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segunda-feira, 25 de maio de 2020

90 ANOS DA GUERRA DE PRINCESA – CRONOLOGIA DE UM CONFLITO GEOGRAFIA DA GUERRA






A Guerra de Princesa começou no dia 28 de fevereiro de 1930 e terminou em 26 de julho do mesmo ano quando do assassinato do presidente João Pessoa. Durante aquele conflito, o município de Princesa era formado por vários distritos, alguns até bem mais antigos do que o distrito da sede. Eram as seguintes as localidades que formavam o então “Território Livre de Princeza”: Tavares; Juru; Belém; Patos (atual Patos de Irerê); Alagoa Nova (atual Manaíra); São José (atual São José de Princesa) e Pelo Sinal. Água Branca, naquela época, era distrito do município de Piancó, passando a pertencer a Princesa somente a partir de 31 de março de 1938. Patos, Belém e São José eram povoações bem mais antigas do que a sede Princesa, que antes chamava-se Perdição, depois, Bom Conselho. Durante a revolta armada do coronel José Pereira Lima contra o presidente da Parahyba, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, várias lutas se desenvolveram em solo princesense, porém, jamais a polícia paraibana alcançou a sede do município. Lutas ferozes ocorreram em Alagoa Nova, em São José, em Patos e em Tavares. A única localidade do município que foi efetivamente ocupada pela polícia foi esta última, onde as tropas de João Pessoa permaneceram sitiadas durante longos quatro meses. As refregas ocorridas em Alagoa Nova deixaram um saldo empatado, quando a polícia saiu vencedora na primeira batalha, mas depois, pela ação dos “Libertadores de Princeza”, teve de recuar para o sítio Cajueiro. Em Patos, a polícia invadiu aquele povoado, fez mulheres reféns, mas foi rechaçada pelos cabras de Zé Pereira, numa vitória que deixou um saldo de vários soldados mortos. Em São José, os homens do coronel enfrentaram pequeno contingente da polícia paraibana e, em rápida luta, obtiveram êxito, evitando a ocupação daquele arruado. A luta mais violenta se deu em Tavares que foi ocupada pela polícia, ocasião em que os “Libertadores de Princeza” sofreram pesadas baixas. Porém, mesmo expulsos do distrito tavarense, os homens do coronel não se deram por vencidos. Se reagruparam e promoveram um cerco ao distrito de Tavares que durou até o final daquela guerra civil. O cerco foi de uma ferocidade sem par, pois, os soldados de João Pessoa ficaram sem comunicação e, já no final da guerra, desprovidos de munições e de meios para se alimentar e beber água. Na verdade, a vitória da polícia na ocupação de Tavares, foi uma vitória de pirro. Mesmo sem pertencer ainda ao município de Princesa, o distrito de Água Branca foi palco de uma importante vitória dos homens do coronel Zé Pereira. Foi ali que foi interceptada a chamada “Coluna da Vitória”, uma formação de oito caminhões, recheados de soldados, armas e munições, enviados pelo presidente João Pessoa - comandados por um catimbozeiro -, para invadir Princesa.Seria esse o último esforço de guerra do presidente paraibano, que já exaurido de meios financeiros e de forças, viu cair por terra sua intenção de ocupar a cidadela rebelada. Os cabras de Zé Pereira - liderados por Marcolino Florentino de Diniz (O “Cabôco” Marcolino) e por Luís do Triângulo -, de surpresa, fizeram uma tocaia surpreendendo o comboio, que foi desbaratado causando várias baixas na polícia paraibana e explosões que acabaram com toda a munição, danificando quase todos os fuzis e rifles que conduziam. Foi essa a vitória final de Zé Pereira naquele conflito e o golpe de misericórdia na polícia paraibana que, a partir daí, manteve apenas a ocupação sitiada de Tavares, até o final da guerra quando do assassinato de João Pessoa em Recife. Afora as lutas ocorridas no âmbito do município princesense, algumas refregas de menor monta aconteceram em municípios do sertão paraibano, a exemplo de lutas entre a polícia e homens de Zé Pereira nas localidades de São José de Piranhas, Santana dos Garrotes, Nova Olinda, dentre outros distritos.


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 25 DE MAIO DE 2020).

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