Na esteira da crise política porque passa o país, provocada pela demissão do Diretor Geral da Polícia Federal sem a concordância do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, um comentarista político comparou os agora ex-ministros, Mandetta e Moro, às duas torres gêmeas do World Trade Center. Ou seja, dois dos mais competentes ministros do governo Bolsonaro, saem por incompatibilidade com o chefe do Poder Executivo. A saída do ministro Moro foi forçada pelo presidente da República uma vez que Bolsonaro deseja interferir na Polícia Federal, o que foi dito pelo próprio ministro demissionário quando este afirmou que Bolsonaro deseja um Diretor Geral da Polícia Federal com quem ele possa se comunicar e que lhe forneça relatórios sobre as investigação. Onde já se viu isso, o presidente da República querer controlar os trabalhos da Polícia Federal Nem nos governos do PT isso aconteceu. Nos tempos de Lula e de Dilma, a PF trabalhava com total autonomia, sem interferência alguma. A gravidade da situação se exacerba quando se sabe que o presidente Bolsonaro tem seus filhos sendo investigados pela PF, seja por conta de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, possivelmente comandada pelo filho Flávio Bolsonaro; seja pela criação de Fake News com o intuito de destruir reputações, uma milícia digital, coordenada no chamado “gabinete do ódio” que é comandado pelo filho Carlos Bolsonaro; seja pelas suspeitas de participação de outro filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, na organização das manifestações antidemocráticas ocorridas no último domingo; enfim, dá-se a entender que Bolsonaro sacrifica o trabalho competente de Sergio Moro - a quem deu “carta branca” quando de sua nomeação - em benefício da preservação das ações de seus garotos.
Mudança de rumo
Isolado politicamente por conta de suas posições arrogantes e irresponsáveis, o presidente da República, sem rumo, procura agora uma base no Congresso Nacional para preservar seu mandato e outra base na Polícia Federal para preservar seus filhos das investigações acima citadas. Tudo isso tem o condão de prestar grande desserviço à nação, principalmente, neste momento em que atravessamos a grave Pandemia do Coronavírus. Na verdade, estabilidade não combina com o presidente Bolsonaro. A saída do ex-ministro Moro causará grande reboliço político, pois, em sua fala de despedida, ele [o ministro] fez revelações sobre falas do presidente da República que se constituem crimes de responsabilidade. Primeiro quando afirmou que o presidente quer um Diretor Geral da PF que ele [o presidente] possa controlar e, segundo, quando Sergio Moro afirmou que a assinatura aposta no Decreto de demissão do ex-diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, não é a sua. Na verdade, quem manda nesse governo é um núcleo ideológico que alimenta um núcleo familiar que em nada tem servido ao Brasil.Bolsonaro sucumbiu à velha política. Estabelecida a crise, após a fala de Moro, o presidente deve dar, imediatamente, satisfações à nação. Em plena crise de saúde que se agrava a cada dia, durmamos com um barulho desses!
(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANNO ROBERTO, EM 24 DE ABRIL DE 2020)
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