ODE

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





JOSÉ COSTA


O maestro JOSÉ COSTA nasceu em Princesa, mais exatamente no Sítio “Escorregada”, em 11 de julho de 1908. Era filho de Juvenal Costa e de dona Auta da Silva Costa. Ainda criança mudou-se com os pais para a cidade paraibana de Cajazeiras. Seu pai, que era profissional em prótese dentária, levou uma vida de nômade, residindo em várias cidades de alguns Estados e, por conta disso, Zé Costa somente veio a ser alfabetizado já adolescente. Porém, desde criança, demonstrou tendência para a música. Ainda pequeno, ganhou de seu padrinho uma gaita de boca (realejo) que vivia a tocar incessantemente. Mudada, a família, para a cidade alagoana de Arapiraca, ali, já com cerca de 17 anos, o nosso biografado foi presenteado pelo pai com uma pequena sanfona. Já havia executado esse instrumento numa escola de música na cidade de Cajazeiras e demonstrava grande facilidade em seu manuseio. Interessante observar que, desde cedo, José Costa apresentava-se tocando não forrós ou baiões (músicas próprias para aquele instrumento), mas sim, boleros, valsas, etc.

O Maestro

Na cidade alagoana, entrou para uma Escola de Música e fez-se logo um virtuose na arte de tocar sanfona e também no fácil aprendizado das partituras musicais. Diante dessa revelação artística, no final do curso, foi presenteado pelo Poder Público local com uma bela sanfona. Esse acordeom era, naquele tempo, o que de mais moderno existia e com ele, Zé Costa destacou-se como um executor de primeiríssima qualidade, quando adotou a prática de tocar músicas eruditas, clássicas. Executava a Nona Sinfonia de Beethoven com maestria. Logo se tornou professor de música e ganhou o mundo. De Arapiraca, retornou à Paraíba. Segundo o historiador Paulo Mariano, fez uma rápida visita a Princesa para rever parentes e amigos de seu pai e radicou-se em Patos/PB. Ali, foi professor de música e também na cidade paraibana de Sousa. Tornou-se Maestro e uma referência no dedilhar da sanfona.

O Sanfoneiro Erudito

De Patos, partiu para São Paulo e lá, ficou conhecido como o sanfoneiro nordestino que não tocava forró, pois, como vimos antes, usava o acordeom como um instrumento eclético e não restrito às tradições nordestinas de música. Fez-se conhecido na capital paulista quando compôs e executou sua obra prima: Choro de Minha Terra. Era um acordeonista diferente: Erudito. Extraído do livro do escritor princesense Paulo Mariano: “Princesa, Antes e Depois de 30”, temos: “José Costa nasceu no sítio Escorregada, localizado no município de Princesa. Aprendeu música e dedicou-se ao acordeom. Bom músico, lia, escrevia partituras musicais e compunha. Foi professor de música nas cidades de Patos e Sousa, na Paraíba. Segundo seus admiradores, não foi sanfoneiro de forró; ele ficou entre a canção popular e a música erudita, ‘Choro de Minha Terra’ é a música de sua autoria mais conhecida”.

Saudades de Princesa

Em 1968, para matar saudades, José Costa veio visitar sua terra natal. Muito amigo do artesão Joaquim Gomes, com quem sempre se comunicava, promoveu, na casa deste um sarau do qual participaram vários princesenses, dentre eles, Paulo Mariano, Manoel Tocador, Chico Costa e outros amantes da boa música. Retornou a São Paulo onde, segundo informações não muito seguras, ali faleceu por volta do ano de 1978, aos 80 anos de idade. Dada a situação de anônimo para a maioria dos princesenses, se reveste de grande importância este resgate histórico da vida profissional de um filho da terra, que bem representou Princesa através de sua virtuosa arte. Em face disso, está o nosso grande acordeonista José Costa a merecer ser inscrito na galeria dos princesenses ilustres.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 25 de novembro de 2019).

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