rodrigues Florêncio – O moço, o major, o velho” – Ideia
– 2013 – João Pessoa/PB, cumpriu o intuito de relatar parte da história de sua
família e também da cidade de Princesa. Na obra – recheada de citações -, dona
Ada trouxe para os princesenses e para aqueles que se interessam pela história de
um dos municípios mais históricos da Paraíba, recortes de passamentos
importantes que, se não resgatados pela ilustre princesense, estariam
adormecidos para sempre no berço do esquecimento. Além da saga da longa vida do
major Feliciano, a escritora ateve-se também aos aspectos da Princesa da
primeira metade do século XX reportando-se a histórias sobre a vida social e
religiosa da cidade; sobre a “Guerra de Princesa” e até atinente a assuntos
familiares que eram considerados tabus até então. Por tudo isso, o livro
constitui-se num grande contributo à historiografia princesense.
Ada Barros, mulher austera, disciplinada e
dominadora foi, além de professora – formada pela Escola Normal “Monte
Carmelo”- dona de casa e mãe dedicada. Inocêncio (seu marido) bancava as
despesas da casa com o que auferia pelo seu emprego federal (atual IBGE que à
época chamavam “Estatística”) e ela coordenava tudo. Consciente de que somente
a educação poderia libertar e promover a ascensão dos filhos dedicou-se a isso
com afinco e determinação quando encaminhou a todos nesse campo, no que teve
sucesso, uma vez que deu formação superior aos oito filhos. Era tão dominadora
que até a sociedade princesense percebeu isso quando se referia a seus filhos -
aqueles que carregavam nomes comuns -, como: Cícero de Ada, Zé de Ada, Maria de
Ada e Severino de Ada. Nunca de Inocêncio. Os demais, portadores de nomes mais
raros eram identificados por si próprios. Essa característica pouco incomodava
ao pai, pois, em sua passividade tranquila, não se incomodava com a hegemonia
“adaína” que só ajudava na criação e na formação de sua numerosa prole. Para o
bem de todos, Inocêncio supria e Ada urdia.
Na qualidade de
professora - intelectual que era, acredito que por herança do pai Richomer
Barros que, segundo o historiador Paulo Mariano, foi o “intelectual mais
refinado de Princesa” -, teve também muito sucesso. Era sempre, dona Ada,
procurada por estudantes para orientarem-se na feitura de trabalhos
dissertativos, no que eram prontamente atendidos, pois, a professora Ada sempre
cultuou o prazer de escrever e, no mais das vezes, não somente orientava como
redigia, por eles, os trabalhos, sem auferir nenhuma vantagem financeira.
Afeita às citações, muitas vezes, em conversas que encetávamos sentados nas
cadeiras de balanço da casa de Maria Adília, ela me dizia: “Quem tem uma galinha, vale uma galinha” e mais: “A experiência é um pente para careca”.
Pragmática, era uma mulher a frente de seu tempo não se conformando com a
situação de inferioridade dispensada às mulheres. Detectava-se em suas
observações, a frustração de não ter conseguido um diploma de curso superior;
de não ter tido a oportunidade de viver num centro maior e mais civilizado. Em
que pese ser muito religiosa (católica, apostólica, romana), esquecendo-se do
que determinava a doutrina da Santa Madre Igreja, louvava o advento da pílula anticoncepcional
dentre outras novidades do pós-guerra que ainda não se haviam inserido nos
costumes retrógados da época. Por todas essas qualidades e feitos, está dona
Ada, a merecer figurar como uma princesense ilustre que deve constar inscrita no
panteão da memória historiográfica da nossa querida Terra.
ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO
ROBERTO EM 22 DE MAIO DE 2019.
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