Eu não consigo aceitar a não utilização da hidroxicloroquina, associada a um antibiótico das vias aéreas e nos primeiros sintomas da doença viral que está aí. Caso eu seja acometido partirei para o tratamento, independentemente do conhecimento de um traumatologista acerca de algo que nada tem a ver com ele. Um traumatologista sabe tanto de epidemiologia, fisiologia, progressão viral, desobstrução das vias respiratórias acometidas por patógenos etc., quanto eu sei de navegação náutica. Ou seja: nada! Como a minha vida pertence a mim, até que eu saiba, compartilhada com os meus entes queridos, serei eu a decidir sobre ela. O vírus é como o pires. Ambos não se flexionam no plural. Ocorre que o primeiro só aparece em múltiplos e se multiplicam em escalas geométricas plúrimas. Já com o pires não ocorre essa complexidade matemática. Daí porque ser, no mínimo estúpido, que eu espere que uma doença se espalhe no meu organismo para depois disso curá-la. Alguém sabe como fazer um acordo com vírus, quer o bicho esteja no singular ou no plural, pedindo que ele espere por um remedinho? Ademais, um indivíduo provido do mínimo de inteligência entenderá que qualquer medicamento terá muito maior eficácia se aplicado em um paciente no início da doença, do que se ocorrer em um corpo debilitado. E os nossos pulmões são extremamente frágeis quando agredidos por vírus obstrutivos de suas funções. Deixo os meus pulmões em paz e agora vou para a minha sanfona. Ela também necessita de ar, tal como os meus pulmões, para a emissão de notas musicais. Caso eu cometesse a loucura de jogar água nos foles de minha sanfona (o que não vou fazer) todas as notas musicais sairiam de tom. Ou seja, a água que é essencial à nossa vida, seria um vírus desafinador para o meu instrumento musical. Seria a Sanfonid-20 (por falta de outro termo inventei essa malandragem linguística agora). O ministro Mandeta entende que a taquicardia, e outras possíveis reações adversas (não disse quantas e quais) poderiam acometer as pessoas que fizessem uso da hidroxicloroquina. Poderiam! Observem o verbo traindo a sentença do traumatologista. Os verbos, quando postos no futuro do pretérito, servem para tudo e para nada ao mesmo tempo, quando em se tratando de fatos concretos. O futuro do passado, no caso de Mandeta, significa afirmar, parodiando uma brincadeira antiga: "O passado não tem nenhum futuro." O mais estranho em tudo isso é o fato certo e histórico que a droga já é utilizada no Brasil há mais de setenta anos, inclusive como medicamento preventivo contra a malária. Trata-se de um fato. Na contramão de um fato há um Mandeta tratando a medicina no tempo verbal das possibilidades abstratas e sempre no futuro do pretérito "poderia". E enquanto Mandeta poderia pra cá, poderia pra lá, o vírus pode, no presente do indicativo, e poderá, no futuro do presente. E há mais: o tratamento, acima descrito, já está sendo testado por pesquisadores e médicos da USP, com alta taxa de sucesso. E enquanto isso Mandeta briga com os tempos verbais e coloca a vida, dos outros, na rota do vírus. Qual será o verdadeiro motivo que o fez apostar nesse jogo suicida? Em breve saberemos a resposta. De minha parte entendo que diante da ausência de cão caçador, caça-se com gato, e não havendo gato caça-se com rato. E a hidroxicloroquina jamais poderia ser um rato nessa caçada. Não há ratos que perdurem por mais de setenta anos de vida e com inegável eficiência curativa.
Wellington Marques Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário