No início da noite do dia 26 de julho de 1930, o coronel José Pereira, reunido em sua residência, na companhia de seu jovem secretário particular, José Pereira Cardoso e dos amigos fieis, José Frazão de Medeiros Lima, Manoel Medeiros, Benedito Sitônio, Marcolino Florentino Diniz, Manoel Rodrigues Sinhô e Sinhô Salviano, surpreendeu-se com a intempestiva entrada em sua sala de estar do telegrafista, Richomer Barros, com um papel na mão. Ao botar o pé na sala, Richomer foi logo dizendo: “Mataram João Pessoa!”. O Coronel tomou-lhe o papel das mãos e começou a lê-lo. Era um telegrama, expedido da capital pernambucana, da parte de seu amigo, o industrial João Pessoa de Queiroz, dando conta do assassinato do presidente paraibano, ocorrido na tarde daquele dia, na Confeitaria Glória, no centro do Recife. O crime, perpetrado pelo advogado João Duarte Dantas, àquela altura, já abalava todo o País. Ainda lendo o telegrama, Zé Pereira escutou de alguns dos circunstantes, em incontida alegria, que haviam ganhado a guerra. Levantando os olhos do papel, o Coronel exclamou: “Perdemos a luta”. Segundo o escritor paraibano, José Joffily, em seu livro: Revolta e Revolução – Cinquenta Anos Depois” p.p. 235;
“Por trás da concisa exclamação de José Pereira havia certamente uma outra: ‘graças a Deus!’. Sim, porque estavam exauridas as energias dos contendores. Os arsenais esgotados, os armazéns vazios e os homens extenuados. Pior de tudo: nos cofres só uns trocadinhos...”.
Arguto e intuitivo, o coronel José Pereira sabia que, muitas vezes a morte – mais do que a vida - tem o condão de modificar as coisas. A morte de João Pessoa, que para muitos poderia significar a vitória dos que se rebelaram contra o governo da Paraíba, pelo contrário, lavrou a sentença de morte da República Velha, ascendeu os Liberais ao topo do poder e pôs os perrepistas em dificílima situação. O feitiço virou por cima do feiticeiro.Diante dessa trágica notícia, Zé Pereira determinou o fim das hostilidades. Mandou que se recolhessem, todos os seus homens, à Capital do Território Livre, permanecendo apenas, nas mesmas posições, aqueles que mantinham o Distrito de Tavares sitiado. Orientou aos comandantes de turmas que aguardassem novas ordens, e que permanecessem de prontidão em defesa da cidade, e que só tomassem iniciativa bélica em defesa da população princesense. A Guerra de Princesa acabou nesse dia. Mesmo em estado de alerta, a partir daí, ninguém disparou um tiro sequer. A pacificação total, só ocorreria no mês seguinte, com a chegada das tropas federais.
DSMR, EM 28 DE JULHO DE 2020.
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