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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





MIGUEL LUCENA FILHO nasceu em Princesa, em 05 de março de 1966, filho de Miguel Vicente de Lucena e de dona Emília Florentino de Lucena fez seus estudos primários e secundários em Princesa. Transferiu-se para João Pessoa onde estudou o curso médio no Liceu Paraibano e fez vestibular para o curso de Direito. Aprovado, formou-se em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da UFPB – Universidade Federal da Paraíba. Na qualidade de advogado, ascendeu ao cargo de Delegado de Polícia Civil - através de concurso -, no Distrito Federal, onde trabalha até a presente data. Em Brasília, Lucena presidiu a Companhia de Planejamento do Distrito Federal em 2011; foi Subsecretário de Segurança Pública do DF; delegado-chefe do Paranoá e Lago Sul e diretor de Assuntos estratégicos e de Comunicação da Polícia Civil. Em 2014, foi candidato a deputado federal em Brasília, empreitada em que não logrou êxito eleitoral quando obteve 4.243 votos, insuficientes, portanto, para a eleição.

O jornalista

Miguel Lucena - em que pese ser operador do Direito -, não se furtou de adentrar na seara do jornalismo. Inteligente e afeito ao hábito da leitura e da escrita – o que está contido no DNA da família, uma vez que, mais dois de seus irmãos (Sebastião e Edmilson) são também militantes do jornalismo -, logo ao chegar à capital paraibana, fez-se contumaz frequentador das redações dos principais jornais de João Pessoa, chegando a ser redator dos periódicos: “O Norte”; “A União” e do ”Diário da Borborema” em Campina Grande/PB. Casado com a então deputada estadual à Assembleia Legislativa da Bahia, Maria José, transferiu-se para a cidade de Salvador, onde ingressou também no mundo do jornalismo, quando foi redator do jornal baiano “Correio da Bahia”; repórter de “A Tarde”; editor especial do jornal “Tribuna da Bahia” e correspondente do jornal paulista “Folha de São Paulo”. Sua influência no jornalismo transpôs fronteiras quando, em 2006, coordenou a reforma do “Jornal de Angola”, na África. Foi diretor dos Sindicatos dos Jornalistas da Paraíba e da Bahia; da Federação Nacional dos Jornalistas e da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil.

Poeta e cordelista

Desde muito jovem, Miguel Lucena Filho demonstrou pendores para a arte da poesia. Regionalista que é logo se apresentou como cordelista competente.  De tudo que via ou ouvia, fazia um verso. Detentor de grande presença de espírito sempre teve facilidade para rimar com coisas engraçadas. Convencido de sua vocação para o fazimento de rimas, “Miguezim de Princesa”, como se autodenomina – o que se tornou seu nome artístico – adentrou com força no campo da poesia. Seus escritos são festejados e lhe proporcionaram ser agraciado com vários prêmios literários importantes. São de sua autoria os seguintes livros de poemas: “Verso Menino” e “Guerra da Perdição: A Revolta de Princesa”. Na modalidade “Cordel”, Miguezim produziu o premiado “Para gostar de ler”, que foi vencedor, em 2011, do Prêmio Nacional de Literatura Popular “Patativa do Assaré”, do Ministério da Cultura. Seus cordéis abordam, em sua maioria, temas afetos a acontecimentos políticos e sociais. Atualmente, é colunista do “Diário do Poder” (www.diariodopoder.com.br), site dirigido pelo jornalista Cláudio Humberto Rosa e Silva, em parceria com Carlos Chagas, ambos, jornalistas de alto conceito no cenário nacional. Alguns cordéis de Miguel Lucena Filho foram traduzidos para o idioma inglês e são hoje estudados no Trinity College e na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos da América. O cordel “A Vingança do Berimbau” virou tema de livro publicado pelo escritor norte-americano Eric A. Galm: “The Berimbau: Soul of Brazilian Music”.

Alguns versos

De recentíssima produção, apresento aqui alguns versos produzidos por Miguezim, o que atesta seu amor por Princesa quando, antenado com o que aqui acontece, faz das coisas da terra cabedal que lhe serve de constante inspiração:

O DUELO DE ZÉ POTOCA COM JOÃO TRANGUELO
Miguezim de Princesa
I
Eu conheci Zé Potoca
Desde que ele nasceu:
Foi dar um chute num coco,
O meio da perna torceu,
Ainda hoje ele manca
Daquele chute que deu.
II
O famoso João Tranguelo
Se criou dentro do mato:
Sempre metido a valente,
Treinava tiro em sapato
E aprendeu os pantins
Com o mestre Mané Gato.
III
Tranguelo uma vez passou
Por dentro de uma fechadura.
Quando Thiago atrasou
Salário na prefeitura,
Ele tomou uma cachaça
Com bunda de tanajura.
IV
Zé Potoca pegou gosto
Pelas festas de terreiro,
Depois que chupou tubiba
Em Carmélia Fogueteiro,
E faz festa de São João
Vestido de cangaceiro.
V
Os dois agora disputam,
Por cima do parapeito,
Dentro da casa de Terto,
Onde tem quenga de eito,
Para ver quem é dos dois
Que mais fala do prefeito.
VI
Pegaram uma briga da feia,
Usando o pé e a mão,
Caíram dentro do mato
Por cima do cansanção,
Potoca deu em Tranguelo
Com uma banda seca de pão.
VII
Chegaram os rabos de couro
Tentando a briga apartar,
Se achegaram os bocas pretas
Para proveito tirar:
- Me acuda, Dr Aledson,
Que ninguém quer me pagar!
VIII
Zé Potoca deu um grito:
Quase que mato o socó!
Se o prefeito não pagar,
Com ele eu faço “pió”,
Vou fazer ele mamar
Na doida de um peito só!
IX
O assessor do prefeito
Chegou pra comunicar
Que Potoca faz seis meses
Que está sem trabalhar
E quer receber na marra,
Pra beber e farrear.
X
João Tranguelo, de Princesa,
Que era um homem valente,
Perdeu dois dentes na briga,
Está manso, mas insolente:
Foi dizer a Dominguinho
Que depois quer um carguinho
Que dê pra botar os dentes.

Amante de Princesa

Mesmo vivendo fora há muito tempo, Miguelzinho – como o chamamos em Princesa -não perde oportunidade de visitar sua terra. Quando não pode aqui estar, sempre divulga as coisas de seu torrão natal e, quando perguntado onde nasceu, empertiga-se e diz com orgulho: “sou de Princesa!”. Pela sua significante e profícua produção literária e pelos importantes cargos ocupados lá fora, está Miguel Lucena Filho, merecedor de ser laureado como um filho ilustre de Princesa e ser inscrito na galeria dos homenageados nesse trabalho antológico.

(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 12 de dezembro de 2019).

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