Princesa, 04 de outubro de 2019.
Senhor Prefeito,
Em face dos últimos acontecimentos envolvendo o funcionamento do
Hospital Municipal, resolvi dirigir-me ao senhor para formalizar alguns
aspectos do que tem dito e respondido, ultimamente, acerca da crise por que
passam os serviços de saúde do nosso município. Começo com uma pergunta: O
senhor tem certeza de que os serviços de saúde de Princesa vão bem? Acredita
mesmo que está dizendo a verdade quando afirma que o funcionamento do Hospital
Municipal vai de vento em popa? Por que o senhor fica tão irritado quando seus
erros vêm à tona de forma tão trágica, à exemplo da morte do bebê ocorrida na
última terça-feira? Não seria de melhor alvitre que o senhor admitisse que a
saúde da sua administração está doente e providenciar profilaxia adequada para
curá-la? É certo que o senhor não tem culpa direta pela perda daquele
nacituro, porém, convenhamos, Nascimento, se o senhor cuidasse melhor do seu
hospital aquela criança ao invés de morrer, teria nascido. Certo? Ninguém disse
que o hospital matou a criança. O que se sabe é que seu hospital não dispõe de
meios para receber uma mulher com gestação a termo e proceder a um parto
normal. E sabe por que as mulheres não parem em Princesa? Porque o senhor não
supre aquele nosocômio das condições necessárias para tanto. Até os salários
dos funcionários estão atrasados em mais de dois meses, coisa que não acontecia
quando aquele hospital era gerido pelo Estado. Diante de tudo isso, constatamos
que seu crime não é de assassinato, mas sim, de responsabilidade. Quando o senhor
promoveu, junto ao governo do Estado, a municipalização do hospital, não pensou
nas pessoas pobres que precisam daquela, que não é uma casa de passagem, mas um
lugar para receber, atender e resolver as necessidades de saúde da população.
No afã de municipalizar para aumentar seu poder político o senhor, empolgado
com a vitória obtida contra seus adversários políticos que defendiam a
manutenção do hospital nas mãos do governo do Estado, sequer percebeu que
estava dando um tiro no seu próprio pé e outro na cabeça dos pobres desvalidos
que não têm condições de buscar outro atendimento que não o público. Quanta
insensibilidade a sua. O senhor deita a cabeça no travesseiro e dorme? De
terça-feira prá cá, quantas vezes o senhor sonhou com a carinha edemaciada daquele
bebê morto no colo da mãe? Depois da morte da criança, o senhor pode muito bem
dizer que o matadouro não fechou, está aberto e funcionando a todo vapor. E, o que
se apresenta mais preocupante e pior, é que o senhor não admite seus erros e,
enquanto continua cometendo-os de forma contumaz, crianças morrem. E a pobre
daquela mãe que perdeu seu bebê? O senhor já pensou nela? Claro que não. Sua
(in) sensibilidade não alcança isso. Finalizando, eu faço um alerta: Cuidado
senhor prefeito, pois, tudo tem limites. O senhor já foi tachado de prefeito do
“fechamento” e do “fingimento”. Cuidado para não assimilar também a pecha de
prefeito do “morrimento”. Diante de tudo isso, em pelo menos uma coisa o senhor
lucrou, pois, a repercussão da tragédia de terça-feira tomou o mundo. Somente
uma matéria que veiculei neste blog teve mais de 100 compartilhamentos (algo
inédito em blogs de Princesa). Bonito pra sua cara, não? E pra Princesa
então...
Sem mais para o momento, espero ser esta a última carta aberta que lhe
dirijo, sem ser por morte. Até mais ver.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 03 de outubro de 2019).
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