Depois que a poeira abaixa é que podemos ter ideia da
dimensão das coisas. Refiro-me ao que vem acontecendo na Paraíba, promovido
pelas investigações da chamada “Operação Calvário”. Quem em sã consciência
apostaria num desfecho desses? Jamais alguém imaginaria que um político com a
história de Ricardo Viera Coutinho, que veio de baixo, com um discurso
transformador que sensibilizou a população da capital do Estado que lhe deu
vários mandatos eletivos e permitiu que dali, fosse catapultado ao mais alto
posto da política estadual, pudesse estar envolvido numa situação dessas. Isso
não desmerece somente a figura do acusado. Isso faz a população perder a
esperança em tudo. Hoje, quando fazemos simples análise, vemo-nos completamente
desamparados quando constatamos que a régua que mede os políticos é a mesma
para todos. E agora? Quem pode acusar quem? A chamada “direita” governou o país
desde o descobrimento e foi defenestrada com a eleição de Lula, em 2002, sob a
acusação de práticas de corrupção. A dita “esquerda” assumiu e fez pior. Nesse
mato sem cachorro, lembro-me do ex-prefeito Gonzaga Bento quando dizia: “Na
política existem os cachorros gordos, que estão comendo; e os magros, que
querem comer”.
As vestais também
Como se não bastasse, até aqueles que recebem dinheiro
público para fiscalizar e controlar, estão também sob suspeitas. É claro que a
fase atual das investigações, trata apenas de suspeitas, ninguém foi julgado
ainda. Mesmo assim, levando em consideração o velho ditado que diz: ”onde há
fumaça, há fogo”, o fato de pessoas consideradas honestas e de conduta ilibada
serem acusadas de conivência com atos de corrupção, já nos deixa com a mosca
atrás da orelha, a perguntarmos: e agora, em quem devemos confiar? Na verdade,
o vil metal, pela sua incandescência, faz aqueles que o manipulam deixarem de
enxergar onde está o limite do ter. Se esses possíveis atos de corrupção
estivessem sendo cometidos por pessoas pobres, carecidas de recursos para sua
sobrevivência, se poderia até permitir uma justificativa. Mas, não. Os que
estão, supostamente, envolvidos são aqueles que já são detentores de vasto
patrimônio físico e de polpudos salários. A medida do ter não enche, porém, a
justiça pode encher cadeias.
(Escrito por Domingos Sávio Maximiano
Roberto, em 20 de dezembro de 2019).
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