ODE

sexta-feira, 8 de maio de 2020

BOLSONARO NA CORDA BAMBA




Nos últimos 70 anos o Brasil teve apenas três presidentes da República - eleitos pelo voto popular -, que começaram e terminaram seus mandatos sem nenhum problema; que cumpriram integralmente o desiderato concedido pelo povo. Isso demonstra a instabilidade da nossa democracia que, vez por outra é interrompida pela irresponsabilidade dos eleitos para cumprir o mandato presidencial. De 1950 para cá, somente Juscelino Kubitschek de Oliveira; Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva cumpriram seus mandatos sem nenhum entrevero. Rememorando a história, tivemos Getúlio Dornelles Vargas, eleito em 1950 que pressionado por acusações de corrupção, cometeu suicídio em 24 de agosto de 1954. Com sua morte, assumiu o vice-presidente, João Fernandes Campos Café Filho que, conspirando para impedir a posse do presidente-eleito Juscelino Kubitschek, foi deposto pelo Exército. Em 25 de agosto de 1961, Jânio da Silva Quadros, com apenas sete meses de mandato, renunciou ao cargo alegando estar impedido de governar pressionado por “Forças Ocultas”. A saída de Quadros deu lugar ao vice-presidente João Belchior Marques Goulart que, simpatizante dos segmentos de esquerda, desagradou às Forças Armadas e foi também deposto dando lugar à instalação da ditadura militar. Com a redemocratização, foi eleito, pelo voto popular, em 15 de novembro de 1989, Fernando Affonso Collor de Mello que, após um processo de impeachment, acusado de corrupção foi destituído do cargo em 29 de dezembro de 1992. Em 2010, foi eleita a primeira mulher para o cargo de Presidente da República, Dilma Vana Rousseff. Reeleita em 2014 e totalmente impossibilitada de governar por incompetência política, foi também destituída do cargo por igual processo de impeachment em 31 de agosto de 2016. A exceção de Getúlio Vargas, todos os presidentes acima elencados, perderam seus mandatos por motivo da incapacidade de lidar com os demais poderes da República e, alguns deles, por não estarem preparados para aquela alta magistratura. O que vemos hoje, com relação ao presidente Jair Messias Bolsonaro, é um chefe de governo completamente desantenado (ou desatinado) com as coisas da democracia, incapaz de conviver harmonicamente com os demais poderes da República, completamente isolado politicamente ao ponto de ter de reinstituir o balcão de negócios para viabilizar sua administração, porém, tudo isso, movido por extrema arrogância, o que o faz equilibrar-se numa perigosa corda bamba. Será que sobreviverá ao fatídico mês de agosto?


(ESCRITO POR DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 08 DE MAIO DE 2020).

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