ODE

sábado, 23 de janeiro de 2021

UMA AMIZADE SINCERA NÃO TEM DINHEIRO QUE PAGUE!




Sabe daquelas pessoas

Que a gente vira fã? 

Pois sou eu com Zé de João

E com o poeta Valbam, 

E nessa sinceridade

Eu gozei dessa amizade

Nos ares dessa manhã.

Logo cedo de manhã

Eu sai pelo caminho, 

Pronto pra subir a Serra

Do nosso velho Brejinho, 

E depois mais adiante

Partir pro aconchegante

E caloroso Marinho.


Subindo devagarzinho

Ainda de manhãzinha,

Antes de chegar na terra

Da professora Mãezinha,

Naquele ar que me inspira

Visitei Tõe de Palmira

E também Dona Zefinha.


Sentindo a brisa que vinha

Conversamos a vontade,

Dona Zefinha serviu

Café com muita bondade,

Para assim dar mais sabor

E junto aquele calor

Selar a nossa amizade.


Sai na tranqüilidade

E segui na minha estrada,

Passei la por Edmilson

A casa tava fechada,

Na subida pus primeira

Subi com tudo a ladeira

Até chegar na chapada.


La da beira da estrada

Numa descampada reta,

De longe fui avistando

O ponto e fui dando seta,

Com alegria estampada

Na ponta duma calçada

Eu avistei o poeta.


Naquela paz tão completa

Naquela tranqüilidade,

Aquele clima serrano

Que deixa a gente a vontade,

O poeta me esperou

No terreiro me abraçou

Na maior felicidade.


Com toda amabilidade

Sua Loura me acolheu,

Foi logo para cozinha

Um café ofereceu,

Sem se dar nenhum trabalho

Serviu com queijo de coalho

E leite que ela ferveu.


Depois de tudo se deu

Uma conversa sadia,

O pai de Loura, seu João

Que ela visitaria,

E todos naquela sala

Escutamos sua fala

De muita sabedoria.


Eu disse a Valbam que eu ia

Subir um pouco adiante,

Visitar um outro amigo

Sem perder aquele instante,

E parti pra Zé de João

Homem de bom coração

Duma conversa empolgante.


Cheguei por la radiante

Avistei pelo terreiro,

Aquele homem pacato

Na sombra de um figueiro.

Era José Bernardino

Um sertanejo granfino

Um caboclo hospitaleiro.


Naquele papo maneiro

Sem falsidade ou desdenho,

Senti naquelas palavras

Mais um amigo que tenho,

Zé me chamou para entrar

E na cozinha provar

Dum belo mel de engenho.


Eu fiz ali um desenho

Daquela minha visita,

Que amizade inda existe

Quem a lisura credita,

E que você não desanda

Toda vez que você anda

Na casa que Deus habita.


Naquela manhã bonita

Ganhei mais experiência,

Alem de provar do mel

De Zé, de toda decência,

Zé disse:- Me acompanhe

E mandou para mamãe

Um lindo pé de Hortência.


E naquela transparência

Limpa igual água de poço,

De papos de hoje em dia

Do tempo quando era moço,

Numa obstrução discreta

Eu escutei o poeta

Me chamar para o almoço.


Sem lhe causar alvoroço

Eu me pus de prontidão,

Pois ainda me abancava

Na casa de Zé de João,

Quando eu me pus de pé

Me despedi de José

E parti em direção.


Pelo cheiro do feijão

Nós descemos dando trote,

As pedras pelo caminho

Cruzamos dando pinote,

 E na casa do poeta

A mesa tava completa

Que me inspirou nesse mote.


Tinha carne dum garrote

Que nosso aêdo matou,

Uma boa raizada

Também ali não faltou,

Arroz, salada na mesa

E depois de sobremesa

Um doce se degustou.


De nada ali não faltou

De tudo era em quantidade,

Além de tanta fartura

Sobrava hospitalidade,

E o prato mais predileto

Amor, afeição, afeto

Carinho e sinceridade.


Nutrido dessa amizade

Quero que o peito deságüe,

No bem, na felicidade

Sinceridade propague,

E diga pra quem quisera:

Uma amizade sincera

Não tem dinheiro que pague.



Poeta cordelista

Rena Bezerra

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