ODE

quarta-feira, 29 de julho de 2020

UM SERTANEJO VALENTE



Lembro de meu pai suado
Quando chegava da roça
Pele queimada, mão grossa
O corpo muito cansado.
Botava as tralhas de lado
Ficava um pouco esperando
O corpo ali resfriando
Sentado na preguiçosa,
Fumando e soltando prosa
E muitas vezes cantando.

O sol ia castigando
Esse sertão sofredor
Mas ele com destemor
Seguia ali trabalhando.
O ano inteiro teimando
Mostrando a sua bravura
Com muita desenvoltura
Seguia no seu sertão,
Cuidando da criação
E firme na agricultura.

Essa era sua cultura
Vem de seus antepassados
Homens de bem, renomados
Zelosos na sua postura.
Se a vida seguia dura
Por causa duma estiagem
Que castigava a paisagem
Papai nunca reclamava,
Pois o seu peito estrondava
De muita fé e coragem.

Seguindo nessa linhagem
Papai era destemido
De natureza, polido
Refinado na linguagem.
Carregava na bagagem
Saber e honestidade
Bravura, sinceridade
Um caráter inabalável,
Além de tudo era amável
E um amigo de verdade.

Na nave dessa saudade
Papai é o comandante
Sinto ele a todo instante
Com sua suavidade.
Mesmo da eternidade
Sinto ele muito forte
Pois nunca temeu a morte
E assim eu fiquei sabendo
Que até ele morrendo
Ele ia ser o meu norte.

Rena Bezerra
28/07/20

2 comentários:

  1. Muito bom meu amigo poeta!
    A rima ficou bonita e verdadeira.
    Todos que conheceram Edilson Bezerra, testemunham que foi um grande homem.

    ResponderExcluir
  2. Sentimentos muito bem contados em forma de poemas!

    ResponderExcluir