Sabedor das práticas escusas usadas pelos políticos para a consecução de votos, dentre outros expedientes pouco republicanos que considera pecaminosos, o bispo da Diocese de Patos – à qual pertence a paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho -, dom Eraldo Bispo da Silva, na homilia da missa do último domingo, celebrada na Catedral de Patos, afirmou de forma clara e contundente em seu sermão: “No dia 1º de janeiro, não haverá missa de posse nas igrejas pertencentes à Diocese de Patos! A partir de agora, essa prática estará abolida”. Isso mesmo. O decreto do prelado abole uma prática que vinha sendo exercida há anos, quando os prefeitos e os vereadores eleitos tinham o privilégio de aboletarem-se nos bancos principais da “casa de Deus”, e assistirem ao ofício religioso solene em homenagem às suas posses nos cargos para os quais foram eleitos. Dom Eraldo foi além, quando admitiu que todos poderão comparecer à Celebração Eucarística do Ano Novo, porém, recomendou que os políticos, deverão se confessar para uma expiação de seus pecados pela compra de votos e pela corrupção.
Cai o véu da hipocrisia
O duro recado do senhor bispo foi contundente e direto. Atendo-nos a Princesa – uma das células da Diocese comandada por dom Eraldo -, parece até que o prelado é eleitor em nosso município. O sermão de dom Eraldo caiu como uma luva, colocando a carapuça na cabeça de quem de direito. É saber de todos que as eleições de Princesa foram uma das mais caras da região e a única que não acabou ainda. O decreto do bispo deveria ser extensivo à proibição do uso do nome de Deus em vão quando da prática de políticos inescrupulosos em suas falas, ou à proibição dos fariseus da política de frequentarem os templos sem se confessarem, diariamente. Esse acordar do pastor para essa prática nefasta, de usar as coisas sagradas em prol do louvor daqueles que não têm escrúpulos, presta grande serviço à moralidade, uma vez que golpeia de morte a hipocrisia dos poderosos que, invocando o nome de Deus, praticam todo tipo de crime, tanto contra a moral e os bons costumes, quanto ao uso indevido dos dinheiros públicos. No sermão do bispo, eu li nas entrelinhas, que com muito prazer, dom Eraldo permitiria sim, missas de Sétimo Dia para um bocado desses que gostam de Missas de Posse.
DSMR, em 22 de dezembro de 2020.
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