ODE

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

AH SE O PAPA SEGUISSE O EXEMPLO DO BISPO...

 



Ao escutar o sermão impositivo do bispo de Patos, fui tocado por uma lembrança que há muito me incomoda. Sempre achei esquisito e às vezes imoral, que nas repartições públicas, nas casas comerciais e até nos cabarés, seja prática comum a ostentação, numa parede central ou mesmo nas cabeceiras das camas, de uma imagem do Cristo Crucificado. Observem que na Câmara dos Deputados, local onde são urdidas as maiores falcatruas, está lá o Crucifixo; nas agências bancárias, onde a usura campeia, está lá o Cristo a observar tudo. Duvido que na nave central dos cabarés, onde se dança ou se escolhe a mulher com quem se deitar, o quadro do Sagrado Coração de Jesus lá não esteja dominando o ambiente. Quando assumi a presidência da Câmara Municipal de Princesa, aboli essa prática naquela Casa, quando retirei das paredes todas as imagens sacras, inclusive o retrato de um papa. Acho que o lugar apropriado para homenagear santos é o templo, mesmo porque, em outros lugares, nem sempre há o respeito devido.

Sensibilidade Natalina

Essa prática hipócrita tem sido, ao longo do tempo, ignorada pelos chefes da Igreja Católica, como que temerosos de perder a freguesia. Tomara que um dia, o bispo de Patos ascenda ao trono de São Pedro e, como Papa, proíba isso e mais coisas que afrontam o sagrado, como o fez com as “missas de posse”.  Não bastasse o que Jesus aguenta, em sua própria casa quando, crucificado, se vê obrigado a aturar a hipocrisia que ali se pratica diariamente, tem de ser testemunha também das malandragens leigas. Vai aqui pelo menos uma recomendação: já que não querem retirá-lo das paredes, pelo menos o soltem, o retirem da cruz, deixem-no à vontade. Garanto que se assim o fizerem, ele vai embora de quase todas essas paredes. Que o sentimento do Natal dê sensibilidade aos hipócritas para que tenham mais respeito com sua fé.

DSMR, em 24 de dezembro de 2020.

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