“SEU MUSA” E A JUNTA DE BOIS
Terminada a campanha eleitoral de 1968, em que o candidato da ARENA, doutor Antônio Nominando Diniz,derrotou os dois candidatos do MDB, Joaquim Mariano e Miguel Rodrigues (chamados, durante todo o pleito, pejorativamente, de “Junta de Bois”), este último, homem trabalhador e de temperamento cordato, ficou em terceiro lugar na disputa - há quem diga que foi desta feita que faliu sua loja de tecidos. Vendo Miguel não ser essa a sua praia, abandonou a atividade política e continuou como comerciante, mudando de ramo, passando a ser vendedor de farinha de trigo e não adentrando jamais na seara eleitoral. Fechadas as urnas, Miguel, ainda sentido pela fragorosa derrota eleitoral, lhe restou o consolo de dedicar-se ao trabalho. Poucos dias após a eleição, estando, Miguel Rodrigues, sentado ao seu birô com aspecto pensativo, seu empregado, um negro velho que lhe servia há muito tempo, conhecido por “seu” Musa, querendo ser solidário com o chefe e por demais sincero, disparou:
- “É isso mêrmo seu Migué, tem de se confoimá. O danado é que um só derrubô os dois. Também... com essa história de ‘Junta de Boi’, os dois encangado, né?”
Irritado com a ousadia do empregado em seu comentário despretensioso, mas, irônico, Miguel Rodrigues admoestou “seu” Musa, dizendo:
- Musa, deixe de conversa besta e vá trabalhar!
(EXTRAÍDO DO LIVRO: PRINCESA – HISTÓRIA E VOTO, ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 25 DE MARÇO DE 2020).
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