CÍCERO MARROCOS E O COMÍCIO EM SÃO JOSÉ
Campanha eleitoral de 1968. Concorriam: Antônio Nominando Diniz, pela ARENA e, Miguel Rodrigues Lima e Joaquim Mariano, pelo MDB1 e MDB2, respectivamente. Vários comícios eram realizados, tanto na sede do município, como nos Distritos e Povoados. Num comício realizado no Povoado de São José, a expectativa era a fala de Cícero Marrocos. Fiel escudeiro do coronel Zé Pereira em 1930, Marrocos, era homem corajoso e dono de palavra fácil. Seu estilo de discursar era conhecido pela loquacidade violenta e pelos ataques desferidos contra seus adversários políticos. Impetuoso e destemido, exercia com veemência a arte da oratória. Batia em Nominando sem pena e, caracterizou-se tanto em seu estilo de falar, que foi alcunhado de: “Língua de Aço” e de “Espinha de Garganta”. Nas campanhas eleitorais, Cícero Marrocos era por demais necessário, corroborando a máxima que diz: “Para ganhar eleições, necessita-se dos exaltados, para governar, porém, esses são dispensáveis”. Nesse evento político, Marrocos falava forte, denunciando desmandos e fraudes eleitorais do grupo Diniz, provocando alguns adversários, presentes nos aceiros da rua, para que escutassem ali e fossem dizer ao velho Mano. Paulo Bento e o vereador Pajé (correligionários do orador), postados nas rebarbas da multidão que assistia ao comício, doidos para saírem sem serem vistos, com o intuito de tomarem umas lapadas de cachaça num bar próximo, abaixaram-se e tentaram afastar-se sorrateiramente. De lá de cima do palanque, o contundente orador [Cícero Marrocos], visualizou o que lhes pareceu movimento de retirada estratégica de adversários espiões e, interrompendo a carreira de sua fala, invectivou:
“Não corram, seus covardes, fiquem para escutar as verdades que tenho a dizer sobre seus chefes, amarrem no cós de suas calças, ou saias, sei lá! E levem para aqueles que dormem, as verdades dos que querem que Princesa continue acordada”.
Pajé e Paulo - correligionários que eram –, empertigaram-se para fazerem-se reconhecíveis, desistiram da carraspana e continuaram atenciosos à peroração marroquina.
DSMR, EM 16 DE SETEMBRO DE 2020.
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