Nos últimos 70 anos o Brasil teve apenas três presidentes da
República - eleitos pelo voto popular -, que começaram e terminaram seus
mandatos sem nenhum problema; que cumpriram integralmente o desiderato
concedido pelo povo. Isso demonstra a instabilidade da nossa democracia que,
vez por outra é interrompida pela irresponsabilidade dos eleitos para cumprir o
mandato presidencial. De 1950 para cá, somente Juscelino Kubitschek de
Oliveira; Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva cumpriram seus
mandatos sem nenhum entrevero. Rememorando a história, tivemos Getúlio
Dornelles Vargas, eleito em 1950 que pressionado por acusações de corrupção,
cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Com sua morte, assumiu o
vice-presidente, João Fernandes Campos Café Filho que, conspirando para impedir
a posse do presidente-eleito Juscelino Kubitschek, foi deposto pelo Exército.
Em 25 de agosto de 1961, Jânio da Silva Quadros, com apenas sete meses de
mandato, renunciou ao cargo alegando estar impedido de governar pressionado por
“Forças Ocultas”. A saída de Quadros deu lugar ao vice-presidente João Belchior
Marques Goulart que, simpatizante dos segmentos de esquerda, desagradou às
Forças Armadas e foi também deposto dando lugar à instalação da ditadura
militar. Com a redemocratização, foi eleito, pelo voto popular, em 15 de
novembro de 1989, Fernando Affonso Collor de Mello que, após um processo de impeachment, acusado de corrupção foi destituído do cargo em 29 de
dezembro de 1992. Em 2010, foi eleita a primeira mulher para o cargo de
Presidente da República, Dilma Vana Rousseff. Reeleita em 2014 e totalmente
impossibilitada de governar por incompetência política, foi também destituída
do cargo por igual processo de impeachment
em 31 de agosto de 2016. A exceção de Getúlio Vargas, todos os presidentes
acima elencados, perderam seus mandatos por motivo da incapacidade de lidar com
os demais poderes da República e, alguns deles, por não estarem preparados para
aquela alta magistratura. O que vemos hoje, com relação ao presidente Jair
Messias Bolsonaro, é um chefe de governo completamente desantenado (ou
desatinado) com as coisas da democracia, incapaz de conviver harmonicamente com
os demais poderes da República, completamente isolado politicamente ao ponto de
ter de reinstituir o balcão de negócios para viabilizar sua administração,
porém, tudo isso, movido por extrema arrogância, o que o faz equilibrar-se numa
perigosa corda bamba. Será que sobreviverá ao fatídico mês de agosto?
(ESCRITO POR DOMINGOS
SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 08 DE MAIO DE 2020).
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