Nesse tempo de Coronavírus, em que as pessoas estão confinadas em casa, com poucas coisas a fazer, para matar o tempo (o meu e o teu), resolvi dissertar sobres as coisas de um passado recente no tocante aos ofícios religiosos da Princesa de antigamente. Essa série será dividida em três artigos. Hoje, começamos escrevendo sobre as festividades que ocorriam no início do ano e o período que antecede a Quaresma. As atividades religiosas professadas em Princesa obedeciam a uma rotina imutável, em todos os dias da semana aconteciam missas desde cedo do dia e, em alguns dias era celebrada, a Eucaristia, por mais de uma vez. À noite havia a bênção do Santíssimo Sacramento que se constituía na adoração da hóstia consagrada exposta em uma custódia toda ornamentada em ouro e prata. Os serviços religiosos que não eram de rotina giravam em torno das datas comemorativas do credo católico, o que não eram poucos. Já em janeiro, comemorava-se no dia 06, a festa dos Santos Reis (Reis Magos Balthazar, Belchior e Gaspar que, guiados pela “Estrela de Belém”, levaram presentes, na forma de ouro, incenso e mirra, para o Menino-Jesus que acabara de nascer). Durante a realização da folia carnavalesca, que ocorria normalmente no mês de fevereiro, no curso dos três dias da festa de Momo, a Igreja promovia uma vigília quando os fiéis, representados pelas associações - que eram muitas: Apostolado da Oração, Pia União das Filhas de Maria, Ordem Franciscana Secular, Conferência de São Vicente de Paulo, Cruzada Eucarística, Sociedade de São José, Juventude Franciscana, dentre outras -, se postavam a adorar o Santíssimo Sacramento durante todos os três dias de Carnaval. Após a festa da Carne, na “Quarta-feira de Cinzas”, acontecia a unção das cinzas nas testas das pessoas (cinza que era o resultado da queima das palhas de coqueiros que haviam sido utilizadas nas comemorações do “Domingo de Ramos”), para que tivessem perdoados seus pecados cometidos por ocasião daquela festa profana. Acontece que os que se faziam ungir com as sagradas cinzas, eram justamente aqueles que não haviam brincado o Carnaval. Os verdadeiros pecadores passavam ao largo. Em 19 de março se comemorava, com procissão e tudo, o dia de São José. Era esse dia o limite para o início do “inverno”. Se não chovesse até o dia 19, o ano seria “ruim de inverno” e as esperanças dos agricultores iam por terra.A partir da década de 1980 foi resgatada uma data da qual ninguém tinha conhecimento: 26 de abril, dia de Nossa Senhora do Bom Conselho, a padroeira de Princesa. Até então, ninguém sabia que esse dia era consagrado à virgem com essa denominação. Criou-se um feriado municipal para comemorar nada, pois, a festa da padroeira continua sendo realizada, com cerimônias solenes, na última semana do ano com seu ápice no dia 1º de janeiro.
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 25 DE MARÇO DE 2020).
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