A campanha de desinformação promovida pelo presidente da República quanto ao isolamento social imposto pelo Ministério da Saúde, para evitar a disseminação do contágio pelo Coronavírus, depõe contra a segurança de saúde dos brasileiros. O que se nos depara é algo nunca visto. A OMS – Organização Mundial de Saúde orientou e o Ministério da Saúde acatou a prática do isolamento social sob a alegação de que esse recolhimento domiciliar seria fundamental para evitar uma disseminação generalizada e descontrolada da contaminação pelo Coronavírus. É claro que o acatamento dessa orientação, por parte do Ministério, teve a autorização do senhor presidente da República ou, no mínimo seu conhecimento. Agora, instala-se o “samba do crioulo doido”. O ministro Mandetta diz: “Fiquem em casa”. O presidente vai pra televisão e diz: “Por que fechar escolas? O povo tem de voltar a trabalhar senão a economia vai à bancarrota”. Quem já viu isso? O chefe diz uma coisa e o subordinado diz outra? Bolsonaro, do alto de seu complexo de inferioridade (baixo clero) quer se auto afirmar em tudo sem medir as consequências. A presidência da República é para ele um brinquedo ou, no mínimo, um instrumento para vingar-se daqueles que o esnobaram no passado: em quero, posso e mando.
E Mandetta? Este, que semana passada mereceu da minha insignificante pena um artigo com o título: “Mandetta, o Gigante”, agora virou uma “gripezinha”, um “resfriadinho”. Perdeu a quadra de tornar-se maior ainda. Diante desse constrangimento público, quando foi desautorizado pelo chefe, deveria o senhor ministro ter pedido o chapéu e deixar o cargo. O apego está lhes custando muito caro, pois, agora, além de sumir da telinha, vive tecendo comentários pelas beiradas, falando em isolamento vertical, ajustando o discurso que era técnico e agora tem nuance política. O gigante virou anão? Mandetta e Paulo Guedes, as principais muletas do presidente, estão agora carcomidas do cupim oral do chefe e, talvez, além de não sustentarem mais o presidente, provavelmente não se sustentarão por muito tempo. O que vemos é o piloto do avião batendo cabeça com a tripulação. Comandante que não manda e tripulação que não obedece. Uma loucura generalizada, pois, enquanto Bolsonaro recomenda a volta do povo às ruas, os governadores dos Estados criam o “disque aglomeração”. O chefe maior defende o fim do isolamento social e os chefetes recomendam que a população fique em casa. Azar do Brasil de ter, num momento desses, um presidente maluco.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 28 DE MARÇO DE 2020).
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