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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

PERFIS DE PRINCESENSES ILUSTRES





JOSÉ FERREIRA DIAS

JOSÉ FERREIRA DIAS, mais conhecido como “Ferreirão”, nasceu em 1895 numa fazenda pertencente ao seu pai, localizada próximo ao então Distrito de São José (atual município de São José de Princesa). Era filho de João Ferreira Costa e de dona Rosalina Dias Ferreira. Tinha quatro irmãos: Luiz; Manoel; Rita e Rufina. Casou-se com dona Luísa Ferreira e não teve filhos naturais. Após alguns anos de casado, adotou um menino de nome Ribamar e criou também uma sobrinha-neta chamada Luisinha. Ribamar faleceu precocemente, vítima de um acidente quando caiu de uma cancela, bateu a cabeça numa pedra e morreu aos 15 anos de idade. Luisinha ainda vive. Ferreirão perdeu a mãe (vítima de cólera) quando tinha apenas seis messes de vida. O apelido de “Ferreirão” acredito, era devido à sua  alta estatura e para diferençar de um primo homônimo.

O homem

José Ferreira era um homem alto, branco, magro e muito elegante. Primava pela boa aparência quando se vestia de maneira impecável e era extremamente sociável. Malgrado ter pouca instrução formal lia e escrevia com facilidade. Alegre, feliz e brincalhão, tinha respostas para tudo. Era eclético em suas atividades. Em que pese haver nascido na Zona Rural, logo cedo saiu de lá. Sua intenção era tornar-se um citadino. Chegado a Princesa interessou-se logo pelo futebol. Amante do esporte fez-se um participante ativo, tanto no campo - jogando na posição de goleiro -, como na organização da equipe que apoiava. Concomitante com a prática do esporte futebolístico começou a trabalhar como pedreiro e, já maduro, abriu uma loja de ferragens.

O desportista e o pedreiro

Ferreirão foi um apaixonado pelos esportes, com mais intensidade ainda pelo futebol. Foi cofundador da equipe “Borborema Foot-Ball Club”. Jogava na posição de goleiro e era tido como um dos melhores. Além de jogar, o nosso biografado, era um grande incentivador do esporte, quando organizava campeonatos e torneios, no mais das vezes promovendo até o financiamento desses eventos esportivos a suas expensas. O futebol era praticado nas horas vagas, pois, seu tempo era mesmo absorvido quase que totalmente com a atividade de pedreiro. Nesse ofício, Ferreirão era exímio, um ás com a colher, um verdadeiro artesão. Tanto, que logo se destacou dentre os demais profissionais dessa arte. Segundo o historiador princesense, Francisco de Carvalho Florêncio, José Ferreira Dias aprendeu o ofício de pedreiro ainda nos anos 1920, quando serviu ao exército na cidade do Recife. Porém, outras fontes nos informaram que Ferreirão tornou-se excelência na arte de construir após receber ensinamentos e instruções de um princesense que era profissional da construção e que morara por algum tempo na cidade de São Paulo, chamado Mestre Abílio Ferreira. No ofício de pedreiro, Ferreirão era auxiliado por dois primos que atendiam pelos nomes de Manoel Ferreira Neto e José Ferreira Sobrinho (Ferreirinha). O nosso biografado era tão competente na arte de construir que logo se tornou um Mestre de Obras. Foi sob o seu comando e o de sua colher, juntamente com os primos pedreiros, que foram erigidos vários prédios importantes e imponentes, tanto em Princesa, como em outras cidades vizinhas no estado de Pernambuco: Triunfo; Carnaíba; Afogados da Ingazeira e em algumas cidades do estado do Rio Grande do Norte. Em Princesa, ele construiu o prédio do Grupo Escolar “Gama e Melo” e o Palacete dos “Pereiras” dentre outras obras. Foi, sem dúvida, o maior artesão da construção civil de Princesa. Suas obras, algumas ainda preservadas em sua originalidade, hoje enfeitam algumas ruas da cidade quando o refinamento de seus acabamentos nos coloca a contemplar o que há de mais belo no casario antigo da nossa urbe.

O comerciante

Com o dinheiro que ganhou como mestre de Obras, Ferreirão abriu uma loja de ferragens e materiais de construção – a primeira da cidade. Detentor de grande tino comercial prosperou em seu negócio, chegando a tornar-se um homem de posses. Mesmo assim, não abandonou a arte de construir. Convidado para dar orientações no fazimento de algumas obras na cidade de Pombal/PB, para lá partiu e, durante o período em que lá viveu, conheceu um rapaz de 15 anos de idade, por quem simpatizou imediatamente e pediu a seus pais para trazê-lo consigo para Princesa com o intuito de torná-lo seu auxiliar na loja de ferragens. Permissão concedida retornou a Princesa acompanhado do jovem, chamado Waldemar Abrantes Ferreira que, com o tempo, tornou-se seu filho adotivo. Pela competência e desenvoltura com as coisas do comércio, Waldemar se tornou gerente da loja e, depois, herdeiro do negócio através da compra do estabelecimento comercial. Ferreirão, além de desportista, pedreiro e comerciante, ainda achou tempo para se dedicar a mais uma atividade: abriu uma sala de cinema na cidade e mantinha também uma pequena casa de jogos de azar: baralho, dominó, etc. Era um faz tudo, um cuida de tudo.

O fim

Já com mais de 60 anos de idade, ficou viúvo e perdeu o ânimo para as coisas. Após a venda de sua loja ao gerente Waldemar, passava a maior parte de seu tempo dentro de casa como que desinteressado pelas coisas exteriores. Com isso, foi definhando e contraiu um mal que lhe prendeu ao leito por alguns meses, vindo a falecer em 1967, aos 72 anos de idade. Esse cidadão princesense, que participou ativamente da vida do nosso município quando, nas várias atividades que exerceu, promoveu a alegria, a arte, o lazer e o desenvolvimento da cidade e que já empresta seu nome a uma das Ruas de Princesa, está a merecer esta homenagem através deste sucinto Perfil Biográfico, o que o coloca apto a figurar na galeria dos homens ilustres de Princesa.


(Escrito por Domingos Sávio Maximiano Roberto, em 19 de dezembro de 2019).

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