PRINCESA ACÉFALA
Fotos: acervo do ex-deputado Aloysio Pereira
Deflagrada a Guerra de Princesa, em 28 de fevereiro de 1930, ainda
no começo do mês de março daquele ano, o presidente João Pessoa evacuou de
Princesa todo o staff de funcionários
públicos. Exonerou o prefeito e o vice-prefeito, José Frazão de Medeiros Lima e
Glycério Florentino Diniz, respectivamente e, estranhamente, não nomeou
substitutos para estes, deixando a cidade acéfala. Na verdade, foi este um
contributo de João Pessoa, para que o coronel José Pereira Lima, decretasse,
mais tarde, a separação do município rebelado do contexto do Estado, quando este
proclamou, através do Decreto nº 01 de 09 de junho de 1930, o “Território Livre
de Princesa”. É claro que quem sempre comandou a administração do município,
foi o Coronel, através de prepostos (prefeitos nomeados), porém, não se
justifica a atitude do Governo, quando deixou de cumprir uma prerrogativa
constitucional, deixando um ente sem representação administrativa, o que, de certa
forma, dava legitimidade ao novo comando estabelecido por Zé Pereira, quando
determinou, este, que o município seria gerido por uma junta governativa,
formada por ele próprio e por mais dois representantes de sua confiança (um
deles o prefeito exonerado). Princesa
ficou sem governante oficial, desde o início de março até o dia 10 de outubro
daquele ano.
Conivência federal
Essa situação teve também, de forma indireta, as bênçãos do
Catete, pois, além da recusa do presidente, Washington Luís, em decretar a
intervenção no estado da Paraíba, para restabelecer a ordem, ajudou
indiretamente, quando fez vistas grossas ao movimento sedicioso liderado por Zé
Pereira. Outra conivência com a situação se verifica quando da intervenção do
Exército, depois do assassinato do presidente João Pessoa, os oficiais daquela
força, comandados pelo capitão João Facó, se estabeleceram em Princesa,
juntamente com suas famílias, sob os auspícios do Coronel, que providenciou
moradias decentes para todos, chegando, inclusive, a ser padrinho de um dos
filhos de um daqueles oficiais. Essa interação entre o Coronel e os oficiais da
Força Federal dava, portanto, um amparo legal à situação. Nem mesmo quando da
assunção do vice-presidente, Álvaro de Carvalho, ao cargo de presidente do
Estado, em substituição ao presidente assassinado, aquele nomeou um prefeito
para Princesa. Ao invés disso, sob a batuta de José Américo de Almeida,
despachou para o município, um contingente de 350 soldados, sob o comando do coronel
Emérson Benjamin, para ocupar a cidade rebelada. A situação só veio se
normalizar com a vitória do movimento revolucionário, em outubro de 1930,
quando os comandantes da Revolução ofereceram o cargo de prefeito ao
princesense, Alcides Vieira Carneiro que, por motivos óbvios – em que pese
aliancista de primeira linha, era amigo e afilhado do coronel José Pereira -,
não aceitou. Recaiu a nova escolha na pessoa do cidadão Nominando Muniz Diniz,
que aceitou o cargo de prefeito e passou a comandar o município obedecendo às
diretrizes traçadas pelo novo presidente, Antenor Navarro e pelo manda-chuva
José Américo de Almeida.
DSMR, EM 31 DE AGOSTO DE 2020.
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